domingo, 30 de abril de 2017

A vinícola calabresa Benvenuto e seus excelentes vinhos

Quando estive em Tropea, passei por uma lojinha de vinhos e artigos da região e resolvi entrar para provar alguns vinhos. O simpático dono, Francesco Mazzitelli, ao saber que eu escrevia sobre vinhos, me ofereceu alguns para que eu provasse.

Além disto, ele insistiu para que eu visitasse a Cantina Benvenuto, que ele representava na região. Perguntei se eles abriam domingo, que era justamente o dia seguinte e eu ainda estaria por lá. Ele disse que sim e que o dono abriria a cantina para mim.

Domingo cedo, fomos costeando o mar da Calábria, por uma estradinha sinuosa e, depois de varias peripécias, chegamos finalmente na cantina, próxima à cidade de Francavilla Angitola.

A família de Giovanni, jovem proprietário da Cantina Benvenuto, foi muito amável! De cara me explicaram que era prevista chuva no dia seguinte e eles teriam de fazer a colheita naquele mesmo dia.

Ainda assim, ele deu uma volta pela propriedade comigo e me mostrou os diversos pés de uvas que eles tinham ali.

Vimos também nas plantações, um interessante boneco que se mexia, parecendo mais um robô. Ele nos explicou que era um espantalho mecânico que dispersava as aves que vinham comer as docíssimas uvas. Eles tinham também um sistema para soltar rojões de tempos em tempos, com a mesma finalidade de assustar os pássaros comedores das uvas.  Isto me fez entender que a tecnologia vem rondando esta região remota da Itália...

Continuando a conhecer a propriedade agrícola, passamos por uma área telada, com cobertura, onde as uvas Zibibbo secavam, a fim de produzir o Passito Alchimia, que tem 16,5% de álcool.

De volta à cantina, ele me ofereceu um delicioso vinho rosé, denominado Cielo, da cepa Calabrese, de um vinhedo de 22 anos. O vinho, recém retirado da cuba de inox, apresentava uma cor similar aos rosas salmão da Provence, com uma delicadeza de aromas de rosa, morangos e groselha. Na boca era um vinho fresco, redondo e equilibrado, com boa acidez e um final macio e persistente.

Ainda tivemos um tempo para tirar fotos com a família (Marco, Maria e Ane Lise) e ganhamos um vinho branco da uva Zibibbo IGP 2015, que vamos guardar com muito carinho e beber depois de um tempo.

Este vinho é descrito como tendo a graduação álcoolica de 13%, com uma cor amarelo palha e reflexos esverdeados. Promete ser intenso e complexo no nariz, com notas minerais e de flores e com boa acidez. Na boca deve sugerir uma sensação de frescor, elegância e um final longo.

Ganhei também deles, outro vinho que nem está no site da vinícola: Fortuna Greco Nero Maglianico, das cepas Greco Nero e Maglianico.

Conforme a descrição de Giovanni, o vinho é envelhecido em barricas de carvalho francês até a fermentação malolática natural. A sua cor é de um vermelho intenso, com reflexo púrpura. No nariz ele é amplo e persistente, com toques de fruta, pimenta negra, chocolate e baunilha tostada, devido ao afinamento em madeira. No palato resulta complexo e envolvente. Tanino macio e elegante.

Agradeço muito a Giovanni e sua família, que apesar de estarem na vindima e  trabalhando,  encontraram tempo para nos receber gentilmente!

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Vale a pena conhecer a Puglia

A Puglia é uma região que fica no sul da Itália, bem no “salto da bota”.  A sua capital é Bari. O seu litoral, com 800 km de costa, é banhado por dois mares, o Mar Adriático e o Mar Jônico. (https://www.youtube.com/watch?v=Bm-R-yTwReE)

A Puglia é uma região desconhecida pela maioria dos brasileiros e ainda não invadida pelos turistas internacionais, exceção feita à cidade de Alberobelo, esta sim muito visitada.

Na Puglia, o forte é o turismo interno, principalmente no verão. Quando lá estivemos, só vimos alguns poucos brasileiros em Lecce.

As praias da Puglia estão entre as mais bonitas da Itália continental. Algumas delas tem areia fina (no mar Jonico), com seu poderoso azul turquesa e outras (no mar Adriático), de tom mais para o esmeralda, com falésias e enseadas de pedrinhas. Nas praias mais badaladas, como as de Galipoli, alguns espaços são reservados aos lidos (locais fechados com serviços disponíveis), no entanto, muitas áreas são públicas.

Come-se bem e em fartas porções na maioria dos lugares, a preços bem razoáveis, se compararmos com o resto da Itália. Alguns dos pratos regionais são os orecchiette (massa em forma de orelhinha), taralli (um biscoitinho condimentado), caldeirões de frutos do mar, ouriço, linguiças, tábuas de frios e queijos. Falando dos queijos, as mozzarelas, nesta região, são feitas de leite de vaca,  desde as defumadas, até as burratas, straciatellas (miolo da burrata) e scamorzas (parecida com o caccia cavalo).

Os vinhos da Puglia são pouco conhecidos pelos brasileiros, na sua maioria potentes, saborosos, diversificados e mais baratos que os do Piemonte e Toscana. Há excelentes vinhos tintos, principalmente Primitivos, e nas variedades: tintos, rosés e brancos, secos, doces e espumantes.


Uma das tradições da Puglia é almoçar em açougues, ou macellerias, onde se escolhe os cortes no balcão, junto com salames, azeitonas e pimentões sott' olio (em azeite de oliva).

Uma boa experiência nesta região, é se hospedar em masserias, que são antigas fortificações, transformadas em hotéis, ou mesmo em trullo, na região de Alberobelo. Os trullo são casinhas construídas de pedra, com teto em forma de cone. Dizem que no passado, elas eram construídas apenas por pedras. Desta forma, elas poderiam ser rapidamente desmontadas, se fosse o caso, para fugir dos inimigos ou dos impostos cobrados pelos donos das terras, uma espécie de acampamentos de sem terra.

A Puglia é uma região  rústica, simples, sem glamour ou frescura. Nas suas praias encontramos famílias numerosas e uma boa quantidade de imigrantes vendendo paus de selfie, roupas e toalhas. Em geral são boas pessoas e não oferecem nenhum risco à população e ao turista.

As vinhas e oliveiras são uma constante em terras puglianas e fazem parte de todos os trajetos pelos quais nos aventuramos. Estas oliveiras produzem azeites muito bons!

O lado do mar Jônico tem estradas melhores do que as do lado do mar Adriático, que tem velocidades limitadas, levando mais tempo para percorrer.

Atraídos pelo nome da dança tarantella, visitamos a cidade de Taranto, onde teve origem esta dança típica. Diz a cultura local que antigamente, quando a pessoa fosse picada pela aranha tarantula, ela deveria pular muito e dançar para se livrar do veneno.

Taranto é uma cidade mais industrial e sem grandes atrativos.

Um lugar interessante para se ir é o promontório de Gargano, porém suas praias ficam distantes do trajeto de alguém que siga para o sul. Nesta região também existe um conjunto de ilhas deslumbrantes. (https://www.youtube.com/watch?v=q_L9kKmWatE).

Pretendo retornar a esta região, para conhecer outras cidades e mergulhar naqueles mares magníficos!

domingo, 16 de abril de 2017

Porto e Douro 2017

Como tem acontecido nos últimos anos, o Instituto do Douro e Porto promoveu um encontro no Brasil, neste início do ano de 2017, para apresentar alguns de seus vinhos. Eu tive a satisfação de participar deste evento, aqui em São Paulo.

Neste ano, estiveram presentes mais de 30 produtores e foram apresentados algumas centenas de vinhos:

Bispado-Carm; Casa Alves; Casa Ferreirinha e Sandeman; Churchill’s; Crochet; Croft; Cia de Vinhos do Douro; Dalva; Duorum; Graham’s; Horta Osório, Lavadores de Feitoria; Moinho do Coa; Poças Junior; Poeira; Porto Ferreira; Quevedo; Quinta da Mieira; Quinta da Pacheca; Quinta da Veiga; Quinta das Apegadas; Quinta das Tecedeiras; Quinta de Curvos; Quinta de La Rosa; Quinta do Crasto; Quinta do Cume; Quinta do Noval; Quinta do Pessegueiro; Quinta do Portal; Quinta do Romeu; Quinta Dona Leonor; Quinta dos Avidagos; Quinta das Murças; Quinta Nova; Quinta Santa Eufémia; Ramos Pinto; Real Cia Velha; Taylor’s; Vallado; Vicente Faria; Wine & Soul.

Os representantes da IDP ( Instituto do Douro e Porto) informaram que 2011 foi o ano de maior importação de vinhos portugueses, pelo Brasil. De lá para cá, a importação dos vinhos fortificados caiu 50%, enquanto os demais  vinhos continuavam sendo importados nos mesmos níveis de 2011.

Talvez por este motivo, em 2017 houve uma maciça presença de vinhos do porto, no evento, com excelente representatividade. Quanto aos vinhos tintos, havia também uma boa gama, que incluía desde os mais básicos, que por sinal continuavam bons, até os grandes vinhos, que eram maravilhosos!

Comecei provando os vinhos da Wine & Soul, cujos vinhos são muito bons, como o Guru.
Seu vinho Pintas ganhou 98 merecidos pontos da Wine Expectator.

A vinícola Duorum, cujo enólogo fazia o Barca Velha, revelou sua capacidade para produzir bons vinhos. Os vinhos da Duorum evoluíram muito.

A Quinta do Crasto trouxe seu Crasto superior para o evento que, por sinal, estava excelente!

A Churchil, que nada tem a ver com o ministro inglês, esteve presente com seus bons vinhos brancos e tintos, além dos Portos, é claro.


A Quinta do Vallado sempre surpreendendo. Além de seus vinhos muito bem feitos, apareceu com uma novidade que foi o Reserva Field Blend. Este vinho utiliza 45 castas e tinha mais de 100 anos! Perfeito!

A Quinta do Pessegueiro apresentou bons vinhos, ótima escolha para aqueles que desejam vinhos do Douro!

Entre os vinhos do Porto, o produtor Eirados trouxe desde os mais simples até os LBV, Vintage 2008 e Towny 20 anos. Pudemos sentir bem a diferença entre os vários tipos de Porto.

A Ramos Pinto seguiu a mesma linha do Eirados, procurando sempre cativar os apreciadores de Porto.

O evento sempre é muito bom e apresenta constantemente novidades, assim como, me coloca em contato com os bons vinhos portugueses!

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Taormina, pérola da Sicília

Depois que saímos de Matera, partimos para Taormina, que fica na ilha da Sicilia. A viagem foi longa e cansativa, com trechos de estrada simples e alguns desvios, além de uma travessia de balsa pelo estreito de Messina. (https://www.youtube.com/watch?v=Lu4fzjNiyBo)

Em Taormina, ficamos hospedados num hotel indicado por uma amiga. O Hotel oferecia um bom serviço e ficava perto da entrada da cidade: La Pensione Svizzera, via Luigi Pirandello, 26. Ele nos custou US$467, por 3 noites.

Taormina é uma cidade mais cara que outras do sul da Itália, por ser muito badalada!

A cidade foi fundada em 396 AC, no alto do monte denominado Tauro, pelos gregos que inicialmente a chamavam de “Tauromenion”. Augusto, posteriormente, expulsou os habitantes da cidade, substituindo-os por colonos romanos. Taormina passou então a ser visitada pela nobreza romana.

Taormina já era nossa conhecida antes, em 1997,quando ficamos hospedados num hotel barulhento por uma noite, o que nos levou a ir embora no dia seguinte. Nesta época eu não fazia reserva antecipada de hotel, o que resultava, às vezes, neste tipo de problema.

Para quem visita a Sicília, acho que Taormina é imperdível, apesar de ser muito invadida por turistas que nos dificultam até de tirar fotografias!

A cidade é chamada de Pérola do Mar Jônico, pois é cheia de terraços panorâmicos com vistas maravilhosas para o mar e para o vulcão Etna.


Entrando pela porta de Messina, chegamos à sua rua principal, que é o Corso Umberto, cheia de lojas e restaurantes. A tentação ali é grande, inclusive quando passamos nas lojas de vinho, que oferecem o que há de melhor na ilha. O Corso Umberto termina na porta de Catânia, de onde se avista bem o vulcão Etna.

O Corso Umberto tem várias travessias e duas praças, a Piazza IX Aprilea e a Piazza Duomo, onde fica a Catedral da cidade, dedicada a São Nicolau, construída no século XIII. Lá existe uma bela sacada com vista para o mar.

Passando pela entrada Messina, e indo pelo lado esquerdo, chegamos nas às ruínas do Teatro Grego, construído no século III AC e ampliado pelos romanos no século II DC. Lá são apresentados vários shows, no período de maio a setembro. Tentei reservar desta vez ingresso para o show de Eros Ramazotti, mas infelizmente já estava lotado hà mais de 3 meses.

O jardim da Villa Comunale, que é jardim público de Taormina, é um canto de paz dentro da cidade. Com suas flores, fontes e obras de arte é um bucólico lugar para visitar! Lá podemos apreciar uma escultura em bronze de dois anjos sentados num banco. Todos que passam por ela, tiram foto junto ao casal.

As praias próximas à cidade podem ser acessadas por um funicolare. Elas são banhadas por um mar cristalino e deslumbrante e requerem  que ao visita-las levemos um sapato de borracha para entrar na água, pois o fundo é de cascalho bem liso.

Visitamos a praia de Isola Bella, onde ficamos nos refrescando do calor. Este é um local com muita gente, mas mesmo assim vale muito a pena. No local existem vários Lidos, que são espaços fechados, com serviço de bar, restaurante e cadeiras de praia e guarda sol. Levamos uma toalha e ficamos nos locais livres.

Aproveitamos para provar o arancini, que é um bolinho de risoto grande e típico! Tomamos também uma granite, um tipo de raspadinha de gêlo com suco de frutas, bem próprio da região.

Almoçamos no restaurante Ciclope, uma pasta a la norma (com berinjela, ricota defumada ralada e molho de tomate), prato típico da Sicília e também uma pasta ao funghi.

No dia seguinte, nadamos na praia de Mazzarò que fica ao lado da Isola Bella.

Em Taormina, jantamos no restaurante Nero d’Avola, onde conhecemos o simpático chefe Turi Siligato, do qual já falei no artigo (http://vinhoprazer.blogspot.com.br/2016/12/restaurante-nero-davola-de-taormina.html).

No dia seguinte jantamos divinamente em outro bom restaurante L’Arco dei Cappuccini:

Carpaccio de polvo

Cocktail de gamberonis

Spaguetti a la botarga de tonno (atum)

Depois de todos estes passeios,  nos despedimos de Taormina e partimos para Tropea, que fica na Calabria.

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