terça-feira, 8 de novembro de 2016

A espetacular visita à vinícola Rocca della Macie

Todo ano, quando viajo, acabo por visitar entre 6 ou 7 vinícolas, em regiões diversas do país visitado. Em geral, tenho tido um atendimento mais personalizado, quando vou às pequenas propriedades, onde sou muito bem recebido pelo proprietário, algum parente ou funcionário.


Neste ano de 2016, tive uma experiência diferente que vou contar logo abaixo.

Pesquisei e selecionei vinícolas italianas de primeira linha, da Toscana, ao sul da Itália. Dentre elas, entrei em contato diretamente com a vinícola Rocca della Macie, situada no coração da região do Chianti Clássico, com vistas para a cidade de San Gimignano.

O seu proprietário, Sr. Sergio Zingarelli é o presidente do Consórcio Chianti Clássico e é tão cuidadoso, que mora numa casa junto à vinícola.

O pessoal do Rocca dela Macie gentilmente aceitou meu pedido de visita e ainda me ofereceu hospedagem no divino Relais Riserva di Fizzano. Este relais é o resultado da reforma de uma aldeia, que remonta ao século XI e tem cerca de 61 hectares de terra, com vinhas e olivais deslumbrantes!

Antes da visita, eu estava hospedado na região do Chianti Clássico, próximo a Castelina in Chianti, e assim pude chegar na hora marcada neste encontro. De cara, fiquei espantado com o porte do empreendimento e o cuidado com os prédios da vinícola! Na sua entrada havia um enorme galo, uma bela escultura feita em metal, que conta a história do Galo Nero, símbolo do Consórcio.

Estávamos ali e vimos chegar uma bela senhora, Georgeta, que nos recepcionou e nos levou a conhecer as instalações da vinícola. Ela, além de extremamente gentil, uma verdadeira anfitriã, mostrou o quanto vestia a camisa da empresa!

Georgeta começou nos explicando o cuidado que era dado às uvas e aos equipamentos modernos que usavam.

Durante a visita às instalações, encontrei uma outra funcionária espremendo as uvas com a mão. Georgeta então me explicou que, usavam este procedimento, justamente para analisar o suco da uva.

Passeamos também pelas plantações e provamos uvas Sangiovese que estavam muito doces e em processo de colheita. Esta foi uma experiência inédita. Nunca havia provado a Sangiovese.

Em seguida à visita às instalações da vinícola e às plantações belíssimas de uvas, Georgeta nos levou para o Relais Riserva di Fizzano, onde nos alojamos num apartamento charmoso e muito confortável.

Partimos então para a degustação dos vinhos da Rocca Della Macie, que ocorreu debaixo de um agradável caramanchão, no restaurante do Relais, sob um clima de outono e amizade nascente, perfeito para este tipo de experiência.

Começamos a experimentar os vinhos, pelo branco Campo Maccione 2015, da região de Marema, da uva Vermentino. Este vinho se mostrou muito aromático, equilibrado, seco e com boa mineralidade. Um vinho excelente para acompanhar frutos do mar!

Provei também o Moonlight 2015, das cepas Chardonnay, Pinot Gris e Trebiano, aromático e com um leve toque adocicado. Este vinho foi servido na temperatura certa, o que fez com que ele expressasse todas as suas qualidades.

Começamos então a provar os tintos, com o Chianti Clássico e Tenuta Santo Afonso Sangiovese 2013, que fica cerca de um ano em barril de carvalho francês de 35 hl. Sua cor é de um rubi intenso, seus aromas de fruta, além de flores e especiarias. Na boca um vinho que se mostrou intenso e bem estruturado.


Nesta altura, comentei com Georgeta, que os Chianti tinham uma fama ruim no Brasil, no passado, quando eles ainda vinham com palhinha. Porém eles evoluíram muito, tornando-se grandes vinhos.

Ela me contou então uma história curiosa desta época. O vidreiro, que fazia a garrafa do Chianti, assoprava os vidros enquanto bebia o vinho. A garrafa ficou grande e com um fundo redondo, sem parar de pé, diferente da idéia inicial. Este erro aconteceu devido ao teor alcóolico do funcionário. Para disfarçar isto, foi que ele lançou mão da palhinha utilizada na garrafa.

Em seguida provamos O Chiante Clássico Reserva 2013, um vinho que passa por barril de Carvalho francês. É um vinho feito das melhores uvas da fatoria e é um delicioso Chianti!!!

Provamos também o Sergio Zingarelli Gran Selecione 2011, feito com a seleção das melhores uvas da vinícola, resultando num vinho de maior expressão. Ele passa 18 meses em barrica de carvalho francês. Este vinho, em 2009, ganhou a classificação tre bicchieri. É um vinho potente, equilibrado e com taninos macios, uma verdadeira jóia! Acabei comprando um com desconto, gentilmente autorizado por Georgeta, para descansar na minha adega, antes de abrir em uma ocasião especial e relembrar de tal visita.

O último vinho provado foi o Reserva Fizzano 2013, que em em 2010 também ganhou a classificação tre bicchieri. Ele é feito de um único vinhedo que se extende por 35 ha de uma colina. É um vinho que se distingue pela sua elegância e por seus aromas. Imagino como deverá ficar daqui alguns anos...

Terminada esta maravilhosa degustação, nos foi oferecido um lauto almoço com Burratta com tomates bem doces de entrada, Ravioles de maiale (porco preto), Piccis ao sugo.

Perguntamos a Georgeta sobre as trufas da região, Ao ver nosso interesse por esta iguaria, Georgeta foi até a cozinha e providenciou um delicioso Carpaccio com trufas neras (negras).

Depois desta magnífica refeição, continuamos a boa prosa, degustando os deliciosos vinhos, em excelente companhia!

Georgeta nos apresentou o chef do Relais, também muito gentil e simpático, além de excelente cozinheiro!

Ela contou-nos um pouco de sua história pessoal e de como veio da Romênia e se tornou uma verdadeira italiana!

Um encontro verdadeiro e empático com uma anfitriã espetacular, além de bela e humana, fez deste lugar incrível de vinhos e uvas, um dos pontos altos da viagem!


Muito obrigada Georgeta e toda a Família do Rocca dela Macie por esta acolhida e por fazerem vinhos cheios de sabor e de alma!

OBS: Os vinhos do Rocca Della Macie são importados, aqui no Brasil, pela Decanter.

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