Saímos do porto da cidade litorânea de Bari, que fica na Puglia, uma das cidades mais perigosas daquele país.
O porto de Bari não tinha nenhuma infra-estrutura, e como o navio para Patras, na Grécia, demoraria a sair, tivemos que achar onde deixar as malas.
Lá encontramos um italiano, com poucos dentes na boca e com um típico sotaque sulino, que agenciava alguns boxes do banheiro feminino, para guardar malas.
Ele me falou, de uma forma bem sacana, que gostava das brasileiras.
Ele comentou: “Fachevo um bello capuccino”.
Quando minha esposa apareceu, ele me disse : “Que bella Donna, devevo fare un bello capuccino” (me desculpem pelo Italiano).
Passamos a noite no navio, onde saboreamos um funghi porcini em conserva, que havíamos comprado numa feira na Calábria. Eles eram enormes e deliciosos, na sua conserva em “olio”.
No dia seguinte chegamos ao caótico porto de Patras, onde pegamos um ônibus para Atenas.
Foto: Canal de Corinto
Pelo caminho passamos pelo canal de Corinto, que é um canal artificial, construído para ligar o golfo de Corinto ao mar Egeu.
Este canal, de 6,3km, concebido no século VII A.C., foi inaugurado em 1893, e une, por via marítima, as regiões da Grécia, do Peloponeso ao Mar Egeu, evitando fazer uma volta de 400Km.
Foto: Akropolis
Passeando pela cidade, fomos ao alegre e boêmio bairro de Plaka, que fica no pé da “Akropolis” .
Foto: Teatro de Dionísios
Visitamos a “Akropolis” e seu museu, o “Partenon” e o “Erecton”, que era o templo mais sagrado da antiguidade. Visitamos também o magnífico “Teatro de Dionísios”.
Foto: Jantar em Plaka
De noite fomos jantar em Plaka, debaixo de parreiras, onde assistimos a um show turístico com música grega e bebi pela primeira vez a Retsina.
Cartão do restaurante
Este vinho, predominante da região de Atenas, é de sabor e aroma estranho, devido a participação de resina na sua fermentação.
Antes de existirem as rolhas de cortiça, as garrafas eram tampadas com resina e isto conferia aquele estranho sabor ao vinho. Daí o nome dado a ele.
Foto: Akropole
Partimos então para uma viagem de balsa, por aquele mar azul anil, para as ilhas de Mikonos e Santorini. A balsa era repleta de videogames e os gregos fumavam muito dentro do navio, o que tornava para mim, a viagem interminável.
Foto: Porto de Mikonos
Hordas de “hipongas” e mochileiros de toda Europa, ora dormiam no convés do navio para economizarem na hospedagem, ora se bronzeavam no tórrido sol do deck.
Foto: Entrada de Mikonos
Sugiro que façam esta viagem de avião para aproveitarem melhor o tempo.
Foto: Moinhos de vento em Mikonos
Chegamos a Mikono com suas casas brancas, seus moinhos de vento, e os polvos secando no varal.
Foto: Mikonos e os polvos
A cidade tem as ruas em forma de labirinto, com o objetivo de desorientar Possíveis invasores.
Foto: Restaurantes na cidade
Jantamos num restaurante na beirada da praia da cidade, onde pudemos ver o por do sol.
Foto: As casas e igrejas brancas de Mikonos
Suas praias tinham uma areia branca e o uso de topless era generalizado.
Foto: Praia de Mikonos
Lá alugamos uma motinha para passearmos por toda ilha e pelas diversas praias.
Foto: Pelicano pelo labirinto de Mikonos
Conhecemos o centro comercial da ilha, onde caminhava um simpático pelicano com seu longo bico, o que não nos encorajava uma aproximação.
Foto: Vista de Santorini
Partimos depois para a ilha vulcânica de Santorini, ilha esta de areia cinza e cheia de praias com rochas escorregadias.
Com o calor tórrido do verão, não consegui resistir a um sorvete a beira mar.
Foto: Praia de Santorini
Esta ilha tem uma beleza inigualável, com suas casas bastante coloridas, penduradas num penhasco, que outrora fora a parede de um vulcão.
Foto: Mulas escalando o penhasco
As paredes do vulcão são tão íngremes que o povo, ainda hoje, usa burricos para sua escalada.
Foto: Ilha no meio do vulcão
Visitamos uma ilha no meio do antigo vulcão que ainda soltava vapores com cheiro forte de enxofre.
À noite ouvíamos o som das discotecas que tocavam música internacional, mas que também tocavam música grega. Quando isto acontecia, o povo a acompanhava num coro animado.
Foto: Meio de transporte nas ilhas
Alugamos também uma “vespa”que sofria para escalar as ladeiras de um local chamado “Ia” (os gregos falam oia).
Foto: Vista de "Ia"
O trajeto foi um pouco complicado, pois as placas eram escritas em grego, e as pessoas do caminho também só falavam grego.
Foto: Por do sol em "Ia"
Lá chegando, apreciamos o pôr do sol com a vista mais bonita de toda ilha!
Passeei descalço pela praia próxima ao hotel, quando ouvi uma mulher rindo e falando algo como: “Sans sarau” (que deveria querer dizer: sem sapato). Para ela isto era um absurdo! Até porque o contorno da praia era calçado de paralelepípedos.
Vi também um senhor com uma mula vendendo pequenos tomates e fui comprar um pouquinho.
Sua língua era indecifrável, mas consegui conversar e comprar uma quantidade de tomatinhos muito gostosos, pois sua doçura era inigualável.
O vinho grego, por sua vez, conquistou na última década, nome respeitado, com variedades nativas de uva, e produções também com cepas importadas.
No caso principalmente dos vinhos brancos, algumas das suas variedades vem da Grécia antiga, berço da moderna cultura do vinho.
A nova era dos vinhos começou em 1985, quando um grupo de enólogos e agrônomos retornaram á Grécia, após treinamento na França.
Os vinhos da região norte da Grécia hoje é de potencial menos concretizado, enquanto os da Macedônia são os vinhos mais notáveis do pais.
Os vinhos são produzidos em algumas ilhas, sendo a de Creta, a de maior produção vinícola.
A ilha de Santorini é a mais original e cativante de todas. Seus vinhos potentes e intensos, brancos com aroma de limão e minerais, são muito secos!
Esses vinhos são feitos principalmente com as antigas uvas Assyrtiko, em pequenas regiões, no topo do vulcão dormente.
Tive a oportunidade de participar de uma degustação de vinhos Gregos, de uvas de nomes difíceis de pronunciar, importados pela Mistral (fone:3372-3400):
1) Adoli Gris 2005, produzido, na região de Patras. Sua graduação alcoólica é de 12%. Este vinho é produzido com as uvas Laghórti (45%), Asproudes (mescla de uvas 30%), Roditis Alepoú (15%) e Chadornnay (10%). É um vinho branco seco, cheio de personalidade. Estava bem fresco, com cor amarelo esverdeada. O aroma dele é de melão, manga e kiwi. Na boca é frutado e fresco, com uma boa acidez, sensação de vivacidade , características metálicas. Seu preço é US$43,50
2) Thalassitis Assyrtiko OPAP 2005, produzido na ilha de Santorini. Sua graduação alcoólica é de 13%. Este vinho é produzido com a uva Assyrtiko, que é uma das poucas que floresce dentro de condições tão adversas de solo (pobre) e de clima. É um vinho branco seco, cheio de personalidade. Estava bem fresco, com cor amarelo esverdeada. O aroma é cítrico. Na boca é frutado e fresco lembrando a maçã , um vinho mineral com um final tostado e boa acidez, sensação de vivacidade e características metálicas. Seu preço é US$43,50
3) Gerovassiliou Chardonay TO 2005, produzido, na região de Epanomi. Sua graduação alcoólica é de 13,5%. Este vinho é produzido com a uva Chadornnay. É um vinho com uma cor amarela pálida. O aroma é cítrico. Na boca tem uma textura cítrica e de mel, com nuances de nozes secas e baunilha. Seu preço é US$55,00.
4) Cabernet-Nea Dris EO 2003 produzido, na região de Patras. Sua graduação alcoólica é de 14%. Este vinho é produzido com uvas Cabernet Sauvignon (70%) e Cabernet Franc (30%). É um vinho que tem uma cor vermelha púrpura. O aromas dele são de pimenta verde, amora, chocolate e baunilha. Na boca tem um corpo cheio, com uma boa estrutura tânica e fascinante retrogosto. Seu preço é US$74,00.
5) Gaia Estate 2003 produzido, na região de Neméa. Sua graduação alcoólica é de 13,5%. Este vinho é produzido com as uva Agiorgitiko. É um vinho que tem uma cor vermelha profunda. O aromas são de amora e cereja preta, bem balancedas com tanino e madeira. Seu preço é US$79,50.
6) Gerovassiliou Syrah 2003 produzido, na região de Patras. Sua graduação alcoólica é de 14%. Este vinho é produzido com as uvas Syrah (80%) e Merlot (15%) e algumas castas gregas. É um vinho que tem uma cor vermelha púrpura. O aromas são de frutas escuras e especiarias e baunilha. Na boca as fruta negras se sobressaem, junto com as notas de madeira. Seu preço é R$97,00.
Pude participar também de uma degustação de vinhos gregos, na casa de meu amigo, também grego, Daniel, que é um grande chefe de cozinha.
Neste dia, comemoramos, entre amigos, mais um noivado deste grego sedutor, como deve ser a maioria deles.
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