terça-feira, 30 de outubro de 2018

Restaurante Antonietta Cucina, com pratos deliciosos e preço salgado.

Descobri o aplicativo Primeira Mesa associado à restaurantes de São Paulo, que oferecem 50% de desconto para as pessoas que se sujeitam à uma reserva para a hora de abertura. Para fazer a reserva, o Primeira Mesa cobra R$5,00 para uma pessoa e R$9,00 para 2 pessoas.

Testei o sistema duas vezes no restaurante Antonietta Cucina, que fica na rua Mato Grosso 412, em Higienópolis (fone: 3567-2052).

O ambiente do Antonietta é sofisticado, com muito bom gosto, desde a decoração, as flores,  os pratos vindos de Portugal, até a música que é tranquila e agradável, mas que a meu ver deveriam ser músicas italianas pra combinar com a proposta.

O atendimento  no Antonietta é cordial, mas tem um preço de 13% de serviço sobre o total da conta, antes do desconto.

O Antonietta oferece um dos pratos que mais gosto, Olive All Ascolana, que é azeitona verde, recheada de presunto cru, carne bovina e suína, preparado à milanesa. Não resisti e pedi um prato deste como entrada. Estava muito bom e eu me senti na Itália.

Como prato principal pedi o Agnello Scoltadito (cordeiro à milanesa, em cama de purê de alcachofras grelhadas e folhas de hortelã). O prato estava delicioso.

O outro prato foi Ruchetta (Salada de folhas frescas de rúcula selvagem, radiccio, amêndoas, queijo parmesão e molho balsâmico. Estava perfeito.

O vinho que acompanhou os pratos foi o vinho toscano Il Dragone 2016, que é um vinho simples mas agradável.

Quando voltei lá numa outra vez, com um casal de amigos, a reserva no Primeira Mas era só para duas pessoas. O aplicativo não pede confirmação com os detalhes da reserva e eu errei no horário da segunda reserva. Isso resultou no desconto apenas para 2 pessoas.

Pedi de novo a Olive All Ascolana, que foi aprovada por todos.

A outra entrada foi a Melanzane alla Parmigiana, uma pequena porção de um prato típico Napolitano: beringela empanada, molho de tomate, parmesão e manjericão. Estava delicioso.

Os pratos principais foram: Polpo: Polvo grelhado, croquete de batatas, lardo e aioli de pistache. (O ponto do polvo estava perfeito e o acompanhamento muito bom;


O outro prato foi o  Ossobuco Alla Milanese: Ossobuco Angus braseado, com risoto de açafrão e gremolata (tempero feito com raspas de limão, salsa e alho). Minha amiga gostou bastante do prato e


O Peixe do dia (pescada amarela) grelhado com crosta de castanha, caponata de legumes orgânicos, palmito pupunha ao molho de cítricos, também estava correto.

Para acompanhar os pratos, pedi o vinho Arenile Pecorino branco que estava bem fresco e agradável.

Nesta noite tinha música ambiente, pela qual foi cobrado R$10,00 por pessoa.

Com café expresso, que não estava bem tirado e o desconto nos pratos de apenas 25%, graças ao meu erro,  a conta ficou em R$575,69, para 4 pessoas. Caso não tivesse o desconto a conta ficaria em R$676,00 o que me parece um tanto salgado como preço.

Ainda assim o Antonietta foi uma boa descoberta em termos de restaurantes de qualidade na cidade de São Paulo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Burgos, cidade espetacular espanhola, que fita na rota de Santiago de Compostela

Ao sair de Barcelona, atravessei a Espanha para o oeste, passando por regiões praticamente sem qualquer tipo de vegetação, até chegar à cidade de Burgos. A cidade fica na região de Castela e Leon.

Já estive uma vez em Burgos, mas resolvi ficar hospedado lá desta vez, para visitar vinícolas nas duas regiões próximas: Ribera del Duero e Rioja.

Hospedei-me no hotel ZNH Collection Palacio de Burgos (https://www.nh-collection.com/pt/hotel/nh-collection-palacio-de-burgos) Calle De la Merced, 13 (quarto standard, sem café), por EUR 96,00 p/ noite. Como todo hotel da rede NH, este é de muito bom gosto e bem localizado. O magnífico edifício neogótico deste hotel em servido para muitos fins diferentes, nos últimos 500 anos. Já foi convento, hospital militar, academia para engenheiros do exército e um colégio jesuíta antes do NH.

A cidade de Burgos foi fundada em 884 como fortaleza e elevada em 1029, à sede episcopal e foi também a sede do governo de Franco durante a Guerra Civil Espanhola.

Burgos tem muitos marcos históricos como a Catedral de Santa Maria La Mayor de Burgos  (declarada patrimônio mundial pela UNESCO), o monastério Las Huelgas Reales, monastério de Cartuja de Miraflores (residência de verão da monarquia espanhola), além de um grande número de castelos, palácios e outros prédios da época medieval.

Próximo à cidade, nasceu um famoso líder militar, que já foi até tema de filme: El Cid o Conquistador.

A cidade de Burgos é a principal encruzilhada do norte da Espanha, no caminho de Santiago de Compostela. É comum encontrar peregrinos vagando pela cidade, que faz parte do caminho de Santiago de Compostela. Alguns restaurantes oferecem pratos a baixo custo para os peregrinos.

Do nosso hotel, bastava atravessar o rio Alazón, para se chegar à parte antiga da cidade, que começa num magnífico portal, construído na idade média. Ele era mesmo um dos portões de entrada da cidade. Neste portal foram esculpidas 6 imagens, direto na pedra, que representam personagens importantes para a história da cidade.

Atravessando o portal, já se sente o impacto da grandiosidade e beleza da catedral, que foi construída no século XIII, juntamente com as grandes catedrais de Paris. O prédio grandioso é muito bonito e seus vitrais iluminam a igreja por dentro.

O centro da cidade é a Plaza Mayor irregular, diferentemente das suas irmãs, como as de: Valladolid, Salamanca e Madrid, que são quadradas. Há muitos anos, a praça foi o maior centro de atividade comercial da cidade. Desde o século 18, no entanto, foi implantado ali o centro administrativo da cidade e é onde fica o prédio do ayuntamiento (prefeitura).

Andando pelo centro, encontramos diversos restaurantes e bares com petiscos de dar água na boca. Os pratos típicos da cidade incluem a morcilla (embutido escuro, à base de sangue) e o queijo de Burgos (branco e macio, originalmente feito com leite de ovelha). Provamos um morcilla, que apesar de estranha, estava muito boa.

Por toda a cidade, os bares, com tapas, pintxos e bocadilhos são acompanhados de sangria ou vinhos em taça. Uma tentação à qualquer regime alimentar.

Um local para ser visitado ali perto de Burgos é o monastério de Cartuja de Miraflores. Ele foi construído sobre a colina de Miraflores, localizada à cerca de 3 km do centroda cidade. Ele é uma jóia da arte gótica, decorada com os escudos de seus fundadores. O templo tem uma única nave, com capelas laterais e abside poligonal. A nave é coberta por uma abóbada estrelada.

Burgos é mesmo uma cidade que deve ser visitada, devido à sua beleza e tranquilidade, além de ser um bom ponto de apoio para conhecer vinícolas, tanto na Rioja, com em Ribera del Duero . Burgos é também um ponto de parada dos peregrinos, que cantam e se encontram em suas praças, tornando esta visita um tanto quanto especial!

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Anselmo Mendes e seus excelentes vinhos verdes

Conheci o produtor de vinhos do Minho, Anselmo Mendes, num evento de vinhos de Portugal, no shopping JK, em 2017. Os seus vinhos estavam muito bons e Anselmo, nesta ocasião, parecia mum pouco sisudo, ainda que gentil.

Para o ano de 2018, planejei uma viagem à Portugal, a fim de aprofundar meus conhecimentos sobre os vinhos e para conhecer a região do Minho.

Assim fiz. Quando estava em Viana do Castelo, marquei então 3 visitas  com suas degustações, no mesmo dia, entre Espanha e Portugal, pois as vinícolas eram próximas e existia uma diferença de 1 hora de fuso horário entre a Espanha e Portugal.

O rio Minho separa as regiões vinícolas da Rias Baixas (na Espanha), do Minho (em Portugal).

Um dos meus objetivos desta viagem era descobrir a diferença entre os vinhos Albarinhos espanhois e Alvarinhos portugueses. As cepas são similares, os nomes e o terroir diferentes.

A primeira visita que fiz foi na Espanha, onde me disseram que o nome do vinho verde veio do fato das uvas serem colhidas verdes.

Outra versão para este nome deriva do fato da região do Minho ter muita vegetação devido ao alto índice pluviométrico. Região portanto verde que faz este vinho.

Atravessei então o rio Minho de novo e fui à vinícola de Anselmo, que estava sobrecarregado com a colheita, dando instruções para seus encarregados.

Ele me contou que houve uma época no Minho, onde foi muito explorada a cultura de milho e batata, com pouco espaço para as uvas. Assim, as vinhas, para dar maior produtividade, eram deixadas crescer como árvores, o que resultava numa uva que não maturava bem.

Hoje em dia, no entanto, a realidade é outra, existem vinhos verdes muito bem feitos concorrendo com melhores brancos do mundo!

Anselmo me levou inicialmente à uma de suas propriedades (Quinta da Bemposta), onde tem uma antiga casa tradicional, do século XV (Casa da Torre) da região, que ele está restaurando com um belo projeto, que inclui pesquisa histórica sobre a própria casa. A casa tem um ar medieval, que lembra as residências de pedra da Toscana. Ele tem um projeto turístico para a propriedade, que vai contar com dez suítes e um centro de experimentação do Alvarinho, a instalar nas três torres da casa.

A região da uva Alvarinho é cercada de montanhas, protegida da influência atlântica, um ambiente perfeito para esta cepa.

Anselmo trabalha também com a cepa Loureiro, mas numa região próxima a Ponte de Lima e a uva Avesso, no Douro. Cada cepa é plantada na sua região adequada!

Anselmo me contou que depois de se formar em Lisboa, como engenheiro agro-industrial, fez pós graduação em Enologia , seguida de um estágio em Bordeaux. Quando voltou para Melgaço, resolveu fermentar uvas em madeira, o que era uma novidade para a região. Desde então , ele tem feito inovações e crescido tanto em qualidade como em volume de produção, transformando seus vinhos num dos mais procurados de Portugal. Anselmo também passou a dar consultoria tanto em outras regiões de Portugal , como na América do Sul, inclusive no Brasil.

Anselmo me convidou para almoçar no restaurante de um amigo, na Espanha e antes disso passamos em outra de suas propriedades, para escolher alguns vinhos serem tomados no almoço.

Durante o almoço,  provei as navajas, que são mariscos em forma de uma navalha. O molusco estava bem temperado o que o tornava uma delícia. Acompanhamos este prato com o vinho Muros de Melgaço 2017, Alvarinho, que tinha um frescor e acidez marcantes e combinavam bem com o prato.

Em seguida provamos o Muros Antigos 2017, Alvarinho, com um cítrico bem interessante, boa acidez e persistência.

Finalmente veio o vinho  branco Parcela única 2016, Alvarinho, bastante mineral, mais sóbrio, com toques de limão e defumados no olfato. Este vinho é produzido de uma única parcela e é espetacular, com muita estrutura e persistência.

Provamos também o tinto Pardusco 2012, da cepa tinta Vinhão, da região de Lima. Ele tem uma cor violácea intensa, com aromas de frutas vermelhas selvagens, excelente acidez , equilíbrio e taninos macios. O Vinhão é uma cepa mais rústica, mas neste caso foi muito bem trabalhada.

Junto com estes vinhos vieram outros petiscos espanhóis para encerrar a nossa deliciosa refeição.

Depois disso, voltamos para adega, onde Anselmo me ofereceu uma caixa do Parcela única. A tentação em aceitar foi grande, mas acabei aceitando apenas 2 garrafas, mais que suficientes. Sua generosidade era imensa!

Depois desta experiência, descobri que aquele Anselmo sisudo era na realidade uma pessoa gentil e muito divertida. Passamos horas conversando sobre assuntos técnicos e amenidades.

Com sua ajuda pude perceber a alta qualidade  que os vinhos verdes atingiram.  E isto fez com que ele perdesse sua antiga fama de vinho  rústico.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

O restaurante 4 Cats de Barcelona, que foi frequentado por Pablo Picasso

Na visita que fiz à à Barcelona em 2017 voltei ao restaurante The 4 Cats, que fica na região das ramblas (Carrer de Montsió, 3).

O restaurante, que abriu em 1897, é um lugar histórico e emblemático da Catalunha. Por lá estiveram os mais importantes escritores, artistas e políticos do século 20.

4 Cats foi uma adaptação do Cabaret Le Chat Noir, da França. Seu fundador, Pere Romeu, trabalhou por alguns anos no lendário restaurante parisiense e ficou seduzido por esta experiência, decidindo  então abrir uma réplica em Barcelona.


Há rumores de que o nome de 4 Gats surgiu quando Ramon Casas aconselhou seu amigo Pere Romeu a não abrir um restaurante em Barcelona, pois já haviam muitos. "Nem mesmo quatro gatos virão", ele retrucou. E foi assim que Pere Romeu nomeou seu lugar.


Dizia-se que Pere era uma pessoa altruísta, culta e amante das artes. Ele logo esqueceu o sentido comercial da taverna, para promover seu aspecto mais cultural, onde atividades como encontros, shows e artes aconteciam.


4 Gats rompeu com as tendências da sociedade da época e se esquivou dos acadêmicos convencionais que prevaleciam no final do século XIX.

Diz-se que Picasso teve que fazer um terno sob medida para entrar nos 4 Gats. O jovem artista, que na época tinha apenas 17 anos, chegou a um acordo com um alfaiate que fez a roupa em troca de um retrato.

Picasso começa a frequentar 4 Gats em 1899. Lá ele se junta a Ramon Casas. De fato, podemos ver nas pinturas dos dois artistas, estilos muito semelhantes. Até hoje, você pode ver o trabalho dos dois pintores na grande sala de 4 Gats e você só pode distinguir seus trabalhos apenas observando a assinatura do autor. Além disso, o próprio Picasso fez sua primeira exposição individual em 4 Gats.
4 Gats fechou em 1903 e não abriu novamente como taberna / restaurante até o final dos anos 70. O esforço para conservar o espaço e a memória de 4 Gats no início do século 20 tem sido considerável e os resultados obtidos valeram a pena. Há alguns meses, ele foi declarado um estabelecimento emblemático da cidade e constitui, sem dúvida, uma parte viva de sua história.

O restaurante continua o mesmo, apenas acabaram com os candelabros em que a cera das velas escorria ao seu redor, dando um ar peculiar para o local.

O atendimento ali ainda hoje é muito acolhedor.

Desta vez que voltei no 4 Gats, quando disse que tinha estado lá há 25 anos atrás, em minha lua de mel, nos ofereceram gentilmente uma taça de espumante Cava.

Nesta noite, pedimos de entrada um delicioso tentáculo de polvo frito com batatas.

Como prato principal, escolhemos o espetacular arroz negro de lulas com aioli romanesco (molho de maionese e alho).

Para acompanhar nosso prato pedi o vinho Duquesa de Valladolid, 2016, da cepa verdejo que estava muito fresco e caiu muito bem.

Nos serviram também o bom vinho Can do Sil, da bodegas Carbalal, da Galícia, envelhecido por 3 meses em suas borras.

Saímos de lá satisfeitos e pensando que se voltássemos à Barcelona, iríamos de novo ao 4 Cats, que sempre vale a pena ser visitado

Miolo chega na Argentina e desbrava seu quinto terroir

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