quarta-feira, 17 de março de 2010

Viagem a Istambul

Partindo de um sonho de conhecer os mistérios do Oriente que incluía ver de perto, as dançarinas do ventre, programei uma viagem para Istambul.
Foto: Dançarina do ventre no hotel

Descobri que Istambul tem uma parte no Ocidente e outra no Oriente, separadas pelo estreito de Bósforo. Este estreito liga o mar Negro ao mar de Mármara. O nome Bósforo significa boi, e conforme a mitologia diz, se refere à história de Ló, jovem amada por Zeus, transformada por ele em boi e perseguida por uma mosca sugadora, enviada pela ciumenta Hera.
Foto: Hotel de luxo no bósforo

Chegando pelo lado ocidental, me deparei com uma cidade de largas avenidas e com um trânsito caótico. Os taxis eram antigos e os motoristas não falavam outra língua, senão o ininteligível árabe.
Nesta época que visitei Istambul, o euro ainda não tinha sido implantado, o que tornava a viagem razoavelmente barata.
Foto: Hotel Conrad

Hospedamos-nos no hotel Conrad Hilton, que parecia um palácio moderno, habitado por figuras das “mil e uma noites”, vestindo pesadas roupas, que escondiam até a face.
Dizem que por baixo destas vestimentas, essas mulheres são as maiores consumidoras de lingeries das mais finas grifes européias.
No caminho para o hotel, descobri que barcos que iam ao centro da cidade, partiam de um cais que ficava perto do hotel. Isto me atraiu para a aventura pelo mar.
No dia seguinte, por duas vezes, perguntei ao recepcionista como poderia ir de barco para o centro, obtendo a afirmativa que eu deveria ir de taxi.
Aficcionado pela aventura e pelo desejo de contato com o povo local, fomos ao cais para obter informação sobre o uso das barcas. A única coisa que entendi, em árabe, era que, devíamos pegar um barco para o lado oriental e de lá ir ao centro, o que considerei muita aventura.
Decidi então ir de ônibus, o que não se foi uma empreitada fácil, pois o pagamento das passagens, era feito em alguns casos, dentro do ônibus e em outros casos, no guichê externo.
Encontrei, no terminal, um ônibus com a placa Topkapi, nome de um palácio que deveria ficar no centro da cidade. Foi neste ônibus que embarquei.
Foto: Entrada do bazaar de especiarias

Chegando ao turbulento centro, nos dirigimos ao Mercado de especiarias, atraídos pelos deliciosos aromas que sentíamos, desde sua entrada.
Os cheiros se mesclavam com todo tipo de tempero e supostos afrodisíacos oferecidos pelos vendedores.
Lá compramos o melhor curry que já provei na vida e outros tantos doces maravilhosos, compostos por geléia de mel e pistaches.
Foto Gran Bazaar

Fomos em seguida ao “Gran bazaar”, onde os vendedores eram tão espertos que chegavam a reconhecer a nossa origem, simplesmente pelo nosso semblante, apenas nos confundindo, à vezes, com os italianos.
Lá descobri que a habilidade dos nossos comerciantes, vem daquela origem.
Lá tudo era negociado e éramos seduzidos por chás e outros mimos.
Passamos praticamente toda a manhã negociando um tapete. Quando chegamos a um acordo no preço, percebi uma risadinha marota do vendedor, demonstrando que tínhamos fechado o preço antecipadamente.
À noite jantamos no hotel, onde havia um show de dança do ventre, com uma bela turca, e embora, mais parecesse um show preparado para turista, tinha o seu encanto.
No delicioso jantar tomei o vinho turco Yakut, da variedade de uva turca Kalecik Karasi, da vinícola Kalvaklidere. Era um vinho harmonioso e com uma boa complexidade.
Foto: Rótulo do vinho

Na época, não sabia que credita-se a origem do vinho à Turquia, Geórgia ou Armênia
A Turquia hoje tem a quarta maior área plantada de uvas do mundo, sendo que apenas 3% delas são transformadas em vinho, a grande maioria das uvas é consumida em natura ou na forma seca.
Descobri que o povo da antiga Anatólia, região da capital Ancara, já produzia vinhos 4000 anos antes de Cristo. Uma visita ao museu da civilização Anatólia de Ankara, mostra esta histórica tradição.
No dia seguinte retomamos a aventura de ônibus indo, ao palácio Topkapi, onde tivemos várias revelações.
A primeira delas ocorreu na visita ao harém, onde descobri que quem escolhia as mulheres do sultão, era a sua mãe, que também governava a cidade, quando seu filho viajava. Desta forma, quem realmente educava e depois dominava o sultão, era sua mãe, exercendo o matriarcado, que continua até hoje.


Os tronos, por sua vez, eram enormes, provavelmente para conter a gordura do governante, que passava a maior parte do tempo descansando e se alimentando.
Neste palácio é que existe a maior Esmeralda do mundo, que, no entanto, como a maioria das jóias ali, estava na sua forma bruta.
Foto: Interior da mesquita azul

Visitamos também a encantadora mesquita Azul, coberta por mosaicos, pastilhas e escritas em árabe. Esta Mesquita tem um enorme pé direito e recebe muitas preces do povo.
Foto: Mesquita Santa Sofia

Outro passeio que fizemos foi a bonita visita à mesquita Santa Sofia, que apesar de ter um acabamento mais rústico, é cheia de misticismo e, dizem, tem a marca do toque de Deus.
Foto: Taksim

À noite fomos à região noturna mais badalada de Istambul, denominada Taksim.
Passamos pela vitrine de uma loja, onde uma senhora sentava em volta de um tipo de fogão, na forma de uma enorme panquequeira, preparando finas folhas de massa de pão, que seriam cobertas por variadas opções de ingredientes. Não resistimos e fomos apreciar a deliciosa iguaria.
Entre os animados bares e restaurantes da região, tentamos encontrar um local, onde houvesse a verdadeira dança do ventre. Passamos por vários porões, com aparência suspeita e nos desencorajamos da empreitada.
Na volta, tentamos pedir a um taxista para nos levar ao hotel, mas nossa pronúncia deve ter sido ininteligível para ele. Na segunda tentativa de comunicação, finalmente tivemos sucesso.
No dia seguinte, fizemos um passeio pelo canal que divide os dois lados da cidade, ladeado por casas que custavam milhões de dólares, ele constrastava com a grande pobreza do povo.
Foto: Casa no Bósforo

Em outros passeios pelo centro, conhecemos algumas figuras típicas da cidade, como o engraxate, com um enorme aparato dourado para fazer seu trabalho, e o vendedor de peixe. Este último era outra figura singular, cuja cozinha ficava dentro de um barco no canal. Ele vestia um tipo de tapete e parecia bastante exótico.
Foto: Tomando chá no Gran Bazaar, frente a uma imágem de um Derviche

Os vendedores de chá passeavam pela cidade, com suas bandejas cheias de copinhos decorados.
Os vendedores de sorvete, por sua vez, faziam malabarismos, para atrair os clientes.
Fomos de barco ao lado oriental e a um parque, lotado de pessoas fazendo pic-nic, que se chamava Çamlica. Não encontrando qualquer atração que justificasse nossa presença por mais tempo neste lado oriental, voltamos para o lado ocidental.
Fizemos uma descoberta desagradável, a de que tínhamos de levar papel higiênico conosco, aos banheiros públicos, pois nunca encontrávamos um, nos locais.
 Foto: Menino turco na idade do batismo

Apesar de algumas frustrações, voltamos para o Brasil, repletos de cheiros e imagens.
Foto: Aparato do sapateira

Uma coisa que nos acompanhou, foi o som do cântico dos religiosos. Cânticos que ecoavam por toda a cidade, em determinadas horas do dia em que o povo parava para seu culto religioso.

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