Desde que fui apresentado por um amigo, aos vinhos Amarones,
fiquei fã deles!
O Amarone é um vinho único na Itália, produzido no Vêneto,
região de Valpolicella, a noroeste da cidade de Verona.
O Amarone é um vinho pouco conhecido, produzido de forma
muito particular e por isto tão especial e caro também. É feito das uvas semi-desidratadas.
As variedades de uvas utilizadas para fazer este vinho são:
Corvina, Rondinella, e Molinara. A origem do nome da uva Corvina provém
de corvo, devido à sua cor escura. As demais uvas tem nomes de outras aves.
As uvas são secas em caixas com
temperatura e umidade controladas (atualmente), para que não formem o fungos “Botrytis
Cinerea”, que provoca amargor no vinho. Este processo é chamado de “Appassimento”
ou ”rasinate” em italiano.
Este processo concentra o açúcar
residual e os sabores e aromas das uvas.
No Amarone, a preservação das cascas é
muito importante, pois é delas que vem os taninos, a cor e aroma do vinho. Este processo além de concentrar o suco
dentro da casca, aumenta o contato dele com a casca.
Este processo leva em geral de 3 a
quatro meses, dependendo do produtor e da qualidade da safra. A desidratação da
uva, reduz o seu peso em 30% a 40%.
As uvas são então esmagadas e levadas para
fermentação, com temperatura controlada, por um período de 30 a 50 dias.
Depois da fermentação, o vinho é
envelhecido em barricas francesas ou eslovenas.
O
Amarone é um vinho bem estruturado, complexo, elegante e aveludado, com intensa
cor rubi. Tem um bouquet quente, de especiarias, com aroma de uvas. Este vinho
tem um alto teor alcóolico, por volta de 15 e 16%. Ele é vendido, em geral, 5
anos após a safra.
A visita:
Como eu pretendia passar uma semana no norte da Itália,
procurei o enólogo Vincenzo Protti, que conheci em feiras de vinhos e que representa
a Masi (importado pela Mistral) no Brasil, para combinar com ele, uma visita à
vinícola.
Vincenzo me colocou em contato com a Mistral, que
prontamente me agendou uma visita à vinícola.
A Masi é uma das melhores e mais tradicionais cantinas do
Vêneto, que produz, entre outros, deliciosos Amarones.
Depois de um longo trajeto saindo do lago Iseo, onde estava
hospedado, até a Mais, cheguei finalmente na bela propriedade da vinícola.
Lá chegando, me levaram a um local da antiga cantina, onde
existe uma bela casa da família dos produtores.
A sala de recepção fica numa casa, onde estão expostos tubos
de vidros nas paredes, com os diferentes tipos de solo da região, assim como
artigos enquadrados, sobre prêmios dos vinhos Masi.
Passamos pelo caminho, pelas parreiras da Masi, que ocupam
grande área da região.
Iniciamos a visita pelo local que eu tinha mais sede em
conhecer, o local onde as uvas são desidratadas em cestas de madeira. Ali, os
aromas de uva passa impregnavam o local, nos dando boas vindas.
De lá, passamos para a cantina, onde as uvas são prensadas e
depois fermentadas.
Fomos depois para a área de envelhecimento, onde os vinhos
ficam evoluindo. O que chamou a minha atenção foram os diversos tipos e formas
de barrica, inclusive algumas barricas quadradas como caixas.
Vários tóneis tinham placas, como o da safra de 1993, que
foi premiada pelo famoso crítico Hugh Johnson.
Também o que me pareceu interessante foi um enorme tonel com
escultura e inscrições de prêmio que a Masi recebeu da civiltà Vêneta.
Assim como outras pessoas do resto do grupo, compradores
Ingleses, eu não resisti e tirei uma
foto junto a um grande tonel vertical.
A degustação:
Passamos então à espetacular degustação dos vinhos da Masi,
dirigida pelo Direttore de Enologia, Andrea Dal Cin.
Devido à grande quantidade de vinhos (19), inclusive aqueles
produzidos na Masi Tupungato (Argentina), a prova foi dividida em 2 etapas.
Todos os vinhos se mostraram de grande qualidade, no entanto,
vou me ater aos que mais me chamaram a atenção:
Masianco 2012 IGT , da cepa Pinot Grigio e Verduzzo, um
vinho moderno, com aromas e sabores intensos e muita personalidade.
Rosa Dei Masi 2012, um vinho rosado, feito com a cepa
Refosco, onde 85% das uvas são vinificadas frescas e 15% são passificadas por
50 dias. Sua cor é salmão e os seus aromas são de frutas vermelhas, em especial
framboesa e cereja. Na boca, ele é macio e bem balanceado, com boa acidez e
persistência.
Nectar Costasera Amarone 2009, com 15% de álcool, feito com
as uvas tradicionais: Corvina (com porcentagem aumentada em relação aos demais
Amarones), Rondinella e Molinara. Sua cor é rubi, com aromas de frutas secas e
cerejas. Na boca apresenta tabém notas de café e canela. Um vinho muito bom,
intenso, equilibrado e pronto para beber.
Campolongo di Torbe 2007 (Amarone Clássico), com 16% de
álcool. Ele se mostrou um pouco mais doce do que os outros e muito bom.
Finalmente chegamos ao divino Costasera Clássico 1988, com
15% de álcool. As uvas, que produzem este vinho, são plantadas nas áreas de
melhor insolação da Masi. Elas ficam desidratando por um período de 3 a 4 meses,
em cestas de bambu. Este vinho expressou uma delicadeza, majestade e
complexidade e mostrou a capacidade de sua evolução com o tempo.
Um momento muito importante desta degustação foi quando
provamos 3 vinhos, cada um feito com uma das cepas que compõe o Amarone. Foi
uma experiência única, onde foi possível sentir o que cada uva traz de
contribuição para o vinho.
A Corvina, cepa que obrigatoriamente precisa ter uma participação
de 45 a 95% no Amarone, dá um típico aroma, sabor de cereja e cor intensa ao
vinho.
A Rondinella, que obrigatoriamente tem uma participação de 5
a 30% no Amarone, dá a ele, uma estrutura de taninos e cores específicas.
A Molinara, que pode ter uma participação de 0 a 10% no
Amarone, dá a ele, uma frescura, acidez e toques de especiarias.
Agradeço por fim, ao enólogo Vincenzo Protti, a Mistral e à
Masi pela bela oportunidade que me proporcionaram.
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