quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Anselmo Mendes e seus excelentes vinhos verdes

Conheci o produtor de vinhos do Minho, Anselmo Mendes, num evento de vinhos de Portugal, no shopping JK, em 2017. Os seus vinhos estavam muito bons e Anselmo, nesta ocasião, parecia mum pouco sisudo, ainda que gentil.

Para o ano de 2018, planejei uma viagem à Portugal, a fim de aprofundar meus conhecimentos sobre os vinhos e para conhecer a região do Minho.

Assim fiz. Quando estava em Viana do Castelo, marquei então 3 visitas  com suas degustações, no mesmo dia, entre Espanha e Portugal, pois as vinícolas eram próximas e existia uma diferença de 1 hora de fuso horário entre a Espanha e Portugal.

O rio Minho separa as regiões vinícolas da Rias Baixas (na Espanha), do Minho (em Portugal).

Um dos meus objetivos desta viagem era descobrir a diferença entre os vinhos Albarinhos espanhois e Alvarinhos portugueses. As cepas são similares, os nomes e o terroir diferentes.

A primeira visita que fiz foi na Espanha, onde me disseram que o nome do vinho verde veio do fato das uvas serem colhidas verdes.

Outra versão para este nome deriva do fato da região do Minho ter muita vegetação devido ao alto índice pluviométrico. Região portanto verde que faz este vinho.

Atravessei então o rio Minho de novo e fui à vinícola de Anselmo, que estava sobrecarregado com a colheita, dando instruções para seus encarregados.

Ele me contou que houve uma época no Minho, onde foi muito explorada a cultura de milho e batata, com pouco espaço para as uvas. Assim, as vinhas, para dar maior produtividade, eram deixadas crescer como árvores, o que resultava numa uva que não maturava bem.

Hoje em dia, no entanto, a realidade é outra, existem vinhos verdes muito bem feitos concorrendo com melhores brancos do mundo!

Anselmo me levou inicialmente à uma de suas propriedades (Quinta da Bemposta), onde tem uma antiga casa tradicional, do século XV (Casa da Torre) da região, que ele está restaurando com um belo projeto, que inclui pesquisa histórica sobre a própria casa. A casa tem um ar medieval, que lembra as residências de pedra da Toscana. Ele tem um projeto turístico para a propriedade, que vai contar com dez suítes e um centro de experimentação do Alvarinho, a instalar nas três torres da casa.

A região da uva Alvarinho é cercada de montanhas, protegida da influência atlântica, um ambiente perfeito para esta cepa.

Anselmo trabalha também com a cepa Loureiro, mas numa região próxima a Ponte de Lima e a uva Avesso, no Douro. Cada cepa é plantada na sua região adequada!

Anselmo me contou que depois de se formar em Lisboa, como engenheiro agro-industrial, fez pós graduação em Enologia , seguida de um estágio em Bordeaux. Quando voltou para Melgaço, resolveu fermentar uvas em madeira, o que era uma novidade para a região. Desde então , ele tem feito inovações e crescido tanto em qualidade como em volume de produção, transformando seus vinhos num dos mais procurados de Portugal. Anselmo também passou a dar consultoria tanto em outras regiões de Portugal , como na América do Sul, inclusive no Brasil.

Anselmo me convidou para almoçar no restaurante de um amigo, na Espanha e antes disso passamos em outra de suas propriedades, para escolher alguns vinhos serem tomados no almoço.

Durante o almoço,  provei as navajas, que são mariscos em forma de uma navalha. O molusco estava bem temperado o que o tornava uma delícia. Acompanhamos este prato com o vinho Muros de Melgaço 2017, Alvarinho, que tinha um frescor e acidez marcantes e combinavam bem com o prato.

Em seguida provamos o Muros Antigos 2017, Alvarinho, com um cítrico bem interessante, boa acidez e persistência.

Finalmente veio o vinho  branco Parcela única 2016, Alvarinho, bastante mineral, mais sóbrio, com toques de limão e defumados no olfato. Este vinho é produzido de uma única parcela e é espetacular, com muita estrutura e persistência.

Provamos também o tinto Pardusco 2012, da cepa tinta Vinhão, da região de Lima. Ele tem uma cor violácea intensa, com aromas de frutas vermelhas selvagens, excelente acidez , equilíbrio e taninos macios. O Vinhão é uma cepa mais rústica, mas neste caso foi muito bem trabalhada.

Junto com estes vinhos vieram outros petiscos espanhóis para encerrar a nossa deliciosa refeição.

Depois disso, voltamos para adega, onde Anselmo me ofereceu uma caixa do Parcela única. A tentação em aceitar foi grande, mas acabei aceitando apenas 2 garrafas, mais que suficientes. Sua generosidade era imensa!

Depois desta experiência, descobri que aquele Anselmo sisudo era na realidade uma pessoa gentil e muito divertida. Passamos horas conversando sobre assuntos técnicos e amenidades.

Com sua ajuda pude perceber a alta qualidade  que os vinhos verdes atingiram.  E isto fez com que ele perdesse sua antiga fama de vinho  rústico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Do Brasil para Luxemburgo, Tenuta Foppa & Ambrosi

Tenuta Foppa & Ambrosi estreia neste mercado com exportação de 600 garrafas   Os ‘guris’ que começaram a elaborar vinho no porão de casa...