quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

A vinícola Polvanera e seus deliciosos primitivos.

Aproveitando a proximidade de Polignano al Mare, fomos conhecer a Cantina Polvanera, muito premiada, principalmente por seus vinhos da cepa primitivo.

Lá fui recebido pela simpática filha do proprietário Filippo Cassano, Alessia e também por Pepino, gerente de vendas da vinícola.

O local é muito interessante e ali, eles me contaram que a fazenda, ao lado da adega remonta a 1820. A propriedade tem uma longa história: pois ela foi originalmente usada para a produção de carvão. A família que explorava o carvão foi apelidada de "POLVAGNOR" (em dialeto da Apúlia) ou "POLVERENERA" porque a sua pele, em contato com o pó de carvão adquiriu uma cor escura. Este nome evoluiu para POlVANERA, nome este então que foi adotado para os seus vinhos.


Quando lá chegamos, faltava luz (parece que não é só no Brasil que a luz falta...) e aproveitamos então para conhecer a linda casa da “POLVERENERA”, que foi reformada, mantendo suas características originais.

Partimos em seguida para uma degustação de vinhos, numa grande mesa do lado de fora, com muitas cebolas roxas enormes decorando o ambiente. As cebolas desta região costumam ser muito doces, o que, só de imaginar, nos deu água na boca!

A sequência de vinhos servidos parecia interminável! Começamos pelos seus espumantes, todos de uvas típicas da Puglia: Primitivo, Aleatico, Aglianico, Minutolo, Moscato e Falanghina.

Os vinhos que mais me chamaram a atenção foram:

Polvanera 17 bio, que é um vinho da cepa primitivo, com 16,5% de álcool e 8 gr/lt de açúcar. Este vinho é divino, o álcool fica integrado ao vinho sem ser notado. A sua cor de rocha púrpura acompanha seus aromas de frutas vermelhas do bosque, rosa e folha de chá. Seu sabor é imponente, austero, com taninos firmes e elegantes. Sua persistência é interminável.

Polvanera 16 bio, também Primitivo, com 16% de álcool, um pouco mais leve que o 17, mas também surpreendente.

Polvanera Aglianico bio, com 14% de álcool e 5 gr/lt de açúcar. É um vinho de cor rocha púrpura, com reflexos rubi, elegante no nariz, com aromas de amora, ameixa seca, violeta e couro. Também é um vinho austero, com bom tanino e frescor, com bom final de erva aromática.

Polvanera Moscato Secco, com 13% de álcool e 4 gr/lt de açúcar. Apresentou uma cor de palha, com nuances de limão, pêssego. Seu sabor é bem equilibrado, agradável aromático e fresco, com final mineral.

Polvanera Falanghina bio, com 12% de álcool e 3 gr/lt de açúcar. A cor de palha e seu perfume intenso de mexerica, pera e damasco . É um vinho cremoso na boca, fresco, com boa persistência e final aromático.

Polvanera 21 bio dolce natural, da cepa primitivo, com 16% de álcool e 100 gr/lt de açúcar. Este é um excelente vinho doce, de cor vermelho purpúra, com reflexos rubi. O seu delicioso perfume de cereja, amora, ameixa, damasco, rosa e ervas, lembram marzipan. Seu sabor é suntuoso, aveludado, finamente doce, com taninos delicados, com um final muito longo.

Além destes, provei outros vinhos surpreendentes, que confirmaram a sua fama e qualidade como os melhores vinhos italianos.


Pepino me mostrou uma revista em que seu vinho 17 figura como a 35ª vinícola entre as 100 melhores do mundo. Parabéns!


Selecionei o Polvanera 21 e o 17 para comprar mas eles me foram gentilmente oferecidos de presente.

Esta foi uma visita espetacular!

Agradeço à Alessia e Pepino pela maravilhosa recepção!


Um pouco mais sobre a cantina:

Polvanera vem de uma longa tradição familiar que tem suas raízes na viticultura. Filippo Cassano, proprietário e enólogo, tem sido sempre ciente do potencial do primitivo no seu território. Ele contou com a experiência de seu pai Vincenzo e da educação na escola de vinhos "Basile Caramia Locorotondo”. A intenção de Filippo era de apostar em uma retomada do feitio de um vinho puro.

Localizado entre Acquaviva delle Fonti e Gioia del Colle, Polvanera está rodeado por uma paisagem única, com vinhas, paredes de pedra e barris de carvalho. A adega, incomum e de caráter, foi escavada 8 metros na pedra calcária. A estrutura permite que os vinhos, para refinar, fiquem a uma temperatura constante, combinando utilidade e beleza. Junto à cantina há uma fazenda histórica de 1820 rústica, usada para hospitalidade.

A empresa está localizado em uma área muito estratégica da hotelaria e turismo Púglia, a 20 minutos do vale Itria, da cidade de Matera.

A colheita das uvas ocorre na primeira semana de setembro. Os sistemas modernos de prensagem e vinificação contribuem para a realização da proposta Bio. Juntamente com os seus empregados valiosos e o apoio da família, Filippo Cassano continua a perseguir um ambicioso projeto que vida, ao utilizar o Primitivo e as outras castas autóctones, melhorando continuamente a qualidade de seus produtos.

Quando Filippo comprou a casa antiga, que estava deserta, percebeu que, na verdade, por trás das paredes de gesso, existia a estrutura de pedra real da fazenda. Através de um trabalho de reestruturação levado a cabo pela família, a quinta manteve a sua beleza original. Nesta estrutura é possível provar os vinhos, saborear pratos locais e participar de eventos culturais.

A produção da cantina se estende por cerca de 100 hectares plantados. Os rótulos diferem entre si pela a idade das vinhas e do tipo de solo em que se situam. As altitudes variam entre 300 e 450m. Esta altitude se beneficia de mudanças de temperatura significativas que favorecem a expressão nos vinhos de fragrâncias particularmente finas e elegantes. Os vinhos permanecem fieis aos sabores autênticos da uva. Uvas, de árvores antigas, são vinificadas utilizando técnicas modernas, mas produzindo vinho de simplicidade absoluta. Estágios de maturação e envelhecimento ocorrem em tanques de aço inoxidável e garrafas. Não se usa barricas para o amadurecimento do vinho para não cobrir os aromas nativos do primitivo com notas de madeira e não favorecer a evolução oxidativa. Esta síntese entre a tradição e a inovação deu vida ao vinho fortemente ligado ao território. Um vinho com notas de elegância, adstringência e frescura extraordinária além de mineralidade.

Os registros históricos parecem indicar a antiga origem do Primitivo na região que já foi conhecida como Ilíria e que hoje corresponde a Croácia e Montenegro. Algumas pessoas falam que o Primitivo foi trazido para a Puglia entre os séculos XV e XVI, por refugiados eslavos, ou greco-albaneses, fugindo da perseguição Otomana. Na verdade, antes de ser chamado “Primitivo”, nos anos 700, esta videira existia nas vinhas de Apúlia, sob o nome "Zagarese". O primeiro a selecioná-lo e dar-lhe o nome que conhecemos hoje foi o sacerdote de Gioia del Colle, Don Filippo Francesco que tinha uma paixão pela botânica. Ele plantou a cepa no distrito Terzi e batizou-a de Primitivo, justamente por sua maturação precoce.

As principais características do vinho Primitivo são: a beleza da sua cor variando de roxo profundo a rubi e granada com a evolução. Os vinhos tem aromas de frutas  vermelhas e pretas, frutas e ervas com notas picantes. O seu gosto é poderoso, mas particularmente elegante, pela presença de taninos aveludados, com notas marcantes de frescor e mineralidade. Estas características tornam o Primitivo de Gioia del Colle surpreendentemente longevo.

Os vinhos da Polvanera são muito premiados, por exemplo:

Gambero Rosso 2017 - Tre bicchieri - Polvanera 17 Primitivo DOC Gioia del Montevella colina - 2013.

Gambero Rosso 2016 - Tre bicchieri - Polvanera 17 Primitivo DOC Gioia del Montevella colina - 2012

Decanter World Wine Awards 2015 - Medalha de Prata - Polvanera 16 Primitivo DOC Gioia del Colle S. Benedetto - 2011

Gambero Rosso 2015 - Tre bicchieri - Polvanera 17 Primitivo DOC Gioia del Colle Montevella - 201

Tre bicchieri Gambero Rosso 2014 - Tre bicchieri - Polvanera 17 Primitivo DOC Gioia del Colle Montevella - 2010

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