Eu soube que existia um vinho chamado Brunello de Montalcino, há mais 20 anos, e que era um vinho maravilhoso! O seu preço, no entanto era muito acima daqueles que eu pagava pelos vinhos que consumia.
Quando fui à Itália em 1990, descobri que Brunello não era uma marca de vinho, mas sim um vinho feito na região de Montalcino, que fica ao sul de Siena, na Toscana.
Nesta viagem, entrei numa loja de vinhos e ali me indicaram um tal de Biondi Santi, que eu acabei comprando para conhecer.
Segui então para a França, na região do Luberon, na Provence e parei ao lado de uma cidade espetacular, chamada Rossillon. Esta cidade era mesmo muito encantadora, pois tinha suas casas pintadas com diversos tons das terras locais.
Parei num local de pic-nic, ao lado da cidade, de onde se avistava um corte do morro, com a cidade em cima.
Falei par minha esposa: “Isto é tão bonito que parece que estamos na Itália” o que resultou em risos. Neste local, fiz o sacrilégio de abrir o vinho que eu tinha trazido e tomá-lo num copo comum, acompanhado de antipastos que trouxe da Itália.
Neste momento fui picado pela mosca Brunello. Nunca me curei deste vício adquirido ali.
Provavelmente por causa da minha ascendência italiana, sempre preferi os vinhos daquele país e resolvi explorar melhor o assunto.
Cada vez que ia para a Itália, bebia e trazia Brunellos, Amarones, Barolos, entre outros italianos fenomenais. Guardava-os na minha adega por vários anos, até estarem no ponto ideal para serem bebidos.
Algumas vezes provei Brunellos e em alguns casos, até errei no tempo de guarda, quando me deparei com eles já passados. Destas experiências tirei mais uma lição: nem todos os Brunellos podem ser guardados por muito tempo.
Conheci melhor os vinhos de Montalcino, com a ajuda do Consórcio do Vinho Brunello di Montalcino, que foi criado em 1967, após obter o reconhecimento de sua DOC. O consórcio é uma livre associação de produtores interessados em proteger seus vinhos, cujo prestígio vinha se fortalecendo cada vez mais.
Até 2015, o Consórcio trazia um grupo de associados para a feira Expovinis. Nesta feira podíamos ter uma idéia comparativa entre vinhos.
Os 208 membros do Consórcio, cujas plantações ficam no morro de Montalcino, tem vinhos advindos de diferentes terroirs. Isto ocorre devido as diferentes posições no morro, com diferentes solos e insolações, gerando variações entre os vinhos. Alguns Brunellos da mesma safra, por exemplo, ficam mais prontos do que outros.
Em 2016, Cristina Neves trouxe o Consórcio para um evento em São Paulo, onde reuniu 11 produtores, num espaço dedicado ao Brunello, denominado Benvenuto Brunello.
Neste encontro mais restrito, pude reacender minha paixão vínica pelo Brunello e provar seus vinhos e as sutis diferenças entre eles.
Os produtores, enólogos e algumas importadoras, gentilmente colocaram à prova seus produtos, permitindo-nos sentir suas nuances.
Além dos Brunellos serviram também ótimos Rossos de Montalcino e o Moscadello Di Montalcino, da Camiliano (doce) e outro do Pacenta.
Levando em conta minhas preferências, entre todos os vinhos, acabei escolhendo o Brunello da La Magia - Ciliegio 2011, que era da mesma safra dos demais vinhos presentes.
O interessante é que a vinícola deste vinho Ciliegio é dirigida há 40 anos por uma família alemã e está procurando por importador no Brasil. Espero que ache!
Alguns produtores deste evento trouxeram vinhos de outras safras, como o delicioso Barbi 2005, o Col D’Orcia 2001. Outro vinho presente no evento foi o Col D’Orcia 2012 - Cabernet Sauvignon.
Como tudo que é bom, uma hora acaba, tive que voltar para casa e sonhar com os aromas e sabores que eu tinha encontrado nesta tarde maravilhosa, junto aos Brunellos!
Eu também me aproprio do nome do evento: “ Benvenuto Brunello di Montalcino” e completo, a minha vida!
Aproveitem as experiências que venho vivendo, enquanto procuro conhecer melhor o mundo dos vinhos. Também vou falar da gastronomia e de viagens pelo mundo, incluindo as principais regiões produtoras de vinho. Saúde! E boa leitura!
segunda-feira, 18 de julho de 2016
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