segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Visita à espetacular vinícola Niepoort, do Douro.

Um dos meus objetivos, da viagem à Portugal de 2018, era conhecer a Niepoort e participar da pisa de uvas em lagar.

Esta vinícola é uma empresa familiar de longa data, foi fundada em 1842, por Franciscus Marius Niepoort. Cinco gerações se sucederam desde que  ele fundou a empresa, que está agora sobre o comando de Dirk, desde 2005.

Dirk descobriu o mundo do vinho durante os seus estudos na Suíça.
Em 1987, Dirk juntou-se ao seu pai, Rolf Niepoort, na empresa familiar e foi desafiado a inová-la, mantendo as boas tradições. O primeiro passo importante foi a aquisição de vinhas próprias: a Quinta de Nápoles e a Quinta do Carril no Cima Corgo, uma região que tradicionalmente produz Vinhos do Porto.

Nas Caves de Vila Nova de Gaia é feito o armazenamento do Vinho do Porto,  seu blend, envelhecimento, engarrafamento, rotulagem e expedição.

A QUINTA DE NÁPOLES foi comprada em 1987e inclui cerca de 30 hectares de vinhas localizadas a uma altitude de 80 a 250 metros, com idade que varia dos 26 a mais de 80 anos. Esta Quinta fica na margem esquerda do rio Têdo e é ali que a Niepoort faz os vinhos tintos, rosés e brancos.

O antigo museu em VALE DE MENDIZ foi comprado pela Niepoort em 2003 e convertido num centro de vinificação exclusivo para os Vinhos do Porto.

A separação da produção de Vinho do Porto  se dá em dois centros de vinificação, de forma  intencional. Isto permite processos dedicados e otimizados para Vinhos do Porto e Vinhos do Douro.

A Niepoort também tem uma propriedade na Bairrada; a Quinta de Baixo,  no Dão; a Quinta da Lomba e no Minho.

Além de vinho do Porto, a Niepoort produz o Moscatel do Douro, na região de Favaios, com a cepa Moscatel Petit Grains.

Saí da cidade de Peso da Régua e segui Douro acima, até o rio Tudo, quando vi as belas plantações da Niepoort, nos socalcos (planos feitos em encostas íngremes onde são plantadas as parreiras) das encostas e vistas para o rio.

Junto à um grupo de Ingleses, fomos guiados por um canadense que, nas suas férias trabalha para a Niepoort.

Começamos visitando uma adega subterrânea, onde é guardada uma coleção de vinhos da Niepoort.
Fomos para a adega, onde recebemos explicação sobre os processos de produção e participamos da experiência única, que é provar vinhos em vários estágios de produção.

Numa área da adega existiam algumas ânforas e fomos informados que ali estavam produções de vinhos ainda em fase experimental.

De uma ânfora , saiu uma moça tinta pelo mosto, que fazia, de tempos em tempos, a pisa deste mosto. Como ela era baixinha e muito simpática perguntei brincando se  ela não tinha medo de se afogar nas ânforas. Ela sorriu. Podia até ser uma boa forma de morrer numa boa!

A fermentação de alguns vinhos é feita em cubas de inox. Podíamos ver o vinho fermentando em borbulhas.

As salas de barris eram uma enormidade, repletas de todos tipos de barricas, muitas manchadas de vinho.

Voltamos para a área de recepção, onde havia um terraço, com uma linda vista do rio sinuoso e de uma imensidão de parreiras!

Podíamos ver as rochas deste terreno numa escavação. As rochas eram tão compactadas e densas que para que se cultivasse vinhas nelas, seria necessário dinamitá-las para abrir espaço para a videira.

Como se não fosse suficiente a visita, fui gentilmente convidado a participar de um almoço, com harmonização com vinhos, produzido na Quinta de Nápoles.

O almoço começou com os deliciosos bolinhos de bacalhau, uma sopa de legumes, seguida de arroz de pato.

Uma variedade de queijos portugueses não faltou  neste almoço, que terminou com uma Creme Cheese com frutas vermelhas.

Os vinhos que acompanharam a refeição complementaram a experiência gastronômica em alto estilo:

Redoma Reserva Branco 2017, proveniente de vinhas velhas, ele é elaborado a partir de várias castas, sendo as mais importantes a Rabigato, Códega, Donzelinho, Viosinho e Arinto. O vinho fermenta e estagia em barricas de carvalho francês, é fresco e elegante, mostrando na boca uma acidez vibrante com grande volume e intensidade, frutado, complexo, com notas minerais e a madeira muito bem integrada.

Redoma Rosé, que tem um um carácter muito próprio. Contrariamente ao típico processo de vinificação do rosé, o Redoma Rosé é fermentado em barricas novas de carvalho francês depois de ser obtido o mosto de gota (obtido do primeiro esmagamento da uva). Muito vivo e elegante no nariz, com fruta vermelha e especiarias, com tosta de madeira muito bem integrada.

Vertente Tinto 2018, que é um vinho equilibrado, com grande frescura; mostra-se muito apelativo, com fruta muito fina e elegante, taninos suaves presentes, com final muito persistente e intenso. É um vinho fresco, muito mineral e expressivo, cor rubi carregada e notas de frutos vermelhos.

Robustus 2008, que é vinificado de acordo com os métodos usados na produção dos vinhos tradicionais. O longo estágio em tonel de madeira antiga, imprime maturidade, complexidade, amacia os taninos e confere ao vinho precisão e equilíbrio, sem perder todo o vigor e a frescura aromática. O Robustus provém das vinhas mais velhas. Enfim, é um vinho espetacular, com aroma profundo, complexo, austero e com várias camadas. Mostra no copo uma frescura e mineralidade. O equilíbrio é notável, embora muito encorpado e com bom volume de boca, os taninos finos e o longo estágio em tonel.

Porto Towny 10 anos, com envelhecimento em pequenas pipas de carvalho confere-lhe a sua característica cor alourada. O vinho tem uma complexidade de aromas, a frescura, o "bouquet" persistente e o refinamento.

Terminada esta excelente visita, fomos para a Quinta do Carril, no Cima Corgo,a fim de viver a experiência de pisar em uvas.

Esta será uma nova história!

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