quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A tradicional e exótica Viña Tondonia e seus excelentes vinhos

Todo ano visito vinícolas em diversos países do mundo e procuro escolher uma grande variedade de tipos de vinhos e de regiões, principalmente na Europa.

Em geral,  as vinícolas tem se modernizado, tanto em equipamento, como em técnicas,  que vão desde a plantação das parreiras,  até o  armazenamento do vinho.

Quando descobri que havia uma vinícola que produzia grandes vinhos na Rioja, Espanha, mantendo técnicas antigas, resolvi conhecê-la.

Esta é a Viña Tondônia (BODEGAS DE D. RAFAEL LÓPEZ DE HEREDIA) que produz vinhos excelentes, há 142 anos, venerados pelos enófilos.

A vinícola vem trabalhando anos para produzir meticulosamente seus vinhos.

Todos os seus vinhos passam pelo menos 6 anos envelhecendo. Os vinhos principais são os brancos, difíceis de encontrar para comprar. Os roses então parecem mais uma lenda, inatingíveis!

Esta casa não teve receio para envelhecer os vinhos brancos em carvalho, uma vez que isso não é um procedimento comum.

O resultado é muito mais surpreendente do que se poderia supor. Quando esse tipo de vinho permanece por muito tempo na madeira, é lógico que os sabores e aromas do carvalho fiquem mais pronunciados e até mesmo desequilibrados.

Talvez depois do vinho pronto, pode não ser a melhor época para experimentá-lo. No entanto, quando o envelhecimento da garrafa conseguir polir os traços de madeira e criar aromas novos e sedutores de especiarias, amêndoa, baunilha e noz, encontramos um majestoso e opulento branco Tondonia Vineyard.

O nome da vinícola, Viña Tondonia, veio de uma de suas vinhas, plantada num terreno quase circular envolvido por um braço do rio Ebro, formando como que uma rotunda, ou seja “Tondón”.

A fachada da vinícola é sóbria e não revela o que encontraremos dentro do prédio, teias de aranha abundantes e uma umidade que naturalmente brota pelas paredes da adega.

Isto tudo ocorre pela escolha de um método de produção de vinho antigo, que leva em conta  as condições naturais para o seu feitio. Ou seja, quanto menor interferência no processo de fazer o vinho, melhor.  Este método  procura ser o mais natural possível.

As barricas e tonéis são utilizados por volta de 30 anos e periodicamente são reparados na própria adega, por uma equipe de tanoeiros próprios.

Os balseiros que encontramos em túneis quase intermináveis, pelo caminho, estavam cheios, esperando pela trasfega para as barricas.

As prensas utilizadas são de madeira, ainda dos tempos antigos e o controle da temperatura é feito abrindo as portas da adega quando necessário.

Existe na Tondônia, uma sala secreta, cheia de teias de aranha, com uma mesa onde são servidas refeições aos clientes vips. Este é o charme do local.

As garrafas especiais ficam armazenadas numa área fechada, com uma placa na frente escrita: "Y los Altares de los Dioses” (os altares dos deuses).

Terminada a visita, fomos para uma área de degustação, onde ansiosamente esperávamos pela prova.

Começamos  a degustação pelo branco Reserva 2004, das cepas Viura e malvasia, que passam 6 anos por barrica. O vinho é duma cor amarelo acentuada, com reflexos dourados. No Nariz aparecem frutas maduras como abacaxi e um toque cítrico. Na boca o vinho tem um toque de oxidação, com boa acidez e gosto de amêndoa. O vinho realmente é uma maravilha!

Passamos então para o tinto Reserva 2005, das cepas: Tepranilo, Garnacha Graciano e Mazuelo que passam 6 anos em barrica. Sua cor é granada. Na boca ele é bem evoluído, com toques de couro e soubois. É um vinho excelente.

Após esta maravilhosa experiência, voltamos para a recepção, onde havia um bar que foi inteiramente desmontado de uma casa em Madri e levado então para a vinícola. Muito interessante!

Comprei um vinho tinto e quando ia comprar o branco, me disseram que tinha que comprar 2 tintos, para poder levar um branco.


Desisti então da compra, mas felizmente encontrei um Tondonia branco 2003, num restaurante na cidade de Burgos. Ele ainda está guardado na minha adega esperando o momento certo para sua abertura.

Em outra viagem à Madri, em 2018, encontrei outro Tondônia Branco 2005 no El Corte Ingles. Aliás, mesmo sendo um vinho raro, quando encontrado ele beira o valor de 30 Euros, o que é em conta para este vinho.

Existe ainda um branco Gran Reserva, que ainda não encontrei para comprar.

Agradeço ao pessoal da vinícola e da Vinci, que me proporcionaram esta experiência única!



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Do Brasil para Luxemburgo, Tenuta Foppa & Ambrosi

Tenuta Foppa & Ambrosi estreia neste mercado com exportação de 600 garrafas   Os ‘guris’ que começaram a elaborar vinho no porão de casa...