quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Viagem à região do Dão - Portugal


Outro que conheci, numa degustação em São Paulo, foi o simpático Sr. Pedro Figueiredo, proprietário da vinícola Quinta da Falorca, na região do Dão.

Como pretendia fazer uma viagem a Portugal, aproveitei para agendar uma visita à sua vinícola, no final de setembro, com o intuito de ver ali, a vindima.

Escolhi ficar hospedado na cidade de Viseu, que fica no coração da região do Dão e assim fiz.

Foto: centro de Viseu
Esta cidade nos reservou gratas surpresas, apresentando-se moderna, com boas avenidas e um Shopping Center de um tamanho e opulência, que nem parecia se adequar aquele porte de cidade.

Encontramos também em Viseu, prédios e bairros antigos muito bem conservados.

Foto: Igreja em Viseu
Aparentemente no interior de Portugal existem mais recursos disponíveis para a administração das cidades. Não vi isto nos grandes centros...

Ficamos em Viseu num hotel muito bom, entre as estreitas ruas do Centro antigo, numa excelente localização. Era um prédio também antigo, de paredes espessas, cujo restauro e reformas foram feitos de um modo cuidadoso, resultando num hotel com muito conforto.

Resolvemos visitar, no dia seguinte à nossa chegada, a famosa Serra da Estrela, onde se confecciona o também famoso queijo.

A recepcionista do hotel estimou para nós, um percurso até lá em 30 minutos, nada próximo das quase duas horas que levamos para conseguir chegar lá. Além do tempo empregado, foi preciso sobreviver ao trajeto muito sinuoso e íngreme! No caminho que percorremos até a cidade de Manteigas, encontramos situações bucólicas, como a visão de criadores de cabras passando pelo meio da estrada.


Foto: Criador de cabras no caminho da Serra da Estrela
Foi uma viagem arriscada, pois as estradas eram muito estreitas e com curvas perigosas. Por sorte, a estrada tinha pouco movimento e nesta época do ano estava sem neve.

Foto: Cidade de Manteigas
Chegando a Manteigas, cidade no coração da Serra, procuramos um centro de informações para nos orientarmos, o que foi infrutífero, pois a infra-estrutura de turismo local é muito ruim e escassa, características estas que encontramos em toda Portugal.

Sentamos então num bar e foi ali mesmo que provamos o famoso queijo, acompanhado com um delicioso vinho do porto.

A experiência foi tão boa que resolvemos comprar mais dois queijos para nos deliciarmos outras vezes.

Na volta para Viseu, perguntei por um caminho que, mesmo sendo mais longo, passasse pela divisa da Espanha, garantisse a nossa sobrevivência e levasse menos tempo para retornar.

Nesta noite jantamos num bom restaurante que ficava no centro histórico chamado "Muralhas da Sé". Lá provamos os famosos Míscaros ou cogumelos da região.

Foto: Jantar em Viseu
No dia seguinte, o gentilíssimo Sr. Pedro nos buscou no hotel e nos levou ao imponente prédio do órgão que cuida do vinho da região Dão. Era um edifício antigo, restaurado, de paredes muito espessas, dimensões enormes e com inúmeras salas destinadas às cerimônias.

Foto: Sr Pedro no prédio do Dão
Em seguida fomos à sua vinícola, onde conhecemos seu simpático pai, que também participa ativamente do trabalho na vinícola.

Nesta ocasião provamos o mesmo vinho envelhecido em duas barricas feitas de carvalho, porém de origens diferentes, uma francesa e a outra americana. A sensação proporcionada pelos vinhos era totalmente diferente. O vinho proveniente da barrica francesa tinha muito mais complexidade do que o vinho que vinha da barrica americana. Pude então experimentar algo que eu só conhecia na teoria.

Foto: Prova de diferntes barricas (com o pai do Sr. Pedro)
Atendendo ao nosso pedido, Sr. Pedro nos levou às plantações de uvas, onde pudemos finalmente ver a vindima tão desejada! Foi emocionante acompanhar os colhedores de uvas, fazendo seu trabalho enquanto cantavam suas canções tradicionais.

Foto: Colheita
Foi também ali, que pude pela primeira vez provar a uva Touriga Nacional. Esta uva estava deliciosa, porém sua semente é muito grande e a uva pequenina,ou seja, oferece pouco suco a ser saboreado.

Foto: Uva Touriga Nacional
Voltamos encantados com as experiências únicas, vividas ali, graças à gentileza do Sr. Pedro, que espero poder retribuir, quando ele vier ao Brasil.
Foto: Doce de ovos moles
No dia seguinte, nos dirigimos à cidade de Aveiro, para que pudéssemos provar o doce de ovos moles de Aveiro, pois não tínhamos encontrado este doce até o momento, em qualquer outra cidade de Portugal.

Foto: Canais e casas de Aveiro
Apesar de o objetivo principal ser provar o famoso doce, esta cidade foi para nós, outra agradável surpresa. Entremeada por vários canais, com casas coloridas e outras com lindos azulejos, mais parecia uma pequenina obra de arte.

Foto: Pinturas em barcos de Aveiro
Os canais estavam repletos de barcos, com pinturas artesanais e dizeres maliciosos, tais como: "Este peixe dá vida" (com desenho de uma mulher nua saindo da praia), "Será que vi um camelo?" (com desenho de um camelo passando), "Sempre a mexer com as tetas" (com desenho de um homem ordenhando uma vaca e uma gostosona passando), "Esta é minha pátria querida, gosto de festa brava" (junto com o desenho de uma tourada).

As docerias se espalhavam pela cidade, onde finalmente encontramos os doces de ovos moles, apresentados de diversas formas, além dos outros doces tradicionais de ovos portugueses.

Foto: Doceira em Aveiro
Rodeada pelos azulejos que decoravam as paredes das docerias, a população sentava ali, lendo e degustando aquelas especiarias.

Foto: Lado moderno de Aveiro
Ao lado da bem conservada cidade antiga, com seu Mercado de peixes, encontramos um Shopping Center moderno, com lojas das grandes grifes da Europa.

De lá, partimos para a cidade do Porto, onde concluiríamos nossa viagem por Portugal.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Viagem ao – Piemonte - Itália


Nos dirigimos então ao Piemonte, onde são feitos os famosos vinhos "Barolo", um dos ícones da Itália, e dos famosos "tartufi bianchi". Nos hospedamos em Asti, terra do espumante com o seu nome e também do “Barbera d`Asti”. Lá provamos o vinho “Gavi”, produzido pela Villa Sparina, feito com a uva Cortese. Este é um vinho bem simples.
De acordo com a sugestão de meu guia de viagem, selecionei e agendei, com a ajuda do gentil recepcionista do hotel, uma visita às duas vinícolas recomendadas. Passamos por situações bastante diferentes.
Foto: Adega Coppo
Na vinícola Coppo, cuja importadora no Brasil é a Mistral, a recepção foi formal, neutra, inclusive sem que nos oferecessem nenhuma degustação. Na tentativa de comprar algum vinho lá, me informaram que as caixas disponíveis eram com 6 garrafas, não sendo possível adquirir um número inferior a este se eu o desejasse.. Voltei decepcionado.
Foto: Pequena produtora
No caminho de volta, no entanto, paramos numa loja simpática, onde conhecemos a proprietária com seus filhos. Ela gentimente nos mostrou sua produção de vinhos, iniciando um passeio por sua adega.
Fomos convidados a provar um exemplar que ainda estava nos tonéis, aguardando o ponto de engarrafamento. Minha esposa comentou: “Este vinho é muito forte! “e a proprietária, com ar de orgulho retrucou: “Noi Italianni siamo cosi”.
Foto: Rótulo de Grappa
Neste local também, pudemos apreciar diversos rótulos feitos a mão, por artistas, para garrafas de grappa.
No sábado me dirigi à pequena e tradicional cantina Mascarello, que não tem importação dos seus vinhos para o Brasil.
Foto: Vinhos degustados
A situação foi totalmente diferente ali. 
Os Mascarello abriram a vinícola especialmente para nós, no sábado, pois não trabalhavam neste dia.
O filho do proprietário iniciou a visita nos proporcionando uma degustação de oito vinhos, culminando com um Barolo sensacional!
Este Barolo consta do guia de vinhos, do autor Hugh Johnson, como um dos vinte vinhos italianos que devemos beber antes de morrer.
Foto: Sr Mascarello
Passeando pela adega, vimos um senhor manipulando uma mangueira, e trabalhando como um simples operário. Nosso guia esclareceu que aquele era seu pai, dono da vinícola, que naquela hora passou a nos acompanhar pelo resto do passeio.
Foto: Barril antigo
Lá, pela primeira vez, vi um enorme tonel de carvalho francês, utilizado no passado para o amadurecimento do vinho. Sr. Mascarello explicou que este tonel estava lá por uma questão histórica, e que teve de ser abandonado devido ao grande risco que se corria de perder toda uma produção, caso ocorresse qualquer problema.
Quando vi que usavam pequenos tonéis de carvalho francês no processo de maturação do vinho, perguntei se eram novos e recebi a resposta de que um bom vinho era o resultado do “terroir” e não da idade do barril utilizado.
Vi traços de modernidade na adega dos Mascarello, com a introdução de refrigeração em tanque de inox, o que permite um bom controle das temperaturas de fermentação. Mantinham também ali,um tanque revestido de azulejo, que seria substituído no futuro por tanques de inox.
Foto: Simpática família Mascarello
Mostrei ao Sr. Mascarello, meu guia, que citava seu vinho, como um dos melhores da Itália. Isto o deixou tão contente que nos presenteou com um belo exemplar do seu vinho top.
Desfeita a má impressão anterior a esta visita, retornamos a Asti, onde jantamos no “Ristorante l`angolo del Beato”. Provamos ali, um delicioso “Brasato ao Barolo”, uma carne retirada da bochecha do boi ao molho de vinho Barolo. O vinho que acompanhou foi um “Barbera D”Asti” 2004, produzido pela “Cantine Santagata”, com o nome do restaurante. É o vinho mais simples do Piemonte,  se apresentando fresco e frutado, bom para ser consumido Jovem.
Foto: Cidade de Barolo
Almoçamos também no restaurante “Il Bacco,” na pequena cidade de Alba, região de produção do “Dolcetto de Alba” Bricco Galante 2006, produzido por Penna Luigi. Um vinho bem balanceado, com boa estrutura e bastante corpo. Este nome, Dolcetto é proveniente da uva e não,do teor de açúcar, como alguns poderiam pensar...
Chegamos à conclusão de que deveríamos ter nos hospedado nesta formosa cidade, tanto por sua beleza e graça, quanto pelo fato de ficar mais próxima à região produtora dos melhores vinhos.
Foto: Museu do cinema
Aproveitamos a proximidade para conhecer a cidade de Turim, região das fábricas de automóveis.
Um passeio pela ampla cidade, onde fica o “Museu de Cinema de Peter Greenway”, nos levou à seguinte conclusão:
Qualquer cidade da Itália é digna de visitação!
Foto: Hotel de luxo no lago Maggiore
Continuamos a viagem, desta vez em direção ao Lago Maggiore, que, apesar do nome é menor que o Lago di Garda.
Passamos por dois hotéis que pareciam verdadeiros palácios porém, com preços exorbitantes! De tanto luxo, como vimos no “Grand Hotel dês Ilês de Borromeés,” não nos sentimos confortáveis para nos hospedar ali.
Ficamos então, no hotel “Vila Regina,” cujo proprietário exercia vários papéis, inclusive o de  recepcionista e garçom. Foi ele que nos deu as melhores dicas de passeio.
Foto: Ilha dei pescatori
Utilizando os barcos como meios de transporte entre as ilhas e as vilas ao redor do lago, visitamos as  Ilhas dei Pescatore, Bella, e Madre e também os jardins da Vila Taranto.
Foto: Jardim Vila Taranto
O ponto alto da visita à região, foi a meu ver, o Lago de Orta, ao lado de uma linda cidadezinha de mesmo nome.
Lá  na cidade de Orta, muitos lojistas vendiam o “tartufo bianco”.
Foto: Loja de Tartufi
Curioso, entrei numa das lojas e pedi para conhecer esta espécie.
Foto: Ilha no Lago Orta
O rapaz que estava atrás do balcão entrou lá dentro e de lá, me trouxe uma caixinha de isopor com algumas bolinhas...Estas, para meu espanto, eram vendidas, por três mil euros, o quilo. Declinei da oferta e agradeci a apresentação.
Foto: Cidade de Orta
Depois de Orta, voltando ao Lago Maggiore, jantamos no restaurante “ Lido Palace,” do hotel Baveno, onde nos despedimos da Itália, tomando um magnífico Dolcetto D’Alba, produzido por “Fabrizio Bertolino”. Bem balanceado e com corpo bem estruturado, de aroma frutado e de cor ruby.
Foto: Lago Maggiori - Vista do restaurante da Ilha Dei Pescatori
Infelizmente o tempo se esgotou e tivemos que voltar ao Brasil.
Eu particularmente voltei com uma deliciosa sensação de que: 
Se existe paraíso... eu já o conheci!

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Tenuta Foppa & Ambrosi estreia neste mercado com exportação de 600 garrafas   Os ‘guris’ que começaram a elaborar vinho no porão de casa...