quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Urbino - Marche - Itália


Urbino é uma cidade localizada na região do Marche, na Itália.
Esta região é famosa pelo vinho da uva Verdicchio, que é um vinho branco, encorpado, com sabor de frutas secas.
Quanto às uvas tintas, a principal é a Montepulciano, sendo a Rosso Conero a versão mais pura desta casta.

O centro histórico, dominado pelo ”Palazzo Ducalle” e pela catedral, está classificado pela UNESCO, como patrimônio histórico da humanidade. 

No site da UNESCO consta: ”A pequena cidade no topo do morro experimentou um grande desabrochar cultural no século 15, atraindo artistas e estudantes de toda a Itália e do exterior e também influenciando o desenvolvimento cultural de toda Europa. Devido à sua estagnação cultural e econômica, a cidade preservou sua aparência renascentista”. 

Toda cidade murada da Europa apresenta dificuldades para o turista:

Ruas onde o carro não pode entrar (permitido para os habitantes), grandes subidas, malas que tem que ser arrastadas até o hotel e estacionamentos complicados.
Pensando nesses fatos, escolhi um hotel fora da cidade.
As dificuldades não acabaram aí, foi difícil encontrar o hotel, devido à falta de indicação e de coordenadas, além disso, o local era bem esquisito, apesar de confortável. Parecia aquele hotelzinho do filme dos irmãos Coen, ”Os fracos não tem vez”, onde Javier Bardem atacava as pessoas em seus quartos de hotel com uma arma de matar boi.
Já hospedado e sem malas, (que poderiam ser surrupiadas do porta malas do carro, como já aconteceu com alguns amigos), nos dirigimos à cidade de Urbino.

A noite estava quente e animada, turistas europeus invadiam a cidade, aproveitando o domingo.,  Neste dia ocorriam eventos de vários tipos e pudemos admirar a feirinha de artesanato de produtos da região. Aproveitamos para tirar umas fotos e conhecermos a noite de Urbino.
Passamos por uma Enoteca, onde comecei a me encontrar com os supertoscanos, inclusive o ”Tenuta Ornelaia” que lá custa €120, enquanto no Brasil custa R$890. Resolvi deixar a compra para mais tarde, adiando o transporte de garrafas.

Jantamos na Tratoria Do Leone, por 60€,valor que incluia bebidas e comidas tais como: embutido de ”foie de maiale” com pão tostado ”esfarelato” no azeite, tagliolini com molho de tomates e queijo pecorino.

Bebemos o vinho Fructus, , um Rosso Conero, de Montepulciano, Marche, que achei bem sem graça. Este vinho é produzido pela Azienda Agricola Conte Leopardi Dittajuti. Os bons toscanos ainda não tinham aparecido.

Como sobremesa pedimos o ”Vin Santo” acompanhado dos biscoitinhos cantucci uma iguaria.
Desde a entrada da cidade até o fim da noite ,ficamos surpreendidos pelos prédios monumentais, que lá vimos.
Pode-se passear pelas cidades pequenas da Europa, a qualquer hora, sem os riscos de ser assaltado.

No dia seguinte, fechamos as malas e demos uma passada rápida na cidade para fotografar e ver suas belezas e ainda admirar a vista de cima do morro,uma vez mais. Foi surpreendente!

Fomos também à casa do pintor Raphael de Urbino, onde além de conhecer os seus aposentos e algumas de suas pinturas , pudemos viajar pela sua época e imaginar sua casa viva. Nos deparamos também com uma exposição do fotógrafo Cartier Bresson. O interessante é que ao invés de fotos a exposição era de seus desenhos.

Encontramos na parede o interessante bilhete de Cartier: ”Fotografar e desenhar” – momentos paralelos. A fotografia é para mim, o impulso espontâneo de uma atenção visual, perpétua, que colhe o instante e sua eternidade. – O desenho, ele elabora, com sua grafologia aquilo que a nossa consciência colheu daquele instante. – A fotografia é uma ação imediata, o desenho uma meditação. – Henri Cartier Bresson 27/4/92.

Estávamos ainda na cidade, nas proximidades da hora do almoço, e vimos os moradores da cidade se reunirem no café para colocar o assunto em dia. O burburinho de turistas do fim de semana tinha passado e os moradores então, tomavam conta dela.

Passamos por lindas lojas de artesanato, com trabalhos maravilhosos,  joias, porcelanas e madeira, a preços estratosféricos, incluindo as esculturas do Pinóquio, muito comuns na região.

Como toda cidade italiana, Urbino conta com um majestoso Duomo, muito bem conservado. As ruas de Urbino eram estreitas, o que nos dificultou a obtenção de boas fotos. 

A religiosidade deste povo emanava das suas obras de arte.
Fomos embora de Urbino, em direção  à Cortona, já na Toscana.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Almoço no restaurante Mocotó


Domingo, 11 horas da manhã, saio de casa para passar na casa de amigos e ir almoçar no Mocotó.
Depois de rodar pela cidade, ajudado pelo GPS, (pois sem ele, eu não chegaria no restaurante), chegamos ao Mocotó, antes do meio dia.

O bairro não tem nenhum atrativo e o restaurante também é simples, porém a fila já era enorme.

Vendo que ia demorar, ficamos no bar, tomando e comendo alguns bons aperitivos: Caipirinha (R$14,90) de caju, jabuticaba e mexerica; com cachaça mineira. Para acompanhar comemos torresmo (R$9,90), mini escondidinho (R$6,90), chips de mandioca (R$6,90)e queijo de coalho com melaço de cana (R$24,90), tudo muito bom!

Uma hora e meia de pé, conseguimos uma mesa para cinco pessoas.

Aí pedimos os pratos principais: asinha de pintado (R$17,90), fava pequena (R$11,50), pirarucu assado (R$59,90), sarapatel pequeno (R$11,50), torresmo (R$3,90) e mocotó médio (R$11,90).

Dos pratos, confesso que nem provei o sarapatel e achei ruim o mocotó. Desculpem-me os aficcionados mas comida típica nordestina não é a minha praia. A asinha de pintado era gostosa e o caro pirarucu não era melhor que um peixe bom de água doce.


A harmonização de vinho com esta variedade de pratos seria complicada. Para o sarapatel creio que precisaria de um vinho tinto, enquanto que os peixes um branco. Continuamos então na cerveja, que a Serramalte não tinha erro.
Como sobremesa comemos cartola (R$11,90) e sorvete de rapadura (R$9,90). As duas sobremesas eram bem gostosas eo sorvete refrescante com gosto de pura cana!
Tomamos várias cervejas e satisfeitos pedimos a conta, que resultou em R$81,00 por pessoa.
Conclusão: o encontro com grandes amigos foi muito bom e alegre, a conta um pouco salgada para um lugar tão simples, e um desconforto pela espera em pé.
Que me desculpem os admiradores do Mocotó, mas acho que, para quem não é fanático por comida nordestina, como eu, nada justifica tanto trabalho, ir tão longe e esperar tanto!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Passeio por Rimini - Marche - Itália


Saindo de Peschiera, nos dirigimos à Urbino, que fica na região do Marche.
No caminho, entretanto, resolvemos passar pela cidade de Fellini, Rimini, que fica na Emilia Romgna.
Como dizia Fellini: um bom vinho é como uma boa película, dura um instante e te deixa na boca um um sabor de glória; é novo em cada gole e, como ocorre em cada película, nasce e renasce em cada saborear.

Ficando no mar Adriático, é uma cidade pesqueira e é o principal destino de beira mar da Riviera, para os italianos.
É uma área que já foi habitada pelos etruscos, úmbrios, gregos e gauleses. A cidade era tida como um bastião contra os gauleses invasores, provavelmente para caçar os javalis para Asterix.

A cidade atraiu a atenção de diversos imperadores romanos, incluindo Augusto, que fez muito pela cidade, e Adriano em particular. Este grandioso período, em sua história, foi personificado pela construção de prestigiosos monumentos como o Arco de Augusto, a ponte de Tibério e o anfiteatro.

Procuramos por pontos turísticos e o guia nos indicou o Palazzo del Podestá, do século XVIV.

É um templo Malatestiano, construído para ser uma igreja franciscana, mas transformado em 1450, pelo grande arquiteto Florentino Leon Battista Alberti, em um dos mais grandiosos monumentos renascentista da Itália.

A obra foi encomendada por Sigismundo Malatesta, um descendente da família governante de Rimini, conhecido como um dos homens mais devassos e cruéis de sua época.

No interior do prédio existem esculturas de Agostino di Duccio e de Piero dela Francesca. Lá existem relevos com senas de orgia e figuras curiosas como a de um elefante.
O Papa PioII declarou o edifício como “templo de adoradores do diabo” e queimou a efígie de Malatesta, acusando-o de ter cometido assassinato, adultério, incesto, sacrilégio e perjúrio.
Fomos então passear pela orla e como era domingo estava tudo fechado para o tráfico de carros.

Tentamos tirar uma foto da praia, que não foi possível devido às construções junto a ela.
Desapontados com as experiências lá vividas, chegamos à conclusão de que: Fellini precisou criar as suas belezas, pois sua cidade não era das mais belas...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Passeio por Verona - Vêneto - Itália


Como já havia me encantado com a cidade de Verona em uma viagem anterior, resolvi então, dar uma passada por lá, desta vez. Verona é a segunda cidade da região do Vêneto (depois de Veneza). 

Seu centro mantém magníficas ruínas históricas, como a grande arena, onde são feitos espetáculos de música e teatro ao ar livre.

A cidade foi declarada patrimônio da humanidade pela UNESCO, graças à sua estrutura urbana e arquitetura

Verona é um maravilhoso exemplo de cidade que se desenvolveu progressivamente e sem interrupções, durante dois mil anos, integrando elementos artísticos, de altíssima qualidade, dos diversos períodos. Representa também, de um modo excepcional, o conceito de uma cidade fortificada em etapas.

Estive lá num sábado, e a cidade estava borbulhando com os Italianos e turistas, como nós, passeando e fazendo compras.

Cidade famosa pela história de Romeu e Julieta, descrita por Shakespeare. Conforme dizem os moradores da cidade, este romance foi uma invenção do escritor.

Com o calor que fazia, aproveitamos para confirmar a maravilha que é o sorvete italiano! Principalmente os sorvetes de chocolate, com os sabores variando, do marrom claro ao escuro, de doce a bem amargo e o também o de Nocciola (avelã).

Passeamos pela “Piazza Erbe”, cujo nome vem de um antigo mercado de ervas da cidade. Lá vimos o famoso sanduíche de pernil temperado com  ervas, frutas frescas e cogumelos selvagens.

Fomos à “Piazza dei Signori”, onde se vê uma estátua de Dante tomando conta do seu centro.

No surpreendemos com um açougue de carne de cavalo, muito comum na Itália.

Fomos à famosa casa de Julieta, com seu balcão de onde ela namorava Romeu e a sua estátuacom o seio brilhoso, pois todo o mundo passa a mão nele... Nesta casa são colocados pedidos dos enamorados, que são respondidos por um grupo anônimo de mulheres.
Ao lado da entrada da igreja Santa Maria Antica, vimos os bizarros túmulos dos antigos governantes de Verona.

Lembramos da nossa primeira visita lá, quando fomos jantar num restaurante, parando a comilança já no “primo piato”. Isto fez com que o dono do local ficasse ofendido. Acho que ele entendeu que não valorizávamos a sua comida, que no entanto, estava maravilhosa!

Paramos de tarde um bocado, à margem do rio, para apreciar o lindo cenário e tirar umas fotos para recordar no futuro.
Aproveitei para admirar uma loja especializada em facas artesanais e lindos canivetes com o cabo de vários materiais, inclusive de chifre de veado. Admiramos também a loja de macarrões, com produtos de todas as cores e formas.

Voltamos a Peschiera de Garda, que fica 60km de Verona, para continuarmos a viagem, desta vez para a cidade de Urbino, que seria no dia seguinte.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Vinícola Allegrini - Vêneto – Itália

Partimos no dia seguinte à nossa chegada para a visita à Vinícola Allegrini.
No caminho, paramos para fotografar colhedores de uvas trabalhando em fazenda da região, catando uvas Corvina para fazer os Amarones e Passitos.

A origem do nome da uva provém do corvo, devido à sua cor escura.
Fomos recebidos pela bela Glória, uma reconhecida especialista em vinhos na Itália, que já morou no Brasil e falava um pouco de português.


Iniciamos o passeio pela cantina, com toda sua modernidade e tecnologia.

Fomos em seguida visitar as plantações de uvas, parando pelo caminho para ver a bela paisagem do vale de Valpolicella e um casamento que acontecia numa micro cidadela.

Soubemos que antigamente as plantações eram feitas nos vales, com técnicas antigas, isto pode ter gerado certa descrença nos vinhos Valpolicella.

A visão inovadora do antigo proprietário, Giovanni Allegrini, o levou a comprar terras nas encostas, na época, praticamente sem valor, devido à dificuldade no cultivo.
Hoje nestas encostas, muito valorizadas por sinal, são produzidas uvas e vinhos de melhor qualidade.
Em seguida fomos para a propriedade centenária de Villa dela Torre, uma histórica jóia da arquitetura renascentista, para visita e degustação dos vinhos.

O prédio é utilizado para eventos e estava no dia da visita, ocupado por uma festa de casamento.

Quanto aos vinhos da degustação, tivemos as seguintes informações:
A região do Valpolicella Clássico é entre as mais importantes áreas de produção de vinho na Itália.
Situado na “Região do Veneto”, a noroeste da Cidade de Verona, esta área tem ficado ligada às uvas e ao vinho, desde os tempos antigos, como é confirmado pela etimologia do seu nome: "val polis cellae", que significa: "o vale de muitas adegas de vinho".
O Valpolicella é  também um vale que tem uma terra privilegiada, devido aos seus cenários naturais , monumentos históricos, contexto cultural e suas tradições gastronômicas.
A produção de vinho na região tem sempre estado entre as atividades agriculturais da área.
Traços da atividade enológica na Valpolicella tem sido datados do período Etrusco, entre os séculos VII e V A.C. 
A vinícola Allegrini:
Giovanni Allegrini foi o pai dos proprietários atuais. Ele questionou as práticas locais de plantação de uva e produção de vinho, insistindo na necessidade da qualidade, ao invés do volume de produção.
Ele adicionou o know-how enológico ao rigor em selecionar as uvas, criando então um círculo virtuoso que produz um dos vinhos mais finos de Valpolicella, desde os anos 60.

Depois de sua morte em 1983, seus 3 filhos encabeçaram a produção: Walter, responsável por conduzir a atividade da uva, Franco, um enologista e Marilisa, responsável pelo marketing. Dentro de um período relativamente curto, eles trouxeram à companhia, a posição de liderança na produção internacional do vinho.


A degustação:

O evento foi divinamente dirigido por Diego, que é um brasileiro simpático, que trabalha na vinícola desde o início do ano, juntamente com sua esposa, que cuida dos eventos da propriedade.
Degustamos 4 vinhos da região: Palazzo Della Torre, Amarone e Giovanni Alegrinni e o Brunello de Montalcino produzido na propriedade da Toscana.
No final pedimos para provar o Valpolicella Clássico, que foi abafado pelos excelentes vinhos provados inicialmente.
Palazzo Della Torre:
As vinhas para a produção deste vinho, seguem 2 diferentes caminhos: 70 % das uvas são vinificadas imediatamente depois da colheita, sendo as remanescentes  secadas até o fim de dezembro. Neste ponto, o vinho é fermentado de novo com as frutas secas. São utilizadas as uvas: 70% Corvina Veronese, 25% Rondinella e 5% Sangiovese. É um vinho que combina bem com uma grande  variedade de  risoto (particularmente com porco), variedade de carne grelhada, assada e a tradicional carne “bollito misto” do Veneto.
Amarone:
É um vinho bem estruturado, complexo, elegante e aveludado, com intensa cor rubi. Tem um bouquet quente e de especiarias, com aroma de uvas. De fato, é feito de uvas secas 80% Corvina Veronese, 15% Rondinella e 5% Oseleta. São usadas técnicas de centenas de anos de APPASSIMENTO: após serem colhidas, as uvas são deixadas secar por 3 ou 4 meses. Amarone é um vinho extremamente importante na viticultura italiana, é único e um símbolo respeitável da região Valpolicella. Este vinho é tradicionalmente bebido com uma gama, de carnes tostadas ou grelhadas, caçarolas e queijos bem maturados. Desde que as uvas são secas parcialmente antes da fermentação, Amarone tem um sabor que pode acompanhar também os novos e exóticos pratos doces e salgados. É também um acompanhamento perfeito à comida asiática, com seus temperos e a combinação doce com sal.
 Foto: Método tradicional de secagem da uva
Recioto Giovanni Allegrini:
Este vinho suave,  cor rubi profundo, tem bouquet de especiarias com toques de fruta seca e é profundo e aveludado no palato. Ele divide com o Amarone a técnica de APPASSIMENTO. Este método consiste na seca natural das uvas Corvina Veronese (80%), Rondinella (15%) e Oseleta (5%), mas diferem no processo de fermentação que é interrompido, antes que todo açúcar da uva se transforme em álcool. Este vinho é extraordinariamente concentrado. Tradicionalmente este vinho é apreciado com sobremesas secas, como, cantucci (biscoito de amêndoa), sbrisolona (biscoitinho frito com canela) mas é também ideal com morango e frutas tropicais. Graças à sua excepcional redondeza, é um perfeito parceiro para alguns queijos, especialmente o Gorgonzola suave.
Valpolicella Clássico:
Conforme Ernest Hemingway, o Valpolicella é um vinho tinto luminoso e seco, amigável como a casa de seu irmão, se ele for um bom amigo. Ele é feito de três variedades de uvas: Corvina Veronese (65%), Rondinella (30%) e Molinara (5%). Ele combina com antepastos italianos, sopas, cozinha mediterrâne, inclusive com  churrasco.

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