quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Montenisa, produtora do espumante Franciacorta.

A vinícola Montenisa fica no coração da região de Franciacorta, ao sul do lago Iseo. Esta propriedade tem 60 ha de vinhas, além de um antigo complexo de imóveis. (https://www.youtube.com/watch?v=kW-LzDVhlMs)


O edifício mais importante deste complexo é o Palazzetto Maggi, construído no século XVI e restaurado em 1530.


Faz parte deste complexo também, a igreja de Santo Stefano, que fica no meio das vinhas.


A Franciacorta se refere, ao mesmo tempo, a uma área geográfica, um vinho e um método de produção.


O solo da região ali é rico de minerais, além de fértil e bem drenado, sob um clima ventilado e temperado.


A zona vinícola recebeu a denominação DOC, onde é produzido o espumante Franciacorta. O vinho, que passa pela segunta fermentação em garrafa, recebe a denominação de DOCG Franciacorta.


O primeiro e único Brut italiano DOCG, com obrigação de ser feita a segunda fermentação natural em garrafa, teve o início da sua produção em 1995.


Do lago Iseo, segui para a vinícola, onde, avistei uma bela casa, com afrescos pela parede.


Fui recebido pela Sra. Barbara Copler, que me levou a passear pela propriedade, onde haviam canteiros com diferentes clones de cepas de uva.


Dentro do prédio maravilhoso, conheci suas diversas salas com tapeçarias e afresco. Depois me dirigi para a área de produção dos espumantes.


Passamos primeiro pela cave, onde os vinhos envelheciam em barricas, numa área que fica abaixo da casa principal, com temperatura controlada.


Em seguida conheci a área onde ficam as cubas de aço inox, onde é feita para a primeira fermentação de parte das uvas.


Inúmeras garrafas ficam neste subsolo fresco, aguardando a segunda fermentação, sendo giradas diariamente neste processo.


Depois, partimos então para a divina sala de degustação, com uma antiga lareira rodeada de mais afrescos pelas paredes e tetos.


Os espumantes degustados nesta ocasião foram:


Montenisa Brut, feito com as cepas Chardonnay, Pinot Bianco e uma pequena quantidade de Pinot Nero. A sua primeira fermentação foi feita em cubas de aço inox e uma parte em barrica, e a segunda fermentação ocorreu em garrafa. Os levedos permanecem por um período de 30 meses, exaltando os perfumes de pêssego, mel e brioche. Sua cor é amarelada com reflexos dourados e sua perlage é persistente e fina. Na boca traz uma sensação de frutas maduras, com muita vivacidade.


O segundo espumante degustado foi o Montenisa Rosé, produzido com a cepa Pinot Nero, com muita personalidade e um aroma delicioso. Este vinho fica sob o levedo por um período de 30 meses, após a primeira fermentação em aço inox e barrica. A sua cor rosada é bonita e sua perlage é fina e persistente. Na boca ele é pleno, complexo, saboroso e equilibrado.


Montenisa Cuvée speciale que usa as cepas Chardonnay e Pinot Bianco e passa por 24 meses na sua segunda fermentação. Sua remuage é feita manualmente e após a dégorgemente, a garrafa descansa por um período de 3 meses antes de ir ao mercado. Tem uma cor levemente amarelada e uma perlage fina e persistente. É um vinho fresco, com boa estrutura e fragância.


Montenisa Satèn, da cepa Chardonnay, tem sua primeira fermentação em barrica e em aço inox. A segunda fermentação é feita na garrafa, seguida de um período de repouso de 30 meses com a levedura. Seu delicado aroma é de flores brancas e tem bom equilíbrio. A cor é amarela palha com reflexos dourados. Sua espuma é densa e sua perlage delicada, fina e persistente. Tem um sabor pleno e complexo, vivacidade e frescura.


Foi muito interessante conhecer os espumantes Franciacorta na sua zona de produção! Isto enriqueceu meus conhecimentos a respeito destes vinhos, que nada ficam a dever aos melhores espumantes do mundo!



Agradeço à Winebrands e ao meu amigo Johnny Mazzilli que me proporcionou esta visita!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Lago Iseo, Itália

De Trento fui para o Lago Iseo, para visitar a vinícola Montenisa, que fica na região produtora de Franciacota.


O lago de Iseo fica na região da Lombardia, entre as províncias de Bergamo e Brescia.


Em uma região vinícola, este lago glacial está rodeado de altas montanhas e cachoeiras. Às margens do lago encontram-se pequenas vilas de pescadores.


O lago hospeda a maior ilha lacustre da Italia, a Ilha de Monte Isola.


Fiquei hospedado no hotel International Hotel Iseo Via Martiri della libertà, 9 - 25049 Iseo lago Tel. +39 030.98.40.091
(http://www.internationalhoteliseo.it/ING/HOTEL.html). O Valor cobrado pelo o período de 2 dias, com café da manha e taxas foi de E$ 206,00 o apto single. É um hotel simples próximo do lago.


Passeei pela simpática cidade de Iseo, com suas casas coloridas e uma feira no centro, que ocorre aos domingos.


Aproveitei a manhã para visitar a ilha de Monte Isola. Fui até o atracadouro e peguei um barco até a ilha.


No caminho pude ver uma linda ilhota, com uma bela casa, que no entanto não pode ser visitada, por ser particular.


Monte Isola é muito animada, com pessoas de várias idades circulando pelos seus simpáticos vilarejos.


Parei num bar para provar um espumante Franciacorta Ferghettina Brut, que no entanto não estava bom, com poucas bolhas e com um amargor de fundo. Infelizmente até lá não se conserva bem este espumante.


Decepcionado continuei caminhando pela ilha, com suas flores e Restaurantes. Achei interessante um secador de peixe que ficava próximo ao lago.


Acredito que deve ser interessante visitar o Lago Iseo no verão, se tivermos como objetivo praticar esportes náuticos.


Voltei à cidade e aproveitei o fim de dia para visitar de novo a cidade de Bergamo.



domingo, 17 de agosto de 2014

Restaurante Casa Santo Antonio

Como queríamos nos reunir, um grupo de 8 amigos, em um restaurante, aceitamos a proposta do fotógrafo Johnny Mazzilli, para conhecer a Casa Santo Antonio (av. João Carlos da Silva Borges 764, Granja Julieta. Fone: 4328-6205).


Como o Johnny já conhecia o local, pois produziu belas fotos dos pratos para este restaurante, conseguiu que levássemos vinhos, sem que nos cobrassem a rolha.


Este restaurante foi idealizado por cinco pessoas, sendo que três delas vieram do grupo Fasano, composto pelo chef Sandro Aires e os sommeliers Bruno Taddeuchi e Mateus Turner.

O menu da casa oferece pratos criativos e com bela aparência.

Ficamos ansiosos para provar suas criações.


Iniciamos nossa refeição com uma lasanhetta recheada com creme de espinafre, ao molho de parmesão, com manteiga de trufas brancas e gema mole de ovo poché. Estava muito bom!

Os demais pratos foram:


Tortelli de queijo brie com molho "tartufado"(Manteiga de trufas brancas);

Medalhão de filé com molho de trufas pretas;

Spaghetti alla Chitarra com fonduta de parmesão;


Ravioli de vitelo com molho arrabiata.


Para a sobremesa, pedimos uma torta rústica de maçã, que estava deliciosa!
E ainda nos mandaram para provarmos, o café gourmet, que nada mais é que um apanhado de doces da casa, composto de:

Torta mousse de chocolate amargo com chocolate branco e maracujá (esquerda);

Tiramisù (centro);

Mousse de doce de leite com pão de mel (direita).


A sobremesa deliciosa e variada foi acompanhada pelo excelente vinho Kozlovic, que eu mesmo trouxe da Croácia. Ele é feito com a uva Muskat e tem uma cor amarelada com toques esverdeados. A sua fermentação dura de 2 a 3 dias, sendo então interrompida. Este vinho tem 12,2% de álcool. No nariz é notável o aroma de peras, abacaxis e pêssegos em conserva, além de toques florais. Na boca, tem boa acidez e também podemos sentir levemente o gosto de frutas secas, doces em compota, citrinos e maçãs. Achei muito bom o vinho!

Os demais vinhos, que casaram perfeitamente com os pratos degustados foram:
Pasionato 4 cepas (Malbec, Merlot, Cabernet Franc e Sauvignon), da Andeluna Cellars;


Crasto Etiqueta Negra Reserva Vinhas Velhas 2009;


Mjita Tokaji Beres édes cuvée 2007;


Altesimo Brunello de Montalcino  safra 2004 teve 95 pts WS;


Quinta da Mieira Branco, da cepa Rabigato.
Este vinho tem aromas de frutas brancas e cítricas maduras e é um pouco herbáceo.  Na boca ele é frutado, com bom volume e acidez. Sua persistência é média. Ganhou, este ano, medalha de prata no concurso mundial de Bruxelas.

Foto do Johnny Mazzili

O encontro foi muito agradável,pois é sempre bom comer bem e estar com amigos queridos!

A descoberta de um novo restaurante, com excelente serviço e ótimas instalações coroou a nossa noite!


Por estas e outras, pretendemos voltar lá, mesmo que o restaurante seja um pouco longe de minha casa.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Visita à cantina Masi - Itália

Desde que fui apresentado por um amigo, aos vinhos Amarones, fiquei fã deles!


O Amarone é um vinho único na Itália, produzido no Vêneto, região de Valpolicella, a noroeste da cidade de Verona.


O Amarone é um vinho pouco conhecido, produzido de forma muito particular e por isto tão especial e caro também. É feito das uvas semi-desidratadas.


As variedades de uvas utilizadas para fazer este vinho são: Corvina, Rondinella, e Molinara. A origem do nome da uva Corvina provém de corvo, devido à sua cor escura. As demais uvas tem nomes de outras aves.


As uvas são secas em caixas com temperatura e umidade controladas (atualmente), para que não formem o fungos “Botrytis Cinerea”, que provoca amargor no vinho. Este processo é chamado de “Appassimento” ou ”rasinate” em italiano.


Este processo concentra o açúcar residual e os sabores e aromas das uvas.


No Amarone, a preservação das cascas é muito importante, pois é delas que vem os taninos, a cor e aroma do vinho.  Este processo além de concentrar o suco dentro da casca, aumenta o contato dele com a casca.


Este processo leva em geral de 3 a quatro meses, dependendo do produtor e da qualidade da safra. A desidratação da uva, reduz o seu peso em 30% a 40%.

As uvas são então esmagadas e levadas para fermentação, com temperatura controlada, por um período de 30 a 50 dias.

Depois da fermentação, o vinho é envelhecido em barricas francesas ou eslovenas.

O Amarone é um vinho bem estruturado, complexo, elegante e aveludado, com intensa cor rubi. Tem um bouquet quente, de especiarias, com aroma de uvas. Este vinho tem um alto teor alcóolico, por volta de 15 e 16%. Ele é vendido, em geral, 5 anos após a safra.

A visita:


Como eu pretendia passar uma semana no norte da Itália, procurei o enólogo Vincenzo Protti, que conheci em feiras de vinhos e que representa a Masi (importado pela Mistral) no Brasil, para combinar com ele, uma visita à vinícola.

Vincenzo me colocou em contato com a Mistral, que prontamente me agendou uma visita à vinícola.


A Masi é uma das melhores e mais tradicionais cantinas do Vêneto, que produz, entre outros, deliciosos Amarones.

Depois de um longo trajeto saindo do lago Iseo, onde estava hospedado, até a Mais, cheguei finalmente na bela propriedade da vinícola.


Lá chegando, me levaram a um local da antiga cantina, onde existe uma bela casa da família dos produtores.


A sala de recepção fica numa casa, onde estão expostos tubos de vidros nas paredes, com os diferentes tipos de solo da região, assim como artigos enquadrados, sobre prêmios dos vinhos Masi.


Passamos pelo caminho, pelas parreiras da Masi, que ocupam grande área da região.


Iniciamos a visita pelo local que eu tinha mais sede em conhecer, o local onde as uvas são desidratadas em cestas de madeira. Ali, os aromas de uva passa impregnavam o local, nos dando boas vindas.


De lá, passamos para a cantina, onde as uvas são prensadas e depois fermentadas.


Fomos depois para a área de envelhecimento, onde os vinhos ficam evoluindo. O que chamou a minha atenção foram os diversos tipos e formas de barrica, inclusive algumas barricas quadradas como caixas.



Vários tóneis tinham placas, como o da safra de 1993, que foi premiada pelo famoso crítico Hugh Johnson.


Também o que me pareceu interessante foi um enorme tonel com escultura e inscrições de prêmio que a Masi recebeu da civiltà Vêneta.


Assim como outras pessoas do resto do grupo, compradores Ingleses,  eu não resisti e tirei uma foto junto a um grande tonel vertical.


A degustação:

Passamos então à espetacular degustação dos vinhos da Masi, dirigida pelo Direttore de Enologia, Andrea Dal Cin.


Devido à grande quantidade de vinhos (19), inclusive aqueles produzidos na Masi Tupungato (Argentina), a prova foi dividida em 2 etapas.


Todos os vinhos se mostraram de grande qualidade, no entanto, vou me ater aos que mais me chamaram a atenção:


Masianco 2012 IGT , da cepa Pinot Grigio e Verduzzo, um vinho moderno, com aromas e sabores intensos e muita personalidade.


Rosa Dei Masi 2012, um vinho rosado, feito com a cepa Refosco, onde 85% das uvas são vinificadas frescas e 15% são passificadas por 50 dias. Sua cor é salmão e os seus aromas são de frutas vermelhas, em especial framboesa e cereja. Na boca, ele é macio e bem balanceado, com boa acidez e persistência.

Nectar Costasera Amarone 2009, com 15% de álcool, feito com as uvas tradicionais: Corvina (com porcentagem aumentada em relação aos demais Amarones), Rondinella e Molinara. Sua cor é rubi, com aromas de frutas secas e cerejas. Na boca apresenta tabém notas de café e canela. Um vinho muito bom, intenso, equilibrado e pronto para beber.


Campolongo di Torbe 2007 (Amarone Clássico), com 16% de álcool. Ele se mostrou um pouco mais doce do que os outros e muito bom.


Finalmente chegamos ao divino Costasera Clássico 1988, com 15% de álcool. As uvas, que produzem este vinho, são plantadas nas áreas de melhor insolação da Masi. Elas ficam desidratando por um período de 3 a 4 meses, em cestas de bambu. Este vinho expressou uma delicadeza, majestade e complexidade e mostrou a capacidade de sua evolução com o tempo.

Um momento muito importante desta degustação foi quando provamos 3 vinhos, cada um feito com uma das cepas que compõe o Amarone. Foi uma experiência única, onde foi possível sentir o que cada uva traz de contribuição para o vinho.

A Corvina, cepa que obrigatoriamente precisa ter uma participação de 45 a 95% no Amarone, dá um típico aroma, sabor de cereja e cor intensa ao vinho.

A Rondinella, que obrigatoriamente tem uma participação de 5 a 30% no Amarone, dá a ele, uma estrutura de taninos e cores específicas.

A Molinara, que pode ter uma participação de 0 a 10% no Amarone, dá a ele, uma frescura, acidez e toques de especiarias.


Agradeço por fim, ao enólogo Vincenzo Protti, a Mistral e à Masi pela bela oportunidade que me proporcionaram. 

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