quinta-feira, 29 de abril de 2010

Viagem à Champanhe


Decidi escrever sobre a visita à Champanhe, como lembrança dos agradáveis momentos que lá passamos, hospedados numa pousada de um pequeno produtor da região.
Mapa da região

Da mesma forma que neste ano, naquela ocasião também era época da copa do mundo de futebol.

Neste ano de 2010, meu filho Leo irá para a mesma região em que estive, e portanto, quero ajudá-lo passando um pouco da minha experiência.

Quando decidimos ir à Champanhe pedi ao meu amigo Kaike, que já havia viajado bastante pela Europa, uma dica para me hospedar em casas da região e ele me indicou o site (http://www.gites-de-france.com/gites/fr/gites_ruraux).

Encontrei algumas dicas e lá fui para a cidade de Epernay, no coração da região de Champanhe.
Foto: Sra Nicole

Visitamos algumas hospedagens, que não nos agradaram, por não oferecerem conforto, nem privacidade e por serem dentro das casas, junto às famílias.

Passeando pela região próxima a Epernay, encontramos uma pousada ao lado da vinha e escritório do produtor da Champanhe: Marcel Richard. (http://www.vinogusto.com/en/external-url/9839/www.alaloge.com?u=aHR0cDovL3d3dy5hbGFsb2dlLmNvbQ==&ut=p).

A propriedade, denominada ”La Loge”, pertence à família Richard desde 1853, que vem trabalhando a terra desde o ano de 1945.

Foto: No meio da plantação

Quando chegamos em La Loge, Mame Nicole Richard, esposa do proprietário, nos recebeu gentilmente com uma taça de seu champanhe, e em seguida nos mostrou sua linda pousada. Cada quarto tinha uma decoração diferente e cuidadosa e feita por lea. Nós estávamos inaugurando a hospedágem.


Resolvemos ficar ali, pois as instalações eram boas e o preço bastante razoável, além de ficar praticamente dentro da plantação de uvas.

Passeamos pela vinícola, com mame. Nicole, entrando pela primeira vez em contato com um solo calcáreo, que mais parecia um giz, inclusive cheguei a usá-lo para riscar o muro com se fosse uma lousa.
Champanhe Milésime

Fomos a Épernay visitar as caves, procurando escolher uma grande e uma pequena. A pequena, Canard Duchêne, fundada em 1868, e que tinha no seu símbolo um sabre, usado para a pomposa, mas nada prática abertura das garrafas. De lá trouxemos um champanhe Brut Rose.
Foto: Síbolo da Canard Duchêne

A grande era a Castellane, cuja cave tem 9Km de galerias. Para produção do champanhe são utilizadas as cepas: Chardonay, que traz uma grande finesse ao vinho, exprimindo seus aromas de flores brancas. A pinot noir, apreciada por sua estrutura e seus intensos aromas, dão ao champanhe suas notas de frutas vermelhas. Quanto à Pinot Menier, traz seus aromas frutados e um arredondamento, conferindo rapidamente riquesa e frescor aos champanhes não Milesime.

De lá trouxemos uma bebida chamada Ratafia, um licor de champanhe, feita da uva Pinot Menier e um eau-de-vie.
Ratafia

A Ratafia deve ser servida entre 6 a 8 graus, para que se possa aproveitar ao máximo os seus aromas. Ela harmoniza bem com: melão, foi gras, queijo azul ou um patê de ervas.

Passamos também pela Moet et Chandon, com seu enorme tonel datado de 1889, e com uma adega é tão grande que, um trenzinho que é usado para levar as pessoal passearem dentro dela.
Foto: Moet et Chandon

Descobrimos que sob a cidade ficam as adegas das vinícolas, chegando a quase se encontrarem debaixo da terra.
Foto: La Brigueterie

Fomos visitar o excelente hotel e restaurante La Brigueterie, porém decidimos fazer um jantar maravilhoso, regado a champanhe rose, num restaurante mais econômico na cidade de Epernay. Seu nome é “La Cave à Champagne” (http://www.la-cave-a-champagne.com/) e fica na rua Leon Gambetta 16.
Foto: Vitrais da catedral

Dia seguinte fomos à moderna cidade de Reims, pronunciado Rams pelos franceses. Lá conhecemos a catedral Gótica, do século XIII, classificada como patrimônio Mundial pela UNESCO. Seus magníficos vitrais são de autoria de Marc Chagall As colunas tem anjos esculpidos, inclusive um de deles sorrindo.
Foto: Reims Anjos da catedral

Assistimos o jogo final da copa do mundo, entre o Brasil e Alemanha na pousada, com Mame Nicole e um Alemão também hospedado lá. Comemoramos a vitória do Brasil, brindando com uma taça de champanhe oferecido pela anfitriã.

Lá também se hospedou um Francês, que havia transferido sua indústria química da França para uma ilha da África para fugir dos altos impostos daquele pais. Ele nos explicou que havia um rigoroso controle de produção de champanhe pelo governo, com o objetivo de manter o preço do produto. Contou-nos também que o controle era tão rigoroso que não se podia plantar qualquer pé de parreira, sem prévia autorização do órgão local, e que num ano de alta produção, muitos litros de champanhe foram destruídos, para não deixar que seu preço caísse.
Foto: Mame. Nicole junto com o Empresario

Quando partimos de lá, compramos, como lembrança, uma garrafa de champanhe Marcel Richard Millesíme, da safra 1996, que degustamos num evento de jantar de harmonização em minha casa em São Paulo.

sábado, 24 de abril de 2010

Degustação do vinho Marques de Riscal

Participei de uma degustação vertical do vinho Marques de Riscal, com a presença de um dos proprietários desta vinícola.

Na ocasião, contaram a história de que convidaram o arquiteto Frank O. Gehry, ganhador do Pritzker Prize (um tipo de prêmio Nobel de arquitetura), famoso por obras como o Museu de Bilbao, para projetar a sua sede.

Foto: Hotel Marques de Riscal


O arquiteto argumentou que só sabia produzir obras de porte, o que não seria razoável para uma adega.
 
Foto:Casa dançante de Praga

Os proprietários sabiam que o arquiteto havia nascido no Canadá em 1929, e para seduzi-lo, abriram algumas garrafas da safra daquele mesmo ano.
Foto: Walt Disney Concert Hall de Los Angeles

Depois de vários goles, argumentaram com ele que se eles podiam produzir um vinho da safra da data de seu nascimento, ainda em perfeitas condições, ele, o arquiteto poderia também fazer um projeto cabível para a adega do Marques de Riscal.
Foto: Hotel Marques de Riscal

No entusiasmo do efeito do vinho, Frank O. Gehry concordou em levar a frente esta empreitada.
Foto: Hotel Marques de Riscal

Como já era esperado, a obra ficou monumental, sendo então transformada num maravilhoso hotel.
Foto: Museu de Bilbao

A pequena cidade de El Ciego ficou tumultuada com o movimento de um hotel daquele porte.
Foto: Museu de Bilbao


Quando visitamos Bilbao, no País Basco, na Espanha, ficamos impressionados com a obra do Museu projetado por este famoso arquiteto.

Suas formas e brilho eram maravilhosos, dando a uma cidade sem encantos aparentes, ares de um maravilhoso cartão postal.
Foto: Escultura de plantas em frente ao museu de Bilbao

Região bastante tumultuada da Espanha, a região Basca é marcada pelos movimentos separatistas. Nesta região, as placas de sinalização são escritas tanto em espanhol como em basco, idioma que mais parece com a língua grega.
Foto: Adega atrás do Hotel

De lá, partimos para a região Basca da França, local de uma tranqüilidade imensa, bem diferente da região basca espanhola.
Foto: Vinícola

Voltando ao evento da degustação, experimentamos 5 vinhos de safras diferentes, importados pela Interfood (f: 2602-7255) .

1) Marques de Ríscal Rueda Verdejo 2007. Elaborado com a uva verdejo, na região de Rueda, sendo a graduação alcoólica de 13%. É um vinho bem fresco, com cor amarelo esverdeada. O aroma é de ervas e frutas como papaia, melão e pêra. Na boca, ele é bem cítrico, fresco e untuoso, com um final redondo. Seu preço é de R$61,00

2) Marques de Ríscal Reserva 2003. Elaborado com as uvas tempranillo (90%) e outras (10%), de parreiras com mais de 15 anos. É produzido na região da Rioja, bem como os demais degustados É um vinho com cor de cereja. Seu aroma é complexo, de fruta madura e especiarias . Na boca tem um ataque fresco e leve, com taninos suaves e redondos, tendo boa persistência. O vinho harmoniza com presunto cru, queijos bem curados e carne vermelha. Seu preço é de R$253,00

3) Baron de Chirel Reserva 2002. Elaborado com as uvas tempranillo (90%) e Graciano / Mazuelo (10%), de parreiras com mais de 40 anos. Sua graduação alcoólica é de 14%. É um vinho com cor de cereja escura. O aroma é complexo, de couro e café torrado . Na boca é quente e untuoso, com um final pleno de sensações doces, graças aos excelentes taninos. Seu preço é de R$410,00

4) Marques de Ríscal Gran Reserva 1997. Elaborado com as uvas tempranillo (85%), Graciano (10%) e outras (5%), de parreiras com mais de 30 anos. Sua graduação alcoólica é de 13,5%. É um vinho com cor de cereja, com matizes próprias de sua evolução. O aroma é intenso, com notas de tabaco, café e fundo ligeiramente tostado. Na boca se mostra muito vivo, com uma excelente acidez com taninos suaves e elegantes, tendo boa persistência. Seu preço é de R$328,00 para uma garrafa de 1,5litros.

5) 150 Aniversário Marques de Ríscal Gran Reserva 2001. Elaborado com melhores uvas da safra 2001, considerada esta safra, a melhor deste século, comparada apenas com a mítica safra de 1964. O vinho é elaborado com as variedades: tempranillo (85%), Graciano (10%) e outras (5%), com graduação alcoólica de 14%. É um vinho cor de cereja com reflexos de cor de telha. O aroma é balsâmico e de especiarias, como canela e pimenta do reino . Na boca ele é bem estruturado, com uma boa concentração tânica, redondo e com um final amplo e sedoso. Seu preço é de R$349,00

terça-feira, 13 de abril de 2010

Viagem à Borgonha


Visitamos duas vezes a Borgonha.
Foto: Museu do vinho

Na primeira vez, chegamos do vale do Loire bem cansados da viagem.
Fui logo à recepção de um bom hotel, quando uma francesa me examinou de cima a baixo, provavelmente não me achando digno de um hotel daquele porte.
Ela então me disse que não havia quarto disponível.

Resolvi continuar a procura por qualquer tipo de hospedagem, desde que fosse razoável
Encontramos um local, que parecia um motel, com quartos limpos, suficientemente bom para ficarmos por pouco tempo.

O recepcionista nos perguntou se queríamos jantar, ao que concordamos, porém sem muita expectativa.


Foto: Jantar no hotel

Os pratos, acompanhados obviamente por um vinho da região, foram:
Camarão com espinafre em molho bernaise, Salmão com caviar, Pato defumado com molho de cassis, Filet de cervo com mostarda de Dijon.
E como sobremesa:
Sorbet de menta com mousse de chocolate, Profiteroles, Queijos com nozes.
O jantar foi surpreendentemente maravilhoso, desde os vinhos até os pratos, preparados com esmero.
No dia seguinte descobrimos que estávamos dentro de uma vinícola de Corton.

Foto: Dijon

O passeio por Dijon foi maravilhoso, degustamos mostardas dos mais diversos blends, achando que a melhor delas era feita com mosto de vinho.

A região da Bourgogne é famosa pela qualidade de seus restaurantes, com seus pratos tradicionais como o filé com mostarda e o “Beuf au Bourgnone”.

Beaune foi outra surpresa para nós, uma linda cidadezinha com diversas caves que ofereciam degustação e um simpático museu do vinho.

Foto dentro da confraria, no museu do vinho

Visitamos o “Hospice de Dieu”, um prédio imponente, com o telhado colorido bem típico da região.
Foto: Região vinícola da Borgonha

A Região vinícola da Borgonha é muito concentrada e densa.

Ela tem várias “appellations” e “climats” (lotes de vinhas) e cada região tem seus vinhos de sabor único e, muitas vezes as regiões são separadas, apenas por paredes de pedra.

Com a revolução francesa, as vinícolas foram tomadas das mãos das famílias nobres e da igreja, e divididas entre a população.

Apesar das muitas “Appellations”, hoje em dia existem três principais áreas vinícolas na Borgonha.
Ao norte tem a pequena cidade de “Chablis”, na região vinícola de Chablis, onde é utilizada a uva Chardonay. Os vinhos lá produzidos são bem sêcos.
Ao sul de Dijon, as vinícolas se situam numa faixa estreita, com face sul e largura de aproximadamente 5 Km e 100 Km de comprimento.
Esta região é denominada de Côte d’Or e é dividida em duas regiões distintas: Côtes de Baune e Cotes de Nuits.

Os vinhedos são divididos em quatro classes:
Os Grand Crus pertencem à primeira classe, dos quais 30 estão em produção, principalmente na Côte de Nuits.
A classificação seguinte são os premières Crus, eles são em 622 e usam o nome da comuna,em primeiro lugar, seguido pelo nome do vinhedo.
A terceira denominação é a Appellation Communale. É ela que permite que se use o nome de uma comuna. Frequentemente esses vinhos são conhecidos como vinhos de “vila”.
A quarta classificação corresponde aos vinhedos situados em regiões não muito apropriadas, podendo ser denominado apenas de Bourgogne.
Foto: Clos dês Langres

Visitamos a vinícola ”Clos dês Langres”, onde a recepção foi feita por um Jovem enólogo muito gentil.
Foto: Degustação na vinícola

Provamos vários vinhos, inclusive o Clos dês Langres, da appelation Cotes de Nuits Villages. Como a maioria dos vinhos eram da uva Pinot Noir, com tais características:
Cor rubi profundo com reflexos violácios, aromas de frutas noires, cereja e cassisNa boca o vinho é estrutrado e potente, com taninos suaves e de longa persistência.


Continuamos a viagem em direção à Alsacia.

domingo, 4 de abril de 2010

A Provence e seus vinhos

Hospedados em Avignon, cidade dos papas na França, planejamos ir a Aix en Provence com o objetivo principal de conhecer o Chateau Vauvernargues. O chateau foi comprado em 1958 por Picasso, onde viveu de 1959 a 1961. Os filhos de Picasso escolheram o parque do chateau para fazer uma exposição de obras de Cézane e Picasso.
Lá chegando, a cidade que respirava arte estava molhada com uma chuva constante. Ficamos frustrados ao descobrir que a procura pela visita era tão grande que, para tentar uma vaga no passeio, teríamos que chegar às 7 da manhã do dia seguinte e contar com pessoas que desistissem.... Foi uma decepção saber que não havia possibilidade de fazer uma reserva para a visita...coisa de francês.
Foto: Café em Aix

Aproveitamos então para conhecer a cidade e o café Les Deux Garçons que exibia sua excepcional decoração de consulado da época do hotel De Gantes e que carregava tal nome , pois pertencia a dois garçons que o compraram em 1840.
A memória de várias personalidades está associada a esse café, como: Mistinguett, Churchil, Sartre, Piaf, Trenet, Delon, Belmondo.
Lá, Cézanne passou 3 horas antes do jantar com seu camarada do liceu Mignet, Emile Zola.
As grandes etapas da vila de Aix foram associadas à memória do café, como os eventos da revolução de 1789 na Provence, até a criação do festival de artes líricas após a segunda guerra mundial
A política, as artes, a literatura, a moda e o espetáculo fizeram parte deste prédio por duzentos anos de encontros no Les Deux Garçons.
Foto: Atelier Cézane

Visitamos também o singelo atelier de Cézanne, com seus jardins singelos, onde obras de arte são expostas.
Em seguida, nos dirigimos à região produtora de vinhos de Bandol, com a intenção de visitar a única vinícola sugerida pelo meu guia, o Chateau Pibarnon.
Foto: Chateau Pibarnon

Instalada num imponente chateau, estava lá a vinícola que nos recebeu em sua cave, uma vez que nossa visita fora agendada antecipadamente.
Foto: Tonel no Chateau

Iniciamos a prova com um vinho branco, composto por 40% da uva Clairrette, 40% Bourboullenc e 20% de cepas diversas. Dele pudemos sentir um frescor na boca, assim como um aroma de flores, jasmim e frutas como abricot e pêche.
O Segundo vinho foi rosé, das cepas Mouvédre (50%) e Cinsault (50%). Com uma bela cor coral, o rosé oscilou entre a potência e a delicadeza e terminou revelando um toque de sensualidade.
O último foi um vinho tinto da uva Mouvédre, bastante equilibrado e elegante, com aromas de violeta.
Foto: Cacho de mouvédre

Na saída, vimos várias parreiras com cachos maduros de uva Mouvédre. A tentação nos levou a atolar no barro, para conseguir experimentar aquela iguaria, uma uva madura e doce, com casca escura e sementes grandes. Delícia! Após a visita voltamos a Avignon para lá jantar e conhecer, nos dias seguintes, outras partes da Provence.

Do Brasil para Luxemburgo, Tenuta Foppa & Ambrosi

Tenuta Foppa & Ambrosi estreia neste mercado com exportação de 600 garrafas   Os ‘guris’ que começaram a elaborar vinho no porão de casa...