Quando comecei a organizar minha viagem para Alemanha - 2015, procurei boas indicações de produtores de vinho na região e foi aí então que apareceu Robet Weil. Pedi à importadora Mistral para agendar uma visita nesta vinícola e ela assim o fez.
Da cidade de Rudesheim, às margens do Reno, parti para a visita à vinícola, passando antes por vilarejos muito simpáticos a fim de conhecê-los.
Ao chegar na vinícola, fui muito bem recebido pelo Constantin, num espaço moderno por dentro, mas tradicional por fora. O espaço era bem bonito!
Ele me disse então que tinha selecionado alguns dos vinhos que eram importados pela Mistral para o Brasil, para me apresentar.
A vinícola trabalha com quatro níveis de vinhos, com crescente qualidade e redução de volumes de produção: O primeiro nível engloba os vinhos de entrada, em seguida começa a procura de terroires (Kiedricher), depois vem os da primeira classe (Klostemberg e Turmberg) e finalmente o pico da pirâmide (Grafemberg).
Começamos a prova pelos vinhos de áreas junto às regiões de terroir, do nível de entrada, na hierarquia da vinícola, com um Troken 2014, vinho este onde a fruta era mais evidente, vinho elegante e sutil, uma das boas expressões da casta Riesling. Do mesmo nível, provamos também o Kabinet, vinho com boa fruta e equilíbrio.
Do segundo nível, provei o Kiedricher, Troken 2014, que é produzido com as vinhas do nível anterior, porem pré-selecionadas. É um vinho com boa mineralidade, notas florais, frutas brancas e grande frescor.
Em seguida fomos subindo na pirâmide de qualidade para o terceiro nível, onde ficam os terroires Klosterberg e Turmberg, onde os vinhos são marcados pelas características dos terroires, graças à ótima condição que eles dão para a viticultura. Os primeiros foram o Klosterberg Troken e o Tumberg Troken, para que eu pudesse compará-los e sentir a diferença das regiões nos vinhos. Do mesmo Turmberg, provei também o auslese, que apresentou grande doçura, forte acidez, que juntas conferiu equilíbrio a este vinho delicioso.
O Klosterberg Troken apresentou um frutado delicado e marcante em seu sabor e aroma, rico e cheio de personalidade e tipicidade. Um vinho que esbanja aromas minerais e de frutas tipo pêra, maçã e pêssego. Macio no palato, trata-se de um Riesling muito charmoso e elegante, com nada menos que 90 pontos de Robert Parker.
Finalmente chegamos ao topo da pirâmide, com os vinhos do terroir Grafemberg, os vinhos de maior finesse. Estes vinhos refletem os caracteres do terroir e tem um longo potencial de guarda. Provei então o divino Spätlese (colheita tardia) 2006. É um vinho de grande profundidade e complexidade, com vários níveis de frutas no pálato. É um vinho imponente, harmonioso, potente e de impecável equilíbrio!
Depois desta maravilhosa degustação, Constantin nos levou a conhecer as modernas instalações da adega, onde nos deu uma aula sobre o cuidado com que os vinhos são feitos.
No final não resisti e comprei dois vinhos Grafemberg. Infelizmente os Grafemberg Beerenauslese e Eistein eu acabei não provando e não os comprei, pois custavam 309 e 428 euros respectivamente. Devem ser sublimes.
Sobre a vinícola:
Weingut Robert Weil tem cultivado vinhas por 4 gerações. O fundador foi Dr. Robert Weil, que comprou a primeira vinha no Kiedricher Berg em1867.
Robert Weil é o grande nome do Rheingau e uma das mais prestigiadas vinícolas do mundo, uma das poucas a figurar no livro “The World’s Greatest Wine Estates” de Robert Parker. Hugh Johnson e Jancis Robinson, no indispensável “World Atlas of Wine”, afirmam textualmente:
“Robert Weil produz os vinhos mais suntuosos do Rheingau”.
Para a Wine Spectator, Robert Weil sempre produz vinhos “estonteantes”, que costumam receber altíssimas pontuações da revista. Os vinhos, verdadeiros monumentos à uva Riesling, são finos e potentes, com muita concentração e equilíbrio. A notável mineralidade de seus vinhos é uma característica muito elogiada pelos críticos.
Em 1875, além do seu trabalho como jornalista, Dr. Robert Weil expandiu suas propriedades com a compra das melhores parcelas em Kiedricher Berg. Graças à sua busca por qualidade a região se desenvolveu rapidamente e seus vinhos foram vendidos internacionalmente. Alguns vinhos como o Riesling Auslese foram servidos como vinho branco junto com grandes vinhos brancos de Bordeaux em várias cortes imperiais da Europa.
A região de Rheingau é a única região do Reno onde o homem definiu a topografia e as vinhas. Região com uma longa tradição vinícola que foi estabelecida pelos monastérios.
A vinícola Weingut Robert Weil fica numa das regiões mais jovens e é localizado no coração da vila de Kiedrich, conhecida desde 950. A cidade é marcada pela igreja de St. Valentine, aristocrática e Gótica - Renascentista, e a torre do castelo de Scharfenstein.
Lá são cultivadas 90 ha de vinhas de 100% da cepa Riesling.
A moderna adega fica num prédio histórico, do lado de um belo jardim, uma síntese entre o novo e o velho, que reflete a filosofia da produção de vinho.
As encostas das montanhas
Apesar de Rheingau ser uma das menores regiões alemãs produtoras de vinho, (3.100 ha), tem um solo de diversificada geologia. Este solo pode ser dividido em 3 zonas: vinhas próximas ao rio Reno, vinhas que ficam no meio do plateau e as vinhas nas partes altas do morro Taunus.
Entre estas 3 regiões (até 240m de altitude) nas cercanias de Kiedrich ficam as 3 áreas de Weingut Robert Weil: Kiedricher Klosterberg, Kiedricher Turmberg e Kiedricher Gräfenberg.
O microclima destas 3 áreas, na face sul da colina, são excelentes para as parreiras, com perfeita exposição ao sol, com altas temperaturas, bem como, com boa circulação do vento. Além disto, as vinhas são capazes de penetrar o solo rochoso, desenvolvendo profundas raízes, enquanto a água, retida nos solos, assegura um bom plantio.
A inclinação de mais de 60%, a exposição ao sul do sol e o solo barrento rochoso que absorve o calor são os fatores para se produzir 3 regiões perfeitas para a cepa Riesling. Estas condições permitem que as uvas fiquem na vinha por um longo tempo, amadurecendo até novembro. Os vinhos são feitos com uvas pequenas de vinhas vigorosas, Os vinhos Riesling com aromas de berrys tem uma fina acidez, mineralidade e complexidade. Ao mesmo tempo eles são marcados por elegância e fineza.
O trabalho nas vinhas
As vinhas na região alta do morro estão entre as mais finas do Rheingau. Elas tem mais de 50 anos e a densidade plantada está entre 5.000 e 6.000 plantas por hectare.
As vinhas são cultivadas de forma controlada, seguindo as melhores práticas da vinicultura. Os fertilizantes orgânicos são usados conforme a necessidade, com cobertura vegetal do solo, alternando com as colunas de plantas, para otimizar a contenção do húmus do solo. Não são usados herbicidas, pois são medidas de proteção das plantas, respeitando o habitat dos organismos vivos. As vinhas são tratadas de uma forma ecológica.
Uma poda forte das parreiras controla a produção, logo depois da floração, separado as uvas, num cuidadoso controle da cobertura e uma seleção apurada fazem parte da filosofia da qualidade.
A colheita é manual, com uma seleção dos melhores frutos e transporte cuidadoso para a adega, que começa em outubro e continua por 8 a 10 semanas. O objetivo é obter a melhor fruta, para fazer os melhores Riesling, com novel de Prädikat, incluindo os vinhos Trockenbeerenauslese.
O trabalho na adega: (https://www.youtube.com/watch?v=RGL7hPRCaSM)
As uvas são transportadas num trailer vibrador para que sejam tratadas com todo cuidado
As uvas vão para as prensas onde sofrem no máximo 2 bars de pressão. O mosto é transportado por gravidade para os tanques, onde ocorre uma sedimentação natural, quando o enólogo decide se o suco vai para tanques de inox ou para os toneis ovais tradicionais.
A fermentação tem temperatura controlada por 6 a 11 semanas, usando levedura natural para produzir vinhos de alta qualidade e autenticidade. Se a intenção for obter doçura, a fermentação é interrompida pela redução da temperatura. Isto resulta numa doçura residual derivada da frutose.
Os vinhos secos encorpados são fermentados e envelhecidos em tonéis para que sofram micro-oxigenação, dando ao vinho mais complexidade estrutural. Nos vinhos mais leves, com frutas mais pronunciadas e doces, são usadas as cubas de inox, que dão a eles mais finesse e elegância.
Depois da fermentação e do envelhecimento, os vinhos são filtrados e rapidamente engarrafados, de forma a preservar os aromas primários das frutas por mais tempo.
E aí os bons vinhos estarão prontos para envelhecer!
Aproveitem as experiências que venho vivendo, enquanto procuro conhecer melhor o mundo dos vinhos. Também vou falar da gastronomia e de viagens pelo mundo, incluindo as principais regiões produtoras de vinho. Saúde! E boa leitura!
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Fiquei sonhando com esta visita.
ResponderExcluirEstou indo pela 4a vez pra esta região e gostaria de visitar a vinícola que vc foi. Tem algum link de contato?