segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Viagem ao Douro

Depois de participar de várias degustações de vinhos Portugueses, resolvi fazer uma viagem aquele país. O período escolhido foi entre setembro e outubro de 2009, pois esta seria a época normal da vindima. Uma vez que já estivemos na região do Alentejo em outra viagem, decidimos iniciar por Lisboa, indo em direção ao norte, para conhecer a região e os produtores do Douro e do Dão.
Errei na época do ano, pois devido ao aquecimento global, a vindima estava no final lá no Dão e concluida no Douro, tendo começado a colheita no final de agosto.
Começarei o relato pela região do Douro.

O Vale do rio Douro é uma das regiões vinícolas mais bonitas do mundo. Os vinhedos são espalhados pelas encostas e os afluentes do Douro vão cortando os morros, num cenário maravilhoso. A topografia é bastante íngreme, obrigando os produtores a plantarem as vinhas em terraças, protegidas por muros, feitos no passado a mão, de uma rocha chamada Xisto, abundante na região.

Por muito tempo foi uma região pobre, pois apenas produzia vinhos para a cidade do Porto, onde eram comercializados. Apenas em 1952 a Casa Ferreirinha elaborou o fantástico “Barca Velha”, considerado por muito tempo o melhor vinho de Portugal.
Conheci numa degustação em São Paulo a proprietária da vinícola Quinta Nova da Nossa Senhora do Carmo. Envolvido por sua simpatia, questionei sobre a possibilidade de conhecer tal vinícola. Ela então se revelou bastante receptiva.
Trocamos emails e combinamos a visita. Sua assessora de Marketing propôs que tomássemos o “Comboio” (trem) até o “Pinhão, onde ela nos buscaria. Decidimos ir de carro, assim teríamos mais liberdade.

No dia programado nos dirigimos, pelas estradas estreitas e tortuosas do Douro, errando várias vezes o caminho, até chegarmos à vinícola. Contamos com a colaboração do GPS e dos gentis portugueses, que quase nos levaram até a porta da vinícola.
Informei na recepção que tinha vindo do Brasil e combinado previamente a visita. Fomos convidados a conhecer a adega junto a um grupo de franceses e ingleses e assim realizamos o tour.
Terminado o tour, fomos convidados a fazer degustações, cujos preços variavam dependendo dos vinhos selecionados.
Quando já estávamos ficando frustrados com aquela visita turística padrão, veio uma pessoa que perguntou se eu era o Alberto do Brasil. Ao confirmar meu nome, ela nos disse que seríamos recebidos pelo enólogo e a assessora de Marketing desta vinícola.
A partir dai a recepção foi maravilhosa, tanto o enólogo como a assessora foram gentis e dedicados, respondendo às nossas perguntas e oferecendo uma degustação de 12 vinhos. Esta seleção incluía um vinho da safra 2008, ainda em processo de envelhecimento e um Porto Vintage delicioso, que tinha um doce sabor de cerejas.

O Quinta Nova Reserva, com as castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Tinta Franca, foi o melhor de todos os vinhos, tanto no aspecto visual, como no aspecto olfato e gustativo. O grande problema é seu preço no Brasil (R$ 269,00, importado pela Vinea), principalmente devido aos tributos imposto às bebidas, pois Portugal não tem qualquer incentivo aqui.

O Porto Vintage se apresentou maravilhoso, bem superior ao Porto LBV 03 (este eu já havia degustado no Brasil, com o preço bem mais accessível de R$122,00).
Depois da degustação, feita num local inebriante com portas de vidros voltadas para o Douro, fomos convidados a almoçar na pousada, que faz parte da propriedade.

Terminamos a visita muito satisfeitos com os vinhos, com o belo visual da propriedade e com a gentileza dos anfitrões! E concluímos que esta pousada é uma boa escolha para quem viaja pelo Douro.

No dia seguinte fizemos um passeio de barco pelo rio, onde conhecemos outro produtor do Douro, também muito gentil, dono da vinícola Quinta do Mourão. Ele nos convidou para tomar um “Favaio”, que nada mais é que um vinho fortificado, produzido na região. Ele nos convidou para uma recepção na sua vinícola, que só não foi possível, porque estávamos de partida para a cidade do Porto.

Por estes e outros episódios com os portugueses, voltamos para o Brasil com vontade de retornar àquele país, principalmente na região do Douro.
A única frustração que ficou foi não ter conhecido o "lagar"(tanque pouco profundo, onde as uvas eram pisadas por homens, em clima de festa, com os vindimadores entoando canções típicas). Hoje em dia existem lagares mecânicos, que são utilizados na preparação dos melhores vinhos, pois não esmagam as sementes durante a prenságem. De qualquer forma fica a melancolia e a saudade dos homens pisando uvas.

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