Na mesma região de Rheingau, Alemanha, fomos visitar a Vinícola Weingut Künstler, que fica em Hocheim am Main. Esta visita foi gentilmente agendada pela importadora Decanter.
Fomos gentilmente recebidos por Gregor Breuer que nos convidou a conhecer as plantações que ficam junto à adega.
Lá encontramos várias pessoas passeando pelos vinhedos e provando as deliciosas uvas Riesling. Ele me mostrou várias áreas mais próximas ou mais distantes do rio Main. Cada área com suas características. As diversas áreas resultam no feitio de diferentes tipos de vinho.
Neste passeio, Gregor Breuer me mostrou algumas uvas, atacadas pelo Botrytis Cinerea, que poderiam produzir vinhos doces.
Fomos então para dentro do imponente prédio onde está a adega e a administração, esta última decorada com postais de um artista local cujo tema só poderia ser: vinho.
Os vinhos da Kunstler são classificados na Alemanha, pelo órgão VDP (Verband Deutscher Prädikatsweingüter), em 4 categorias, numa hierarquia crescente:
VDP Gutsweine, vinhos regionais;
Kabinett Ortsweine: vinhos de gabinete;
VDP Erste Lage: designação de vinhas de primeira classe;
VDP Grosse Lage (grand Cru), com vinhos provenientes das melhores vinhas da Alemanha. Neste caso, as melhores parcelas das vinhas são selecionadas. Com estas características, estes vinhos são expressivos e tem um potencial excepcional de envelhecimento.
Gregor nos ofereceu para degustar um total de 14 vinhos (o Brasil importa apenas 7 vinhos do produtor)
Riesling Estate Troken 2013, que apesar de ser um vinho do primeiro nível era muito agradável.
Hochheimer Herrnber 2014, é um vinho de terroir, com características marcantes
Hochhheimer Hale Kabinet Dry 2014, já apresentou uma qualidade superior.
Hochheimer Stielweg Riesling Old Vines trocken 2014, feito com uvas com aproximadamente 20 anos e baixa produção, uma delicia.
Hochheimer Stielweg - Old Vines Troken 2014, Rüdesheim Drachenstein Troken 2013 e Rüdesheim Bischofsberg - Old Vines Troken 2012. Neste caso, a intenção foi provar vinhos de 3 diferentes safras e de 3 terroires diferentes, para demonstrar o efeito da safra e do terroir nos vinhos.
Começamos então a provar os vinhos do topo da pirâmide (Großes Gewächs): Hochheimer Hölle Riesling Großes Gewächs Trocken 2014, junto com outros 2 da mesma safra, dos terroires Berg Rostland e Kirchentür. Os vinhos deste grupo do top da pirâmide estavam bem novos e frescos, demonstrando ter um belo potencial de envelhecimento. Neste caso, a intenção foi fazer com que provassemos vinhos de 3 diferentes terroires, o que nos faz perceber a boa distinção entre os vinhos.
Provamos também o Hochheimer Hölle Riesling Großes Gewächs Trocken 2013 e os Rüdesheimer Berg Rostland Riesling Großes Gewächs Trocken das safras 2012 e 2013. O interessante neste caso foi sentir a diferença entre estes vinhos advindos de 2 Regiões e de 2 safras distintas.
Finalmente partimos para degustar os vinhos tintos: Hochheimer Stein Spätburgunder (Pinot Noir) Großes Gewächs 2013 e o mesmo vinho de outra safra 2011, ambos estavam muito equilibrados e com bom potencial de guarda.
A grande vantagem destas degustações foi provar vinhos de diferentes terroires e de diferentes qualidades e safras.
Por fim comprei 2 Rieslings e um Spätburgunder do top da pirâmide, para trazer ao Brasil.
Características do produtor:
Desde 1648 a Weingut Kunstler tem sido um negócio familiar, com início na República Checa. Após a guerra, eles foram expulsos do país e se estabeleceram na Alemanha em 1965.
Graças à sua filosofia de compromisso com a qualidade, seus vinhos foram aclamados nas degustações, onde recebeu vários prêmios.
A vinícola é membro da VDP (Verband Deutscher Prädikatsweingüter), que é a associação dos vinhos de predicado da Alemanha. Ela recebeu 4 estrelas do crítico de vinho Hugh Johnson, para a safra 2010.
O rio Reno corre na direção norte, mudando para direção oeste na região de Rochheim. Graças a este fenômeno, as encostas do rio permitem que as vinhas ali plantadas recebam uma exposição solar ideal.
A vinícola fica junto ao rio Main, nas encostas protegidas do sol que vem do norte, pelo monte Faunus. Isto cria um microclima Mediterrâneo, onde até limões, figos e amêndoas podem ser plantadas.
Como a parte principal da produção do vinho está no cuidar do campo, a Kunstler se encarrega da cobertura vegetal das parreiras e das necessidades particulares de cada vinha, praticamente sem o uso de pesticidas.
Somente os vinhos mais finos da Alemanha recebem a denominação Erstes Gewächs, que significa “de um único terroir” e 76% dos vinhos da Kunstler são assim classificados.
Os solos arenosos nesta região aquecem muito rapidamente e, assim, proporcionam uma floração precoce e uma estação de crescimento mais longo. Um aquecimento rápido do solo promove a maturação rápida das uvas.
As vinhas da Kunstler estão plantadas em 3 regiões, onde ficam os correspondentes terroires:
Hochheim: Stein, Stielweg, Domdechaney, Kirchenstück, Höle, Reichestal e Herrnberg;
Kotheim: Weiss Erd;
Rüdesheim: Berg Hottland, Berg Roseneck, Biscofsberg e Drachenstein.
Depois desta aula sobre a região de Rheingau e seus vinhos, pude voltar contente para Rüdesheim!
Aproveitem as experiências que venho vivendo, enquanto procuro conhecer melhor o mundo dos vinhos. Também vou falar da gastronomia e de viagens pelo mundo, incluindo as principais regiões produtoras de vinho. Saúde! E boa leitura!
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