Aproveitando a proximidade das festas de fim de ano e o verão, hoje falarei um pouco à respeito dos espumantes.
Atribui-se a Don Pierre Perignon, responsável pela adega da Abadia dos Beneditinos de Hautvilliers, na região de Champagne, na França, a paternidade do Champagne. No século XVII, ao degustar um vinho, que havia sido fermentados numa safra anterior, ele descobriu garrafas com uma grande quantidade de bolhas (CO2). Muito animado, chamou outros monges, dizendo: “Venham rápido irmãos, “estou bebendo estrelas”.
O espumante, em geral é associado a comemorações, sendo aberto com o pipocar da rolha. A abertura da garrafa de espumante, difentemente do hábito, deve ser feita de forma lenta, para que não se disperse os gases.
O vinho de Champagne era famoso bem antes de se tornar espumante. Entre 816 e 1823, 23 reis da França foram coroados na catedral de Reims. Foram necessários ainda alguns séculos para que os espumantes da região fossem chamados de Champagne.
Na época do seu descobrimento, era um vinho efervescente, o que denota presença de gás, considerado sinônimo de vinificação defeituosa.
O Espumante passou a ser feito por todo o mundo.
-Existem 5 processos de elaboração dos espumantes:
1) O tradicional, ou champenoise, caracteriza-se principalmente pelo fato da segunda fermentação ser feita na própria garrafa, adicionando-se açúcar e leveduras, no vinho vinificado tradicionalmente. Em geral, o primeiro passo é vinificar cada uva que entrará na composição da bebida.
2) O Charmat, onde a segunda fermentação ocorre em tanques especiais, com temperatura controlada e resistentes a pressões elevadas. A vantagem deste método é seu relativo baixo custo.
3) O método de transferência, pouco utilizado, combina fermentação na garrafa, com o processo de clarificação em tanque. O cuvée é então engarrafado e a segunda fermentação ocorre da mesma forma que o Champenoise. As garrafas são então esvaziadas por um equipamento especial de transferência. Em seguida, o vinho é clarificado por filtração em um tanque, passando em seguida para o engarrafamento.
4) No método Asti, os Italianos utilizam a uva Moscatel. O Spumanti é produzido interrompendo-se a fermentação alcóolica antes que a mesma se complete. Filtra-se os vinhos, enquanto ainda estão saturados de CO2, proveniente da fermentação. Eles são doces.
5) Existem ainda os espumantes simples e baratos, que são obtidos pela adição de CO2, considerados de pior qualidade.
O método champenoise é considerado o de melhores resultados. O seu custo é o mais alto, durando, o seu processo de 2 a 4 anos, enquanto o Charmat leva de 15 dias a 2 meses. O vinhos feitos pelo primeiro método tem um potencial de envelhecimento de até 10 anos, enquanto o Charmat, de apenas alguns meses.
Até a constituição do Mercado Comum Europeu, o nome Champagne era utilizado em muitos espumantes, sendo posteriormente designação exclusiva daquela região.
A temperatura de serviço deve estar entre 6 e 9 graus.
Existem espumantes Brancos e Rosés.
Degustei 5 espumantes, com preços variando na faixa de R$38,90 a R$99,20 e graduação alcoolica de 12%.Elaborados pelo método Champenoise, sendo:
- Espumante: Vértice Super Reserva. Ano 2005/ Degorgement: setembro de 2008. Produtor: Caves Trasmontanas Ltda. Região: Alijó, terras altas do Douro. Castas: Gouveio, Malvasia Fina, Rabigato, Touriga Franca, Viosinho e códega. Importador: Adega Alantejana (Fone: 5044-5760). Preço R$99,20. Comentário: Achei este espumante o melhor de todos, muito equilibrado, muitas bolhas pequenas e persistentes, o preço porém é um pouco alto.
- Espumante Rosé: Felipa Pato 3B. Produtor: Felipa Campos Pato. Região: Bairrada. Importadora: Casa Flora (Fone: 3327-5166). Preço R$38,90. Comentário: Este vinho apresenta a melhor relação custo benefício. É mais simples que o Vértice, com bolhas maiores, menos persistentes e um pouco de amargor no fundo de boca.
- Espumante Rosé: Vértice Rosé. Ano 2007. Produtor: Caves Trasmontanas Ltda. Região: Douro. Importadora: Adega Alantejana. Preço R$78,30. Achei este, o segundo melhor espumante, um pouco abaixo do Super Reserva.
- Espumante: Loridos extra-bruto vintage 2005. Produtor: Bacalhoa Vinhos de Portugal. Região: Beiras. Importadora: Portus Cale (Fone: 3675-5199). Preço R$47,00. Este espumante apresentou uma acidez mais acentuada, e apesar de ter um custo próximo ao do Filipa, a qualidade é bem inferior.
- Espumante Rosé: Luis Pato Brut Touriga Nacional. Produtor: Luis Pato. Região: Beiras. Importadora: Mistral (Fone: 3372-3400). Preço US$44,90. O Espumante não se saiu bem para seu custo, apresentando a segunda pior nota no quesito gustativo.
O Brasil está se tornando um produtor de bons espumantes, sendo um forte concorrente aos Portugueses.
Aproveitem as experiências que venho vivendo, enquanto procuro conhecer melhor o mundo dos vinhos. Também vou falar da gastronomia e de viagens pelo mundo, incluindo as principais regiões produtoras de vinho. Saúde! E boa leitura!
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