quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Vinhos de terroir do Altos de las Hormigas

A Vinícola Altos de las Hormigas (formigas), em parceria com a Eno Cultura e a World Wine, convidou a imprensa especializada para apresentar a ela, seus novos vinhos com conceito de terroir.

A apresentação foi feita pelo enólogo da vinícola, Erazo e contou com a participação do premiado sommelier Chileno Hector Riquelme.
O pessoal do Altos Las Formigas está convencido de que a próxima geração de vinhos da Argentina deverá refletir mais a área na qual estes vinhos são produzidos.  Para tanto, tal equipe acha que deve dispensar mais atenção aos estudos do solo e entender o melhor terroir de Mendoza. Nisto esta equipe está à frente do movimento. A visão da vinícola é produzir vinhos singulares, que sejam um reflexo da crença inabalável de que a escolha do local é essencial e ali está o futuro da Argentina.

Com esta atitude pioneira, a vinícola  Altos Las Hormigas lançou, em 2008, o “Projeto Terroir”, que busca um conceito para os vinhos daquele país e não apenas uma variedade de uva, caso da Malbec, que se estabeleceu como a varietal típica da Argentina. Neste sentido, ela leva em conta a complexidade do conceito de terroir, com foco nos diferentes tipos de solo.

Este processo requer três passos:

1. Definir Unidades Terroir: uma compreensão clara de como Terroir trabalha nos diferentes climas de Mendoza é crucial para as uvas serem naturalmente equilibradas (maturação e acidez natural).

2. Mapeá-los: um bom mapa é uma ferramenta básica. Vinhos são feitos na vinha e confirmados na cuba.

3. Produzir os vinhos por Terroir: manter as diferentes unidades separadas é crucial para compreender a personalidade dos vinhos a partir de um certo tipo Terroir.

A extensão da pesquisa, sobre esses solos de calcário, resultou no mapeamento extenso e na classificação das áreas de cultivo de Mendoza, identificando os locais ideais.  Os solos de Mendoza são aluviais e foram formados pela ação da água em movimento, derivada do desgelo das montanhas dos Andes. Conforme viaja pelos Andes abaixo, a água arrasta diferentes elementos, depositando-os pelo caminho, e assim formando diversos solos, ao longo dos anos. Cada solo distinto resulta em um vinho distinto.

É isto que apresenta o enólogo Leo Erazo que, ao lado de outros experts, como Pedro Parra e Alberto Antonini, está à frente deste estudo e vem mostrar, na taça, este conceito de micro terroir. Faz coro com ele, o Sommelier Hector Riquelme, considerado um dos melhores profissionais da área da América do Sul, eleito em 2005 e 2008, como o Melhor Sommelier do Chile, e jurado da Decanter World Wine Awards. A dupla comanda uma degustação horizontal de várias linhas de vinhos da Altos Las Hormigas, para explorar este conceito, especialmente os vinhos da linha Appellation, verdadeiros Grand Crus da região.

A vinícola adota uma abordagem biodinâmica à viticultura, pois quer expressar a sua personalidade no vinho. Isto exige que o solo e os vinhedos sejam parte de um ambiente, que cria a sua própria fertilidade.

A vinícola evita ao máximo, a intervenção sobre um vinho: extração mínima, carvalho neutro, fermento natural e muito pouco sulfito.

Os vinhedos estão em 4 regiões de Mendoza: Estate, Gualtallary, Vista Flores e Altamira, sendo que fora o Estate (onde fica a bodega), os demais estão em altitudes maiores e próximos à cordilheira dos Andes. Cada uma destas regiões tem diferentes tipos de solo:

Para melhor apreciar a diferença entre os vinhos passamos para a prova dos vinhos:

Malbec Classico 2014, feito com uvas da região de Luján de Cuyo. Ele passa 10 meses tanques de concreto, e tem 13,5% de álcool. É o vinho da linha de entrada da vinícola e vale o custo de R$ 59,40.


Malbec Terroir 2013,  com uvas do Valle de Uco. 25% do vinho estagia 12  meses em barrica de carvalho e tem 14,3 de álcool. É um vinho mais encorpado que o anterior e seu preço é bom: R$ 85,80.

Malbec Reserve 2013, 14,6% de álcool, com uvas do Valle de Uco, que estagiam 18 meses em barris de Carvalho de 3.500 litros e ainda ficam 12 meses em garrafa. À partir deste vinho, começamos a sentir o efeito do terroir, na sua complexidade . O seu custo é bem razoável,l para a qualidade: R$ 112,20. Ele recebeu as notas: RP92, WS 89 e Descorchados DES92.

Malbec Appellation Altamira  2013, 14,5% de álcool, com passagem de 18 meses em botes franceses. É um vinho elegante e delicado. A Região tem pedras grandes  cobertas de carbonato de cálcio (85% de calcário, seixos e cascalho e 3% de argila). O seu preço é de R$ 233,20.

Malbec Appellation Vista Flores 2013, com 14,8% de álcool,  fica 18 meses em barricas de 3.500 l e o afinamento em garrafa ocorre por 12 meses. A Região tem pedras menores e de mais argila (80% de calcário, seixos e cascalho e 5% de argila) . Custa R$ 375,10 e teve as notas:  RP93, WS88 e DES96.

Malbec Appellation Gualtallary 2013, com 14,5% de álcool. Fica 18 meses em barricas de carvalho franceses (3.500l) e é afinado por 12 meses em garrafa. As uvas são de uma área que apresenta alto conteúdo de carbonato de cálcio (50 a 60% de calcário, seixos e cascalho e 3% de argila). Seu custo é de R$ 375,10. Este vinho teve as notas RP93, WS89 e DES96. Para mim foi o melhor vinho da prova e  merece mais um tempo antes de ser aberto.

O evento foi muito interessante! Eu mesmo já tinha provado vinhos de diferentes terroires na minha viagem do ano passado à Alemanha e Alsácia. O resultado disto são vinhos diversos em características e qualidade. Esta é a minha primeira experiência com vinhos feitos desta forma, na América do Sul.

Agradeço portanto  à World Wine pelo convite e à Suporte Comunicações pela incrível experiência proporcionada!

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