domingo, 28 de novembro de 2010

Os 50 melhores vinhos portugueses

Estive no evento “Os 50 melhores vinhos portugueses”, que foi um projeto iniciado em 2004 na Inglaterra e que chegou em 2010 ao Brasil.

O primeiro jornalista inglês, a fazer a seleção de vinhos, foi Richard Mayson, que atualmente é um produtor do Alentejo.

De acordo com a comissão julgadora, a grande diferença encontrada, entre o evento de 2004 e o atual, foi a crescente notoriedade dos vinhos brancos portugueses, aumentando os selecionados de 3, em 2004, para 12 brancos em 4/11/2010, além de incluir 2 fortificados e 1 espumante.

Os participantes do júri relataram que: Portugal é um país que está redescobrindo sua diversidade de terroirs, e que conta com uma geração de enólogos jovens e qualificada, o que glorifica sua rica herança de uvas nativas.

Os vinhos da região do Douro e Alentejo continuam a dominar os 50 melhores vinhos de Portugal.

Os melhores vinhos eram de:
Desta forma, pude perceber que a região que apresentou a maioria dos melhores vinhos, como Douro e Alentejo, é a mais valorizada.

Alguns critérios foram definidos para selecionar os 50 melhores vinhos do evento:

1) Qualquer vinho português poderia participar do evento

2) Um máximo de 6 vinhos selecionados poderiam não estar disponíveis no Brasil (acabaram sendo 4).

3) A lista precisava representar o conjunto dos vinhos de Portugal.

4) Cada produtor poderia ter apenas 1 vinho na lista.

5) Os 50 vinhos foram divididos em duas categorias: tops e melhores compras (limitados a R$80)

Um dos objetivos do evento era incrementar o consumo de vinhos portugueses no Brasil.

Atualmente o consumo anual de vinho no Brasil é de 2 litros per capita, enquanto no Chile e Argentina é de 25 litros per capita e de 30 litros per capita na Europa.

A produção de vinhos em Portugal é dividida entre as regiões: Vinho Verde, Trás os montes, Douro, Dão, Beira interior, Beiras, Bairrada, Lisboa, Tejo, Alentejo, Península de Setúbal e Algarve.

Dos vinhos que provei, os que mais gostei foram:

1) Vinha Maria Teresa 2007. É um vinho de cor intensa de frutas vermelhas. O aroma é de frutas em compota. Na boca tem taninos intensos e macios, com um final corpulento. Achei o melhor vinho da degustação, só levei um susto ao receber a tabela de preços da importadora Qualimpor, seu preço é de R$1.650,00.

2) Quinta da Falorca Garrafeira old wines 2004, produzido na região de Silgueiros, sub-região do Dão. As castas usadas são: principalmente touriga nacional, tinta Roriz, sendo apenas 10% de rufete e de outras castas. Sua cor era rubi brilhante intenso. O aroma é de frutas vermelhas com toques de chocolate. Na boca ele é elegante e equilibrado, com um tanino corpulento, dando a impressão de ter longevidade. O final na boca é longo e persistente. Em minha opinião, este é o segundo melhor vinho degustado. A importação dos vinhos deste produtor é feita pela World Wine.
Foto: Pedro Figueiredo e seu pai, donos da quinta da Falorca
3) O terceiro melhor vinho para mim foi o Pêra Manca 2007. Produzido pela Fundação Eugênio de Almeida. O nome Pêra-Manca, ícone da produtora, deriva de uma formação rochosa de blocos arredondados, em desequilíbrio sobre a rocha firme. A tradição diz que este vinho remonta à idade média e que foi ele que Pedro Alvares Cabral transportou para o Brasil. É um vinho complexo e elegante, com aromas balsâmicos e de especiarias. Na boca é rico, com taninos bons, que devem melhorar com o passar do tempo. Pena que seu preço seja de R$529,75 (Adega Curitibana 2008).

Na faixa dos vinhos classificados como melhores compras, gostei destes:

4) Espumante 3d Brut Nature, produzida pela Filipa Pato na região Beiras. Seu preço é de R$46,63, na Wine Store.

5) Muxagat branco 2008, da região do Douro, importado pela Épice, e produzido com a uva Rabigato

6) Sexi tinto 2008, produzido pela vinícola Fita Preta, no Alentejo. É importado pela A. Fonseca & Filhos.



O que estranhei nesta seleção foi a falta da vinícola Casa Ferreirinha, que produziu até 2000 o seu melhor vinho, Barca Velha, e ainda produz o maravilhoso vinho: Reserva Ferreirinha, importado pela Zahil por R$315,00.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Viagem à Bordeaux

Participei de duas viagens à região de Bordeaux, na França, famosa pelos vinhos excelentes, porém de preços exorbitantes.

A região de Bordeaux pode ser dividida em 5 sub-regiões principais: Médoc, Pessac-Léognan e Graves, Saint-Émilion, Pomerol e Sauternes.

Dentro de Médoc, as principais comunas são: Margaux, St Julien, Paillac e Sain Estépe. Nesta região ficam os vinhos mais famosos da região de Bordeaux, com seus grandes Premieres Crus Classés: Chateau Lafite-Rothschild, Chateau Margaux, Cháteau latour e Cháteau Mouton-Rothschild.

Na região de Sauternes são produzidos os melhores e mais famosos vinhos de sobremesa do mundo, como o Cáteau d’Yquem.
Foto: Botrytis (fungo que ataca a uva e produz vinhos Sauternes)
Na primeira viagem, fiquei na charmosa cidadela medieval de Saint Emilion, e na segunda, me senti viajando por Pauillac, que é uma comuna de Médoc, durante uma degustação de vinhos da região.

Na primeira viagem, parti da Espanha Basca em direção à cidade de Bordeaux.

Como, ao nos dirigir à Bordeaux, ficamos perdidos num anel viário que contornava a cidade, decidimos então ir em direção à Saint Emilion, que ficava, por sua vez, na região da Aquitânia, no departamento de Gironde. Esta não foi uma empreitada fácil, apesar de distar apenas 35Km de Bordeaux.

Esta cidade conta com mais de 900 vinícolas, sendo que, 61 delas, são classificadas como as melhores vinícolas, oferecendo vinhos dos mais prestigiados no mundo. 46 pertencem à classe dos Grands Crus e 15 são Premiers Grands Crus. Em geral, são vinhos produzidos em quantidade reservada.

Declarada patrimônio universal pela Unesco em 1999, Saint-Emilion tem monumentos e vestígios da época romana, como uma igreja monolítica, totalmente esculpida em rocha, catacumbas e a maior igreja subterrânea localizada na Europa, também esculpida em pedra durante o século II.

Conta a história que, o monge bretão Emilion foi quem batizou o povoado, no século VIII. Ele teria abandonado amigos e familiares para se refugiar nas florestas da região, após ter sofrido acusações como monge da ordem beneditina. Lá, construiu uma igreja e dedicou sua vida a auxiliar pobres e desamparados. A Emilion é atribuído o milagre de ter devolvido a visão a uma mulher cega.

Circundada por plantações de uvas, Saint-Emilion foi construída na forma de um anfiteatro, na parte mais alta do solo calcário característico da região. Foi desse solo que saíram as pedras de cor ocre, utilizadas na construção de grande parte da cidade.

O solo da cidade, que fica sobre um morro de calcário, é todo escavado em túneis, onde ficam as adegas das vinícolas.

A segunda viagem que fiz, foi durante a degustação de vinhos da vinícola Pichon Lalande, da região de Pauillac, dirigida pelo presidente da empresa, sr. Gildas.

Desta vez, quem me levou a Pauillac foram os sabores e os aromas que os vinhos despertaram em mim.

Soube que Pauillac, cuja história confunde com a dos vinhos da região, fica na mesma região de Saint Emillion. Ela tem 12km, onde ficam algumas das mais famosas e premiadas vinícolas do mundo.

O sr Gildas contou-nos interessantes histórias, do início do desenvolvimento da região, em 1686. Esta terra era considerada selvagem e solitária, ingrata e hostil.

Ainda no século XVII, a paisagem da região foi redesenhada, quando dois grandes empreendedores, que criaram as 40 grandes propriedades das vinícolas modernas de Medoc.

Em 1855, Napoleão III classificou o Chateau Pichon Longueville Contesse de Lallande como “Second Cru Classé”.

De acordo com sr. Gildas, no início, o vinho produzido na região era do tipo clarete, de baixa qualidade.

Devido à guerra da França com a Holanda, o porto de Bordeaux foi bloqueado pelos holandeses, não permitindo o escoamento dos vinhos da região.

Para conservar o vinho, ele foi colocado em barris, melhorando muito a sua qualidade e criando o uso do processo de envelhecimento.

Contou também que depois do período das grandes guerras, os Chateaux da região eram deficitários, tornando-se excelentes negócios, só mais recentemente.

Para se ter uma ideia, o hectare da terra de Pauillac custa por volta de 1,2milhões de euros.

Os vinhos desta vinícola utilizam: as uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e em alguns casos, Petit Verdeaux, são importados pela World Winde (fone3383-9300).

1) Chateau Bernadotte 2006, produzido na região de Haut-medoc, uma região menos nobre que Pauillac. Sua a graduação alcoólica é de 13%. Sua cor era rubi brilhante intenso. O aroma é de cereja, chocolate e amentolado. Na boca tem um tanino corpulento e seu preço é de R$132,00.

2) Pauillac 2004 produzido na região de Pauillac, bem como os demais. Sua a graduação alcoólica é de 13%. É um vinho mais frutado e jovial em relação aos produzidos nesta região. O aroma é de ervas e frutas vermelhas, com traços florais. Na boca tem um ataque de tanino corpulento. Acho ruim sua relação custo/benefício. Seu preço era de R$178,00.

3) Réserve de la Comtesse de Lalande 2006, com uma graduação alcoólica de 13%. Este vinho inicia um grupo que pode se comparar à alta costura. Sua cor é rubi bem concentrada, com reflexos púrpura. O aroma é complexo e intenso de frutas negras maduras, como cassis, com toques de baunilha e especiarias. Na boca é denso estruturado e bem equilibrado, com bons taninos e persistência longa. Pena que seu preço seja de R$279,00

4) O mesmo vinho foi apresentado, mas da safra de 2005, que foi excelente. Neste vinho deu para notar bem o que representa uma grande safra.
Parecia outro vinho, muito mais aromático e saboroso, o que, no entanto, tem seu preço, R$336,00.

5) Réserve de la Comtesse de Lalande Grand Cru Classé 2006, sua graduação alcoólica é de 13%. Esse é um vinho maravilhoso, tem uma cor densa púrpura, além de uma bela expressão no nariz, de café tostado, chocolate, creme de cassis e especiarias. Tem um corpo perfeito na boca, com excelente tanino e uma textura muito boa. Seu preço é de R$900,00

6) O mesmo vinho anterior, porém da safra 2005. A experiência foi magnífica, valendo as mesmas observações do vinho número 4. Seu preço é de um fórmula 1 dos vinhos, R$1.036,00.



Esta viagem que fiz foi maravilhosa, um verdadeiro passeio por toda esta gama de vinhos excepcionais, carregados de história.

Neste percurso de saborear e através dos aromas e gostos, poder viajar, foi muito interessante e só seria melhor se acompanhado de amigos, pois como disse Mário Quintana:

“Por mais raro que seja, ou mais antigo,
Só um vinho é deveras excelente
Aquele que tu bebes, docemente,
Com teu mais velho e silencioso amigo.”

domingo, 7 de novembro de 2010

Viagem a Boston

Depois de Vermont, o destino seguinte era o da cidade de Boston, que fica no estado de Massachusetts.
Foto: Centro de Boston
Apesar do estado de Massachusetts não ter importância como produtor de vinho, vou escrever sobre a viagem a este Estado, onde comprei um excelente Syrah americano.

A história de Boston teve seu início em 1620, quando os primeiros peregrinos fundaram o povoado de Nova Inglaterra, em Plymouth Harbor. A fundação da cidade em si ocorreu em 1629.

O nosso passeio começou pela cidade de Boston, onde o preço dos hotéis é um pouco caro. Decidimos então, ficar hospedados em Riverside, nos arredores de Boston, que conta com uma linha de metrô, que nos transportaria para o centro da cidade.
Foto: Prédio na região litorânea
Assim foi. Com uma certa lentidão do metrô, saímos dos arredores de Boston e chegamos ao centro da cidade, onde impera a organização e limpeza.
Foto: um dos parques do centro
Da praça central saíam algumas faixas pelo chão, que dirigiam e levavam os turistas para diversos Lugares. Algumas trilhas eram históricas e podíamos ver pessoas vestidas a caráter, com roupas de época, do início dos Estados Unidos.


Fizemos primeiro uma trilha histórica, que passava por importantes prédios, tais como o Quincy Market, que foi transformado em um centro comercial famoso, onde existem várias lojas de comidas.


Fomos também à região litorânea, próxima ao Aquário, onde repetimos os pratos de lagostas, como aquelas que apreciamos em Finguers Lakes.
Apanhamos um pouco com os instrumentos de quebrar as cascas, que, para inexperientes como nós, não eram nada fáceis de serem manejados. Esta foi uma missão quase impossível, além da sujeira razoável que fizemos.

Desta vez, para acompanhar a lagosta, tomei uma cerveja Budweiser, que vinha numa embalagem de alumínio, no formato de uma longnec.

Nesta orla, vimos restaurantes exclusivos de sócios e barcos, que mais pareciam navios,revelando a riqueza que paira na região.
Foto: Esquilos nos parques
O vinho que eu trouxe de lá, da uva Syrah, chamado Syrah Columbia Valley 2006, é produzido pela modesta “The Magnificient Wine CO, no Columbia Valley, no estado de Washington.

Desde a abertura da garrafa, já fiquei impressionado ao sentir os seus aromas, que foram melhorando com o passar do tempo. Sua cor rubi era intensa. Os aromas percebidos eram de tabaco, estragão e frutas vermelhas

Na boca, ele mais parecia um puro elixir, viscoso e rico, com sabor de frutas vermelhas (blueberry e raspberry) e especiarias. Sua graduação alcoólica era de 13,5%. O seu preço nas lojas de láé de US$20,00. Que pena que os impostos aqui multipliquem esta boa relação custo/ benefício.

Estivemos também na Chinatown de lá. Apesar do guia dizer que é a terceira dos Estados Unidos, depois de San Francisco e Nova York, foi uma grande decepção, pois está muito misturada com prédios comuns e sem charme.
Foto: Parque em boston
Partimos então, para conhecer Newport, uma cidade litorânea repleta de mansões milionárias, que mais pareciam hotéis.
Foto: Centro comercial de Newport
Apesar do tempo ruim, passeamos por seu comércio charmoso e por seu pequeno porto com iates suntuosos.

Pensamos nas figuras dos Kennedy, com certo ar blasé para toda aquela beleza...

De lá partimos para New York para fechar com chave de ouro a nossa viagem.

Miolo chega na Argentina e desbrava seu quinto terroir

Grupo brasileiro adquire a Bodega Renacer, localizada em Luján de Cuyo - Mendoza, consolidando assim, sua internacionalização em uma das pri...