quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Degustação de vinhos Jerez

Estive numa degustação dos diversos tipos de vinhos Jerez, produzidos na Espanha, cuja história remonta 3.000 anos.

O apresentador contou uma história que aparentemente levou ao seu processo de envelhecimento, que esses vinhos utilizam, chamado soleira.

Pesquisei esta história e encontrei uma ligação entre ela e a guerra entre a Espanha e Inglaterra:
A competição econômica e religiosa entre a Espanha e Inglaterra, no século XVI, era bem acirrada.

Esta desavença tinha de um lado a Inglaterra, comandada pela protestante rainha Elizabeth, que se opôs ao catolicismo, tornando obrigatório o comparecimento ao serviço religioso da Igreja Anglicana.

De outro lado, tinha a Espanha comandada Filipe II, que era católico.

A belicosidade teve início quando a Espanha afundou uma expedição negreira inglesa, comandada por sir John Hawkins, em 1568 no México.

A partir deste fato, sir John Hawkins e sir Francis Drake passaram a ser corsários, com o apoio da coroa inglesa, como uma maneira de quebrar o monopólio espanhol do comércio no Oceano Atlântico.

A Espanha passou a construir uma frota no porto de Cádis, região produtora do Jerez, para atacar a Inglaterra.


A Inglaterra descobriu os planos da Espanha, e atacou o porto de Cádis, de surpresa, destruindo 37 naves espanholas e saqueando a cidade.

Nesta época, a Inglaterra era o maior consumidor do Jerez, chamado na Inglaterra de Sherry.

Quando saquearam a região, levaram o estoque de Jerez para a Inglaterra, ficando com um suprimento deste produto por um longo tempo.

Com a continuação da produção de Jerez, e o mercado em baixa, os espanhóis, passaram a empilhar as barricas e inventar o processo de soleira.

O Jerez é um tipo de vinho fortificado, com a proporção de álcool variando de 15,5 a 20 graus, cuja uva Palomino é utilizada em 90% de sua produção.

Após a sua fermentação em barris e adição de aguardente vínica ele é armazenado em barris por 1 ou 2 anos.
Vinho com uma espuma chamada de flor

O vinho é armazenado nos barris no topo de uma pilha de barris.

A partir daí começa o processo de soleira, quando o vinho passará por diversos cortes (mistura).

Neste processo, o vinho é sempre consumido do barril junto ao solo (soleira).

O vinho consumido do barril soleira, por sua vez, é completado com o vinho da barrica de cima e assim sucessivamente até o barril superior onde o vinho novo é armazenado.

Cada tipo de vinho tem uma fileira, conforme o seu tipo, chamada de criadeira.

Deste processo diz-se que ”o vinho novo, de cima, aprende com o velho de baixo e o de baixo melhora ganhando o frescor do mais novo”.

Existem vários tipos de vinho Jerez, de uma classificação bastante complexa, divididos em 2 classes:

Os primeiros são finos, secos e leves e os Olorosos.

Variam desde os mais secos (Os Finos), como o tipo Amontillado, até os muito doces (Olorosos), como é o caso do tipo Pedro Jimenes.

Como são vários tipos de vinhos, e eles acompanham vários tipos de comida.

Os mais secos, ”Jerez Fino” e ”Manzanilla”, casam bem com aperitivos salgados, como azeitona, sardinha grelhada e gaspacho.

Já o mais doce, ”Oloroso”, casa bem com tortas com frutas cristalizadas e caldas de chocolate.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Miolo chega na Argentina e desbrava seu quinto terroir

Grupo brasileiro adquire a Bodega Renacer, localizada em Luján de Cuyo - Mendoza, consolidando assim, sua internacionalização em uma das pri...