segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Degustação de vinhos Tokaji

Curioso por aprimorar meus conhecimentos sobre os vinhos Tokaji (Tokaj em Húngaro), participei de uma degustação, com a presença de um dos proprietários da Royal Tokaji Wine Company, Ben Howkins.

Esta companhia foi fundada por 2 sócios: Ben Howkins e Hugh Johnson (profundos conhecedores de vinho), em 1990, sendo ela a primeira empresa estrangeira a investir na região de Tokaji.

Ben contou neste evento, que como na maior parte dos casos, o processo de produção do Tokaji foi descoberto pelo acaso. A Hungria sofreu uma invasão da Turquia, o que provocou a paralização da colheita de uvas local. Meses depois os turcos saíram da Hungria e os colhedores das uvas da região voltaram ao trabalho. Eles colheram então as uvas secas e guardaram-nas em barricas.

Quando o vinho que existia em estoque acabou, os produtores resolveram provar o produto que estava nas barricas.  O suco que drenou destas uvas deu origem ao atual vinho Tokaji.
Para se chegar no Tokaji de hoje, foram necessários séculos de experimentos até se descobrir a proporção ideal entre vinho seco e o botritizado.

As adegas atuais na região do Tokaji formam labirintos de túneis, atingindo no total, 30 Km de extensão.
A Tokaji Aszu foi a primeira produção original de vinhos doces na Europa.
Tokaji é um vinho, uma região e uma cidade da Hungria. Aszu refere-se a um estilo único de vinho produzido na região classificada como Tokaji.

Esses excelentes vinhos doces, tem uma grande acidez, com uma porcentagem alcoólica em torno de 10 a 11%. Isto demonstra que não é necessário uma grande concentração de álcool, para se obter um bom vinho doce.

A região de Tokaji fica a 240 Km à nordeste de Budapeste, nas montanhas Zemplen, na confluência dos rios Tisza e Bodrog. O encontro destes 2 rios, sendo que um é frio e outro mais quente, cria uma neblina no local, propiciando o aparecimento do Botritys, ou também chamado de “Podridão nobre”. A Botritys Cinerea é um fungo que seca as uvas, concentrando os seus componentes. A uva resultante deste processo é chamada de fruta Azsu.

No final do século XVII o Tokaji era tão bem visto nas cortes da Europa, que o príncipe da Transilvânia, Francis Rackoczi, procurou classificar as melhores vinhas entre as 28 vilas da região. Desta forma, o famoso território de Tokaji foi a primeira região demarcada de toda Europa.
Com a segunda grande guerra, a Hungria passou para o domínio soviético até 1990, período em que a qualidade do vinho caiu. Neste período o vinho foi processado apenas pelo estado, e não pelos produtores. Isto ocorreu de forma bruta, pois as uvas eram misturadas independentes de suas qualidades, gerando um vinho ácido.

O vinho Tokaji tem um alto preço, pois para o seu feitio é necessário à utilização de muitas uvas. Cada parreira, por exemplo, fornece aproximadamente apenas uvas para uma taça de vinho.
A fermentação é feita em barricas usadas (140 litros). As barricas são feitas de carvalho húngaro e ficam em adegas que se estendem por túneis de 2km. Ali repousam por um período de pelo menos 3 anos, determinado pela legislação.
O feitio do Tokaji inclui a mistura de uvas botritizadas com o vinho seco.
A classificação Aszu leva em conta quantos puttonyius (cestas de uva seca) são adicionados aos barris de vinho seco.
Atualmente esta classificação se baseia na concentração de açúcar do vinho, quanto mais doce o vinho, maior será seu preço.
Desta forma, a classificação assim se dá:
3 puttonyius correspondem a 60 - 90 g de açúcar por litro.
4 = 90 - 120g.  5= 120 – 150g.  6 = 150 – 180g.
Aszu Essência 180 – 450g e Essência 450 - 850g.
Os alimentos que harmonizam com os vinhos Tokaji doces são: foie gras, comidas asiáticas, queijos azuis e doces de chocolate.

A degustação da qual participei apresentou 4 vinhos, importados pela Inovini (fone: 3623-2288):
1)   Tokaj Fumint 2009, que é um vinho seco, com 14% de álcool, feito da uva fumint. Ele é fermentado em barrica de carvalho, sendo envelhecido em barricas por 6 meses. Ele foi lançado em 2006 e foi o bestbuy da revista Decanter. A sua forte acidez dá uma longevidade para o vinho. No nariz podemos sentir um aroma de damasco e mel. Na boca é perceptível o gosto da uva Fumint, com toques de ervas e mineralidades. É um vinho muito interessante e agradável. Seu preço é R$89,00


2)   Áts Cuvée Late Harvest 2008, que é feito com a mistura da uva seca com a madura. É feito com as uvas Fumint, Harslevelu e Muscadt. Sua graduação alcoólica é de 10%. O seu aroma é de frutas tropicais frescas, tendo na boca, um final cítrico. Seu preço é de R$99,00

3)   Blue Lable Tokaji Aszú- 5Puttonyos 2007, feito com as uvas: Fumint, Harslevelu e Muscadt. É um vinho bem balanceado ( acidez e álcool). Ele tem uma cor dourada intensa, com um sabor de damasco e casca de laranja adocicada. Seu preço é R$225,00

4)   Gold Lable Tokaji Aszú 6 puttonyos 2006, das mesmas uvas do anterior. Tem uma cor dourada vívida, com aromas complexos de frutas secas e com um toque mineral que chega ao palato. Seu preço é de R$325,00.

A degustação foi inesquecível, pois me lembrou da viagem que fiz à região da Hungria, quando passei também por Viena e Praga.

Minha expectativa em relação a Praga era muito grande, em função do relato de amigos que estiveram por lá. Budapeste, no entanto, foi para mim, uma surpresa! Uma cidade linda, com diversos monumentos e casas de banho suntuosas, como a Gallert.

Lá provei o verdadeiro Goulash (comida de vaqueiro), que já havia degustado em forma de sopa na Alemanha. É um guisado de carne de vaca, ao qual se adiciona carne de porco cortada em cubos e rapidamente dourada em gordura quente. Junta-se então ali, farinha, cebola e a páprica. Uma delícia!
Budapeste surpreende pela beleza das suas mulheres!

Antes esta cidade era famosa pelos seus prostíbulos, fama esta que o governo pretende extirpar.

A cidade foi fundada pelos romanos em 89 AC, na margem direita do rio Danúbio, com o nome de “Aquincum”, no local denominado Óbuda (velho buda em húngaro). Do outro lado do rio foi se formando um povoado denominado Peste.

Por volta de 900 DC a região foi ocupada pelos Magiares, que fundaram o reino da Hungria. Ao sul de Óbuda, em frete à Pest, os magiares ergueram, em 1241, um castelo real, numa localidade que seria chamada de Buda, tornando-se capital da Hungria, em 1361.

A junção destes dois nomes (Buda e Peste) resultou no nome atual da cidade.
Recomendo uma viagem a esta região!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Miolo chega na Argentina e desbrava seu quinto terroir

Grupo brasileiro adquire a Bodega Renacer, localizada em Luján de Cuyo - Mendoza, consolidando assim, sua internacionalização em uma das pri...