sábado, 7 de novembro de 2015

Visita à vinícola Paul Blanck na Alsácia

Nesta última viagem que fiz pela Europa em 2015, visitei 3 vinícolas na Alemanha e 3 na Alsácia. Meu objetivo era conhecer melhor os vinhos produzidos com a uva Riesling, principal cepa cultivada nas duas regiões, assim como saber das diferença entre os vinhos alemães e alsacianos feitos com esta mesma cepa.

Vou iniciar meu texto discorrendo sobre a vinícola que mais me marcou na viagem, tanto pela qualidade dos seus vinhos, quanto pela gentil acolhida.

Chegando na cidadela de Kientzheim-Alsácia, onde fica a adega de Paul Blanck, ficamos impressionados com a tranquilidade e beleza da cidade, com suas casinhas enxaimel (estrutura de madeira, com argamassa em volta) e com seu riozinho em meio a vila.

Tocamos a campainha na vinícola e uma senhorinha atendeu à porta e logo nos convidou a entrar, nos levando direto para a sala de degustação, muito singela. Não imaginávamos que ali tomaríamos vinhos excelentes!!!

Em seguida chegou Philippe Blanck, um homem alto e simples, praticamente um filósofo dos vinhos e da vida.


Paul nos levou ao topo de um morro, rodeado por vinhas, onde pudemos ter uma visão da região da Alsácia.

Mostrou-nos que dali podíamos ver os Alpes, a Alemanha e os Vosges, estes são montanhas que separam a Alsácia de outras regiões da França, protegendo a Alsácia do clima continental francês.

Philippe nos contou que a região, ao sul da Alsácia, é mais propensa à produção de vinhos doces, enquanto a região, ao norte, produz vinhos mais secos. Suas vinhas ficam na região central, tendendo, tanto para os vinhos secos como para os doces.

Em seguida, voltamos à cidade e fomos a uma igrejinha, onde Paul nos contou uma história da estátua de Lazare Schwendique, que se tornou famoso na região de Alsácia, mais especificamente em Colmar. Ele foi enviado para a Hungria, para lutar contra os turcos. Lazare também invadiu a fortaleza de Tokaj, na Hungria e trouxe para Alsácia o know-how do vinho Tokaji (da região nordeste da Hungria). Por este motivo Lazare ficou conhecido como o introdutor do Tokay da Alsácia. Porém sabe-se que o Tokay d'Alsace (Pinot Gris) já existia ali mesmo muito antes de Lazare.

Saimos da igrejinha e voltamos para adega onde iniciamos a degustação, que começou com um Riesling Clássico, da safra 2014. Este era um vinho com bastante fruta, tanto no nariz como na boca e com boa persistência. Paul nos falou que estes vinhos são mais conhecidos no Brasil.

Depois provamos os vinhos de Terroir.

Foi aí que começou o show de vinhos que ampliou os meus conhecimentos e a minha apreciação pelos vinhos Alsacianos. Vinhos profundos, com frutas maduras, persistência e sabores incríveis! Infelizmente eu apenas podia prová-los sem bebê-los, pois devia continuar minha viagem depois.

Provamos então o Rosenbourg Riesling 2014, juntamente com o Patergarten Riesling 2014, a fim de fazermos uma comparação entre diferentes terroirs. Foi uma experiência única e possível apenas nesta situação, pois dificilmente temos disponíveis estes vinhos juntos.

O Rosenbourg se mostrou mais fresco no nariz, com frutas cítricas e aromas de mel. Na boca ele revelou boa acidez e o sabor de especiarias.

Já o Patergarten tinha aroma de flores acentuado e um certo tostado. Ele preenchia mais a boca, com muita elegância, boa acidez e um final com leve amargor.

Philippe então nos apresentou os maravilhosos Grands Crus:


Iniciamos pelas safra 2012 do Wineck-Schlossberg Riesling, que apresentou-se mais complexo no nariz, com notas de vegetais, menta, abacaxi, gengibre e flores. Na boca apresentou frutas, e bela acidez, assim como mineralidade e longa persistência.

Provamos então o Schlossberg e o Sommerberg, Riesling 2011 para se ter uma idéia do efeito do terroir no vinho. O vinho de Schlossberg era complexo no nariz, com aromas cítricos e de jasmim. Um vinho bem equilibrado com uma acidez intensa e grande amplitude na boca. O Sommerberg provém de uvas muito antigas (1923), que produzem vinhos concentrados, com flores e cítricos no nariz, mineralidade na boca e amplitude.

Experimentamos o Furstentum Pinot Gris 2011, com o objetivo de comparar duas cepas diferentes. No nariz, as flores estavam exuberantes, assim como os aromas de caramelo e mel. Um vinho agradável com aromas de rosas e tostado, com longa persistência.

O Furstentum Gewurtztraminer 2009 revelou aromas exuberantes, muita elegância na boca, excelente acidez, mineralidade, aromas de especiarias e cítricos.

Perguntei ao Paul sobre a longevidade dos seus vinhos, ele então nos apresentou o Furstentum Riesling 96 e o Riesling Schlossberg 1979, vinhos que estavam excelentes e com grande evolução. Principalmente o 79, uma experiência magnífica, que me fez perceber como o vinho troca o frutado e floral por aromas e sabores terciários.

Depois desta maravilhosa prova de vinhos, Philippe nos convidou a almoçar no excelente restaurante “La table du Gourmet” em Riquewir, obviamente acompanhado de seus vinhos.

Agradeço muito ao Philippe Blanck, por esta experiência inesquecível! Foi muito bom provar estes vinhos e conhecer uma pessoa tão especial.

 Aproveito para agradecer também à importadora Decanter que organizou esta visita.

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