quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O vinho e a música


Estive numa palestra da representante da vinícola chilena Ventisquero, no Brasil, feita pelo Sr Nicholas. O evento foi produzido pela loja de importados Beale, que fica na rua Rego Freitas 52 (fone: 2538.2000).


Apesar de já conhecer os vinhos desta empresa, fui atraído pelo tema do evento: Harmonização temática, do vinho com a música (as 4 estações de Vivaldi) acompanhada de petiscos.

Harmonizar o vinho com os objetos da cultura, a arte, a música, o cinema, a poesia, pode ser uma excelente ideia !

Por que Vivaldi? as 4 estações ?

Segundo Nicholas, Vivaldi fez parte do barroco e seu legado foi revolucionário, pois uniu a orquestra com a virtuosidade do violino. Antes dele, a música clássica só dava a vez para a  orquestra  ou o virtuoso. Vivaldi fez diferente, produziu esta novidade na música da sua época.

Assim também fez a Ventisquero que mistura terroir ,tipicidade e grandes enólogos. 

Nicholas iniciou sua apresentação fazendo-nos ouvir partes dos movimentos das 4 estações, onde escutamos os cantos dos pássaros e os sons da natureza.

Primavera allegro:  Neste movimento, as cores das flores harmonizando com as frutas. A melodia é alegre e fala do nascimento e da vida na natureza.

O vinho oferecido com esta música foi o Queulat gran reserva sauvignon blanc 2011.  Vem de um vinhedo único. Sem passagem por carvalho, o vinho valoriza o mineral e apresenta uma cor de limão pálido, assim como aromas florais cítricos e um pouco herbáceo.

Junto com o vinho serviram frutas, como abacaxi, morango e Kiwi. O que mais combinou com ele foi o abacaxi, ficou muito gostoso!


Le estate – presto

O verão, lembra a correria antes da chuva, os insetos fugindo da chuva numa plantação! A música é agitada!

O vinho servido com este movimento foi o Queulat gran Reserva Carmenere 2010.  

A música é intensa! O vinho produzido com uvas do do vale do Maipu, tem cor rubi, explode em aromas e traz a especiaria da Carmenere como: pimenta do reino.

Este vinho passa por barricas americanas e francesas de segundo e terceiro uso por 12 meses. Nesta degustação ele harmonizou com os queijos fortes e amarelos que foram servidos.

A Carmenere no Chile é a casta bandeira. Quando a Filoxera se espalhou pelo mundo e destruiu muitas plantações na França, os técnicos acharam que esta casta tinha desaparecido. A Carmenére foi encontrada por acaso no Chile, pois a filoxera aparentemente foi barrada neste país, pela cordilheira dos Andes.


L'Autunno- alegro

Representa os vilarejos da região da Itália festejando a vindima.

O vinho que acompanhou foi o Grey- single Block- sirah, Safra 2009, cujas uvas são retiradas da melhor parcela da encosta do vale da Apalta. Vinho rubi intenso e no nariz: notas de especiarias, couro. Estagia em carvalho francês por 18 meses.

O vinho do mesmo tipo, porém da cepa Cabernet Sauvignon, foi eleito o melhor dos Cabernets do Chile pelo guia Descorchados.

O acompanhamento foi feito por frios como: copa, salame e peito de peru.

Este vinho é um cru! Que é um termo usado na França para denominar um vinhedo específico, ou uma zona (terroir), onde é produzido um vinho de características particulares. O termo classifica o vinho por qualidade: cru bogeoix, cru classe, premiere cru ou grand cru.


L'Inverno-Allegro non molto

A intensidade do frio, a dureza do inverno. Vivaldi aqui simula com o violino o som do ranger dos dentes.

O vinho servido para o L’inverno foi o Vértice com o corte de: 51% Carmenere 49% Syrah.

Este vinho foi harmonizado com empanadas.

Para fazer o Vértice são usadas uvas de parreiras que pouco produzem. Vinho de corte, resultante da mistura de diferentes cepas.

O vinho é produzido na região de Apalta, onde o solo é muito pobre, forçando o estresse da videira, resultando num bom vinho.
  
O nome do vinho Vértice se refere a 3 pontas: a união de 2 castas, o encontro de 2 enólogos (um deles é John Duvall) e as 2 parcelas, que se encontram no vértice do morro.

Este é um vinho com notas de frutas vermelhas e pretas, tabaco, folhas sêcas. Ele é um vinho complexo, com taninos bem trabalhados,  harmoniza com cordeiro, picanha, javali, caças.

Enfim foi uma proposta de degustação e harmonização bem diferente!
Chamada de harmonização temática combina o vinho com outros elementos, como música, textos literários...

Marcelo Copello é um brasileiro que já fez harmonização temática também assim como o Eduardo da Biela nos propôs neste evento.

Isto pode ser bem interessante!

Eu mesmo estou pensando numa...

Aguardem!

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Restaurante 607, São paulo


Fui conhecer o Guest 607, que é um misto de Hostel,  restaurante e espaço de eventos e fica na rua João Moura, 607, em Pinheiros, São Paulo (fone: 2619.6007).

O espaço foi criado pela chef de cozinha e empresária Cassia Saldanha, viajante que adquiriu experiências em hostels ao redor do mundo.

Tudo lá é pequeno, acolhedor, moderno e foi reformado com muito bom gosto.

O restaurante conta com 4 mesas fora, e 4 mesas dentro da casa.

Enquanto não chegava meu prato, fui conhecer o Hostel.

Quatro quartos em cima, uma suíte com cama de casal King Size, dois com cama de casal e outro com dois beliches.  Dois quartos em baixo, no subsolo. Todos tem ar condicionado, frigobar, Dvd Player e televisão.

Tanto em cima como em baixo tem um computador com internet para os clientes.

Os hóspedes tem incluído em sua conta, um café da manhã. As pessoas de fora também podem tomar seu café por ali, inclusive nos finais de semana.

O Guest 607oferece ainda o evento Day Cook, onde são servidos jantares harmonizados e cursos de fotografia.

Voltando agora ao restaurante, que foi o objetivo da minha visita, posso afirmar que ele é um dos poucos restaurantes que conheço com pratos criativos a um preço razoável. O chef é Gustavo Rodrigues e ele ficou 2 anos em restaurantes em Belém do Pará.

Durante a semana, o estabelecimento tem um menu executivo, a R$34,00, com entrada, prato principal e sobremesa.

Como prato principal, pedi a barriga de porco assada, acompanhada de um purê de alho também assado, ou seja, um corte de 280g de barriga de porco assado lentamente com açúcar mascavo e especiarias, servido com sua própria pele crocante. Estava muito bom, e custava R$43,00, pois era final de semana.  

Como não estou acostumado a comer pururuca e alho assado, achei o prato muito saboroso, mas um pouco pesado.

Graças à lei seca, tomei apenas uma long neck Stella Artois e um copo d’água. A conta ficou em R$58,30, uma das mais baixas que paguei ultimamente.

Como gostei da comida, pretendo voltar lá, para provar o menu executivo. Aí sim pretendo escolher um prato mais leve.

Na segunda visita pedimos:

Lula empanada com queijo de coalho ralado e molho agridoce. Uma delícia.

Seleção de folhas frescas, manga, tomate cereja, castanha do Pará, com o molho do dia (tinha hortelã, maracujá e outas especiarias. Perfeito.

Filé mignon gratinado, com cogumelos e bacon, com cobertura cremosa de cogumelos alteados e bacon crocante. Acompanhava fettuccini na manteiga com alecrim. Também era bom.

Desta vez conheci o chef, que é muito simpático, bem como os demais atendentes.

Pretendo voltar e levar alguns amigos.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Córsega e seus vinhos


A Córsega é chamada L’ille “de beauté”  (ilha da beleza), ou “Kallisté” (que quer dizer a mais bela em grego).

Ela pertence hoje em dia à França (dista 200 km de Nice), apesar de ser muito mais próxima da Itália (80 km da Toscana) e (10 km da Sardenha).

A Córsega é a quarta maior ilha do Mediterrâneo, depois da Sicilia, Chipre e Sardenha.

A ilha tem 185km de comprimento por 85 km de largura e conta com montanhas de até 2,7 mil metros de altitude, com neve o ano todo.

As principais cidades da ilha são: Bastia (com 45.000 habitantes), Calvi (5.500), Corte (7.000), Ajaccio (65.000), Sartène (3.000), Porto Veccio (11.000) e Bonifacio (3.000).

A Córsega é o  pais da Vendetta, da sesta, dos jogos políticos complicados, dos queijos fortes, das castanhas e dos sábios senhores que observam a vida passar.

A ilha teve um passado de vários domínios: Cartago, o povo phocée , romanos, vândalos, byzantinos, muçulmanos, cruzadas, Itália e França.

O período de domínio italiano, iniciou sob o domínio de Piza. Gênova tomou conta da ilha, entre 1284 e 1735. Em 1735 houve uma revolta dos corsos, que declararam a independência da ilha, até que a ilha foi comprada pela França em 1768.

Existe até hoje, na Córsega, um forte movimento separatista da França, que às vezes chega a ser até violento.

Napoleão nasceu na Córsega em 1769.

Hoje em dia a economia da ilha é baseada em turismo, viticultura, queijos e azeite.

O dialeto que se fala na ilha é parecido com o de Gênova.

Os vinhos foram introduzidos na Córsega pelos fenícios, posteriormente pelos gregos e depois aprimorados pelos Romanos.

Existe na Córsega uma grande variedade de solos, espalhados por todas as encostas da ilha.

Como a ilha se encontra na mesma coordenada de Roma e de Barcelona, ela conta com um clima mediterrâneo, temperado pela combinação de influências marítimas e das montanhas. O  calor do verão recebe a influência reguladora do mar que cria um clima favorável às uvas.

A Córsega está dividida em quatro regiões vinícolas:

A zona granítica do oeste, que ocupa 2/3 da área total, onde se produz vinhos de cor mais leve,  refinados e com aromas florais;

A região dorsal, do oeste, do noroeste e do sul, onde os vinhos são mais leves e delicados.

O nordeste, onde o solo lembra o da Toscana, produz vinhos com mais corpo.

A costa leste, onde os vinhos são mais suaves e harmoniosos.

Os vinhos da Córsega tem a proporção de produção: 54,7% rose, 33,1% tintos, 10,5% brancos e 1,6% Muscat doce.

Os vinhos podem ser divididos em 3 grandes classes:
 Nielluciu, Aléatico, Sciaccarellu
AOC (Apelacion d’Origine Controlée) 31%, onde tem que ser usadas cepas locais, como Niellucciu (niellu significa negra, escura), Vermentinu e Sciaccarello.
Biancu Gentili,  Vermentinu
Vinhos varietais, que são Vin de Pays (59%), onde são usadas misturas de cepas corsas como:  Niellucciu (clone da Sangiovese), Vermentinu e Sciaccarello junto com varietais como, Cabernet Sauvignon, Sirah ou Merlot.

Vin de pays nouveau (10%), vendido nas terceiras terças feiras de outubro, que por ser um vinho vendido novo tem seu sabor e qualidade acentuados.

Os produtores são divididos em 3 categorias: independentes (36) , cooperativas de vinho (5) e uma cooperativa de agricultura.

A Importadora Empório Sório, que fica na rua dr. Augusto de Miranda 802, Pompéia (fone:2925.2601) aqui em São Paulo, trás vinhos, cervejas, geleias, bolachas e outras iguarias corsas. Promove degustação aos sábados das 11 às 15 horas.

A Sório importa vinho dos produtores: O grupo Uval e a Domaine Orenga de Gaffory, que já ganhou vários prêmios internacionais.

O grupo Uval foi criado pela união de pequenos produtores corsas. Ele se tornou responsável por 25% da produção local e 70% do volume de exportação. Vários vinhos deste grupo ganharam prêmios internacionais.

O simpático dono da Sório, Thierry , nos contou algumas curiosidades sobre a Córsega:

Suas estradas  são sinuosas e  é difícil  atravessar a ilha no sentido da sua largura, devido aos altos morros que ali estão.

Praticamente não se consome peixe na ilha, que, por ter sido muito invadida concentrou sua população nos morros, longe do mar e da possibilidade de pescar.

No canto direito da ilha, canto que dá para a Itália, o sol se põe mais cedo, portanto é um canto mais frio da Córsega, a única região que produz a uva Pinot Noir.

Estive em diversas degustações no Empório Sório, onde pude provar os vinhos:

Terra Nostra branco 2011, feito da uva Vermentino. É um vinho leve, fácil de tomar. Apresenta aroma cítrico, na boca ele é fresco, com um pouco de mel, seria interessante que tivesse um pouco mais de acidez. Tem 12% de graduação alcoólica e custa R$54,00.

O vinho tinto, Orenga de Gaffory, feito de uvas Niellucci Grenache . É um vinho bem encorpado, que não passa por barrica, recomendado para ser bebido junto a pratos de carnes ou caças. Custa R$115,00.

Espumante Lip’s, feito com a cepa Muscat, é delicado e levemente efervescente, com um toque adocicado. A graduação alcoólica é de 8% e custa R$75,00.

Domaine Pasqua 2004, das uvas Cabernet Sauvignon (60%) e Syrah, que é o único vinho da importadora que passa  (oito meses) por barrica francesa. É um vinho leve, com uma boa estrutura na boca. Sua graduação alcoólica é de 13% e custa R$ 91,60

Terra Mariana 2008, da uva Cabernet Sauvignon. Apresenta aroma de frutas vermelhas e especiarias. Na boca apresenta taninos leves e de persistência média. Sua graduação alcoólica de 12,5% e seu preço é de R$ 61,20.

Terrazza D’Isola 2011 rosé, das cepas Sciaccarello-Gris (60%) e Cinsault. Tem um aroma frutado e fresco, harmonizando bem com cozinha mediterrânea e oriental. A graduação alcoólica é de 12% e custa R$49,50.

Corsican Nature, das cepas Niellucciu (60%) e Pinot Noir. Apresenta aroma de frutas vermelhas e na boca, ele é redondo e bem estruturado. Sua graduação alcoólica é de 12,5% e custa R$62,00.

Umani Sciaccarellu 2011, com 12,5% de álcool. É um vinho agradável, leve, com aromas de frutas vermelhas. Custa R$76,00, uma boa relação custo /  benefício.

Umani Chardonnay 2011, com 12% de álcool. É um vinho agradável, com aromas de mel e frutas brancas. Custa R$56,00.

Esta importadora oferece alguns pacotes a serem vendidos com 6 vinhos, assim  reduzindo substancialmente o seus preços.

O Empório trabalha também com azeites, canistrellis, cervejas, queijos, geleias, chocolates e outras iguarias.

O azeite Oliu di Corsega é extra virgem (0,3% de acidez), elaborado a partir da primeira prensagem a frio, das melhores azeitonas pretas colhidas bem maduras, resultando em um produto marcante, delicado e de aromas finos e complexos como amêndoas, nozes, maçã, ervas frescas e mel. A colheita dos frutos, bem maduros, proporciona uma maior concentração de aromas e sabores. Antes de sua comercialização, cada lote é degustado por uma comissão de experts, cuja finalidade é verificar a ausência de defeitos e a tipicidade do produto, confirmando o compromisso do grupo em elaborar produtos de excelência. Os frutos utilizados são:

La Biancaghja (ou Sabine), variedade autóctone e muito produzida na Córsega;

La Ghjermana di Casinca : variedade produzida na Córsega há mais de 800 anos, foi introduzida pelos genoveses e possui uma forte semelhança com a variedade la Frantoio, responsável pelos melhores azeites da Toscana.

Os Canistrellis do Sório são de: Canistrelli de Clémentine (latas), Canistrelli Nature (latas), Canistrelli Figo e Nozes (350 g), Canistrelli Clémentine e Avelã (250 g), Canistrelli Avelã e Chocolate (250 g), Canistrelli de Farinha de Castanha, Canistrelli Amêndoas Caramelizadas (250 g), Mini Canistrelli Avelã e Chocolate

As geleias do Sório são das frutas: figo, figo com frutas secas, figo com nozes, clementine (espécie de mexerica típica da ilha), cedrat (sidra), creme de castanha, frutas vermelhas (morango, groselha e framboesa), laranja e amora selvagem. Novidades 2013: Creme de Castanha e Chocolate, Geleia de Cereja Negra e Tomilho, Geleia de Pêssego, Damasco e Mel e Geleia de Myrthe

São oferecidos no Sório, nas últimas quintas feiras de cada mês, jantares de harmonização de pratos  com vinhos corsos. Nesta ocasião, Thierry faz uma apresentação de audiovisual sobre a Córsega e seus vinhos para as pessoas interessadas.

No empório Sório fui muito bem recebido tanto por Thierry como pela Melissa, especialista nos vinhos. Ambos ótimos anfitriões nos oferecendo em São Paulo, os sabores da Córsega.

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