Foto: Casa com morador típico
O Marrocos está despertando de um período de quase 50 anos na área de produção de vinho, ou seja, desde que a França se retirou de lá.
Em meados do século XX, a Argélia, Marrocos e a Tunísia tinham no mínimo, 2/3 do comércio mundial de vinhos.
A maior parte deste volume de vinhos ia para a Europa, principalmente para a França, na forma de um vinho tinto escuro e convenientemente forte para fazer misturas.
Com a falta da demanda interna, nestes países, majoritariamente muçulmanos, o declínio da produção de vinhos se deu imediatamente após a independência da França. O estado assumiu o controle da produção, resultando em quase nenhum investimento na área.
No entanto, o Marrocos está a caminho da retomada, por meio de diversas Joint Ventures e da chegada de equipamentos modernos, inclusive para o plantio de novos vinhedos mecanizáveis.
As uvas utilizadas são: Guerrouane, Beni M`Tir, Berkane e Coteaux d`Atlas.
Os vinhedos melhores estão próximos à cidade de Meknès, com cerca de 60% da produção e também Fèz. Ambas as cidades estão a uma altitude de 600m, o que garante uma benfazeja queda de temperatura durante a noite, nestes locais.
O vinho mais produzido no Marrocos é tinto, bem mais popular que os brancos, além de rosés da uva Cinsault.
Voltando à nossa viagem. Ela foi iniciada em Málaga, na Espanha, de onde partiu a excursão da qual pertencíamos.
Foto: Cartaz de tourada em Málaga
Conforme orientação de meu amigo, José Augusto, sócio da Checkout Turismo (fone: 11-5561.2244), escolhemos o melhor nível de Hóteis, para nos hospedarmos na região, pois lá só existem hotéis de 2 níveis: os de primeira categoria, e os de segunda, que não eram recomendados.
Foto: Hotel em Marrakesh
Mesmo assim, no Hilton de Rabat, onde ficamos, apesar de ser muito bonito, tinha um problema de vazamento no nosso banheiro, que vinha do andar de cima.
Tivemos sorte de ter esta dica de hospedagem, pois em Marrakesh, o hotel de segunda categoria estava com o ar condicionado quebrado e a temperatura, por ali, chegou a 47 graus, naqueles dias.
Nossa excursão era compostas por espanhóis e argentinos, escolhidos pela similaridade com a nossa língua.
Fomos de ônibus até o estreito de Gibraltar e de lá atravessamos de barca para Tanger.
Foto: Travessia em Tanger
Em Tanger ficamos num lindo hotel, que me remeteu ao filme Casablanca, devido ao seu glamour.
Tanger é uma antiga cidade fenícia, fundada por colonos cartagineses do início do século V A.C. Seu nome se originou provavelmente da deusa berbere Tinjis.
No passeio pelo Mercado pudemos ver a paciência dos mercadores, que empilhavam as azeitonas, várias vezes ao dia, pois as pilhas prontas, volta e meia, se desmanchavam, a cada vez que as azeitonas eram retiradas para serem vendidas.
Foto: Vendedor de azeitona
Saímos no dia seguinte para um passeio pelo bairro nobre de Tanger, região das casas dos milionários locais e das praias do local.
Em seguida, fomos para a cidade imperial de Méknes, bastante rústica e cercada por uma muralha de 40 Km.
Foto: Muros de Méknes
Partimos no mesmo dia para a cidade de Fez, que é a metrópole religiosa, intelectual e artística do Marrocos, centro da monarquia milenar.
Foto: Medina em Fez
Lá fizemos um passeio ao labirinto formado pela Medina (cidade antiga), onde passavam motos e burricos carregando mercadorias e os condutores gritavam: “Balak” (sai da frente), o tempo todo, pois não tinham como parar.
Descobrimos que, para se formar uma Medina na região, é necessário ter: um forno comunitário, uma fonte de água, uma escola e uma mesquita.
Foto: Porta de casa
Apesar da aparência extremamente rústica das casas, nos disse o guia que, nesta cultura, as casas são voltadas para dentro, com pátios e um luxo interno que contrasta com a rusticidade externa.
O guia nos levou por ruelas, que seriam de difícil saída, se não contássemos com sua ajuda.
Foto: Loja de tapete
Do mesmo jeito que ocorreu comigo na Turquia, em Marrocos fui a um vendedor de tapete. Com ele tomei um chá de ortelã, bastante adocicado, até a hora da negociação, onde me senti outra vez enrolado.
Foto: Tingimento de tapete em Fez
Fomos em seguida a Marrakesh, passando pela cidade de Beni Mellal, que fica aos pés da montanha Tassemit (com 2247m de altitude).
Na região dos montes Atlas centrais, o clima ali é continental, com um verão quente e um inverno frio, ao ponto de permitir a prática do esqui nas montanhas.
Esta cidade fica numa região de rica agricultura de laranjas, figos e olivas.
Foto: Entrada na medina de Marrakesh
A cidade de Marrakesh, recheada de tamareiras, junto com a medina de Fez foram para mim, os pontos altos da viagem.
Foto: Feira em Marrakesh
Marrakesh possui o maior sud (Mercado tradicional) do país, e também uma das praças mais movimentadas da África, a “Djemaa el Fna”, que recebe nela todos os dias, acrobatas, vendedores de água, dançarinos, músicos, tatuadoras de henna, barracas de comida e encantadores de serpentes.
Foto: Tirando foto com o camelo
Lá pude constatar mais uma vez, o espírito de comerciante do árabe.
Para se tirar 1 foto com um camelo, tem-se um preço, para fotografar 2 pessoas é mais caro, e para subir no camelo, mais caro ainda!
O mesmo acontece quando vamos tirar fotos com as serpentes preguiçosas. Elas até tomam uns tapas, para dançar com a música da flauta.
Foto: Encantador de serpente
Constatei que, o rapaz ficava com um tambor na frente das serpentes, escondendo-as, até que você pagasse para fotografá-las. E se você quisesse tirar mais fotos... Precisaria pagar de novo.
Fiquei incrédulo quando vi nesta praça, pessoas comendo cérebro de carneiro assado, exposto a uma temperatura de 47graus ao sol.
Foto: Cozinheiro com os cérebros de carneiro
Descobri também que existem vários tipos de tâmara, e com custos diferentes, e que as baratas passeavam livremente entre elas.
Foto: Mulher plicando Hena
Lá tomei o melhor suco de laranja da minha vida, muito intenso e de uma cor avermelhada! Dizem que o calor favorece o caldo da fruta assim como, sua doçura.
Fomos em seguida para Casablanca, que nada tem daquele glamour do filme. É a maior cidade do Marrocos, bem como sua capital comercial e industrial.
Lá conhecemos uma enorme mesquita, Hassan II, que é o mais alto templo do mundo, onde não era permitida a entrada de pessoas não muçulmanas.
Foto: Mesquita em Casablanca
Fomos depois para Rabat, que é a capital oficial do Marrocos, onde visitamos o mausoléu de Mohammed V, rei do Marrocos, em 1956, quando o país obtinha sua independência.
Nesta viagem na qual não provei nenhum vinho da região vi em compensação, muitas maravilhas:
Foto: Portão trabalhado
Os inúmeros portões trabalhados como marchetaria, os típicos vendedores de água, as medinas, os artesãos trabalhando metais e teares, o deserto e os imponentes prédios daquela cultura tão singular! Foi patente também a grande desigualdade social. Muitas pessoas viviam em casas majestosas e outras em verdadeiras favelas.