sexta-feira, 30 de março de 2012

Almoço no restaurante Tre Bicchieri

Como me bateu aquela saudade da Itália, tive vontade de comer uma boa comida italiana. Liguei no sábado para o Tre Bicchieri, que fica na rua General Mena Barreto, 756 (fone 38854004) e consegui uma reserva para o almoço do dia seguinte.
Bellagio, lago de Como
Disseram-me que só aceitavam reservas até às 13 horas, com tolerância de 15 minutos de atraso.
Lá cheguei antes das 13hs, quando o restaurante ainda se encontrava vazio e me preparei para a degustação.
Cinque Terre, Ligúria
O nome Tre Bicchieri corresponde à pontuação máxima que o guia italiano de vinhos Gambero Rosso confere a um vinho.

A cozinha deste restaurante é focada na região da Toscana, sendo que o preparo de suas massas é totalmente artesanal.
Toscana
Trouxeram como couvert (R$ 9,00/ pessoa)um delicioso pão feito em casa, com manteiga e um bom azeite italiano.
Já estive algumas vezes neste restaurante, sempre com reserva antecipada e apreciei e aprecio seus pratos.
A cozinha é maestrada por Rodrigo Queiroz, que se aprimorou na culinária italiana em Florença, no Restaurante Enoteca Pinchiori, que ostenta 3 estrelas no aclamado guia Michelin.
Restaurante Enoteca Pinchiori
Como era de costume, iniciamos a difícil escolha do prato, pois tudo era muito bom e eu já tinha experimentado alguns deles.
Decidimos então escolher dois pratos diferentes, para que pudéssemos dar uma beliscada em todos:
Pedimos:
Ravioli de manzo ai crema de funghi: ravióli recheado com carne assada ao molho funghi, que custou R$58,00.

Trenette al pesto con aragosta: macarrão ao molho de pesto, tomate cereja e lagosta, que custou R$71,00.

Escolhi o vinho Nero d’Avola 2009 do produtor Fastacià, da Sicilia, Itália, que custou R$80,00, sendo que costuma custar R$56,00 na importadora Decanter.

A uva Nero d’Avola é típica da Sicilia, sendo que este vinho é da província de Palermo. Sua cor é de um rubi intenso, com aroma de frutas maduras e rosas, e traços de defumado. Tem boa textura na boca, com taninos leves e persistência média. Combina com: Spaghetti à matricciana e caças.

O vinho tinha um acentuado aroma de flores vermelhas e se revelou adequado ao meu prato de ravióli.
No rótulo do vinho tinha um interessante escrito:

“...Ho rubato una fiamma di sole
ad iluminarmi la strada
e vento leggero a carezzarmi la pellle,
...ho atteso il respiro dela terra
e raccolto la luce di molti horizzonti
ma adesso ...sono io.”

Este pequeno poema quer dizer:
...Roubei uma chama de sol
a iluminar-me o caminho
e vento leve a acariciar-me a pele,
..esperei o respiro da terra
e recolhi a luz de muitos horizontes
mas agora ...sou eu.

Bonito não?
Produtora do vinho do almoço
Como sempre, tive um almoço muito agradável, a um preço um pouco salgado R$300,00, sem sobremesa, mas muito gostoso!
O que podemos fazer se o Brasil é o pais dos impostos? E dos corruptos!
Trabalho de Gisela Furquim aproveitando o poema do vinho

terça-feira, 27 de março de 2012

Vinícola Fattorie del Colle

Vou iniciar este artigo contando da aventura de trilhar pelas estradinhas do interior da Toscana. Coordenadas erradas nos levaram a uma picada que terminava de repente no meio do mato. Procurei no mapa, a cidade mais próxima à Fattoria, que se chama Trequanda. No caminho para esta cidadela, vi uma pequena placa escrita Fattorie del Colle, e finalmente lá chegamos.
Bom restaurante de Trequanda (único aberto nestas noites)

A vinícola Fattoria del Colle é de propriedade da sra. Donatella Cinelli Colombini, que vem de uma tradicional família da região do vinho Chianti.

As primeiras citações de produção vinícola, na propriedade da Fatoria, datam do século XII com o seguinte nome: “Ermitorium S.Egidii de Querciola”.

Nesta propriedade existe uma linda capela onde são feitos casamentos e outras cerimônias religiosas. Esta capela foi construída em 1592.
Lá são produzidos os vinhos:

-       Leone Rosso Orcia DOC –  com as uvas: Sangiovese 60% e Merlot 40%. Ele tem uma cor rubi, e um aroma intenso e frutado. De corpo médio, tem um tanino forte e persistente. Graduação alcoólica: 14%. Seu preço é R$94,40. Harmoniza com carnes grelhadas, massa com molho de carne, paleta de cordeiro, queijo parmesão e risoto de funghi.

-        Cenerentola Orcia - DOC. Uvas: 65% de Sangiovese e 35% de Foglia Tonda (redonda). Sua cor é de rubi escuro, seu aroma é complexo de frutas vermelhas maduras e especiarias. Na boca é macio, intenso e harmonioso, com taninos maduros, de boa intensidade, de muito boa persistência. Graduação Alcoólica: 14%. Seu preço é de R$202,30. Harmoniza com carnes vermelhas, massas com molho de carne, costela de cordeiro, queijos parmesão e risoto de funghi.
     Obs: Cenerentola é a Cinderela de uma ópera cômica, cuja música é de Giachino Rossini.

    - Il Drago e le Sette Colombe IGT Toscana – É feito com as uvas: 60% Sangiovese, 25% Merlot e 15% Alicante. Ele tem uma cor de rubi intenso e aroma de especiarias e de frutas vermelhas. Na boca ele é potente e de boa estrutura. 


 -       Chiante Superiore DOCG – Ele é feito com 90% de uva Sangiovese e 10% Canaiolo Nero. Sua cor é vermelho escuro brilhante e com intenso aroma floral. Na boca seu tanino é intenso.


    - Sanchimento IGT Toscana Bianco - Ele é produzido com a uva Traminer. Apresenta uma cor de palha com reflexos verdes. Seu aroma é delicado, com traços de flores e frutas. Na boca é fresco e delicado, com notas de melão e com boa acidez.


   - Vin Santo del Chianti DOC -É produzido com as uvas Trebiano toscano e Malvasia del Chianti. Sua cor é dourada clara e seu perfume muito intenso, persistente. Sou gosto é um adocicado amável, quente e delicioso.

    - Passito Aromático da uva Traminer-  Ele é amarelado, com gosto doce e pleno, com notas de mel e fruta madura.

Lá fomos convidados para um maravilhoso jantar, no restaurante da Fatoria, em companhia da família de Donatella: Carlo, seu marido e Violante, sua filha e futura sucessora na administração das vinícolas.
Nesta ocasião provamos os vinhos das duas vinícolas, harmonizando-os com cada um dos pratos. Este foi um verdadeiro banquete.
Obrigado Donatella!


Como informação final, a importadora no Brasil destes vinhos é a viníssimo, cujo telefone é: (11)4195-5554 (http://www.vinissimo.com.br/)

quinta-feira, 22 de março de 2012

Degustação de azeite

Durante minhas viagens, procuro extrair o máximo de informações possíveis sobre diversas coisas que me interessam. Uma das que me chamou atenção foram informações à respeito do azeite, mais comumente denominado Óleo de Oliva.

Muitos dos melhores azeites são produzidos por oliveiras plantadas juntamente com as uvas dos melhores produtores de vinho. Posso citar como exemplo o Biondi Santo e Donatella Cinelli Colombini, produtores de excelentes Brunellos de Montalcino.

O primeiro contato com o mundo do azeite que tive, foi em Mendoza, na Argentina, quando visitei a vinícola Zuccardi e descobri que cultivam ali, três tipos de azeitona. Uma delas era de origem Argentina, a outra Italiana e a terceira de origem espanhola.

Naquela ocasião, trouxe para casa os três tipos de azeite, tendo preferido o de origem italiana, devido à sua suavidade e sabor.

Numa outra ocasião, na região francesa do Luberon, visitei uma produtora de azeite. Resolvi comprá-lo e trazê-lo para o Brasil e adorei quando provei-o por aqui!

Na terceira vez que visitei, na Itália, a Umbria e Toscana, pude provar e comprar azeites divinos. Provei inclusive um azeite recém prensado, de uma safra extremamente seca e de baixa produtividade, num jantar com a produtora Donatella Cineli Colombini. Esta foi uma experiência única, pois além de sua aparência verde intenso, tinha um aroma maravilhoso e um sabor marcante.

Fui convidado recentemente para uma aula e degustação de azeites, promovida pelo Atelier do Azeite (http://www.atelierdoazeite.com.br).
Além de bonita, a apresentadora Christiane Bracco nos deu uma aula básica a respeito da história, propriedades e situação do azeite no mundo.

Desta aula, extrai ensinamentos á respeito do azeite, que procuro transmitir ao maior número de pessoas:
Dizem que a descoberta da oliveira ocorreu na Ásia Menor, entre a Síria e o Irã, sendo difundida depois pela costa do Mediterrâneo e sul da Europa.
A oliveira/azeitona, cultivada pelos gregos desde 1.500 AC, tornou-se um produto base na economia grega. Os gregos usavam-na como: alimento, medicamento e cosméticos.
Os romanos difundiram as oliveiras, plantando-as nas terras por eles conquistadas.
Pesquisas mostram que o óleo de oliva, tem vários benefícios à saúde tais como:
-       É altamente digestivo, sendo que sua gordura é melhor tolerada pelo nosso organismo;
-       Regula a função intestinal;
-       Protege a mucosa do estômago;
-       Ajuda na regeneração da pele;
-       Estimula o crescimento e favorece a absorção de cálcio, ajudando a prevenir a osteoporose;
-       Previne doenças cardiovasculares;
-       Fortalece o sistema imunológico;
-       Ajuda na absorção de vitaminas, particularmente a E;
-       Proporciona um envelhecimento saudável e previne a doença de Alzheimer;
-       Contribui na prevenção da artrite e do reumatismo.
O consumo de azeite per capta no Brasil ainda é pequeno, 170g, enquanto que na Grécia é de 25Kg e na Espanha 12Kg por ano. No entanto, devido à sua grande população, o Brasil é o sétimo importador do mundo.
Aprendi que o fato da azeitona ser verde ou preta não significa que são de diferentes tipos, mas apenas que estão em diferentes estágios de maturação. Toda azeitona fica preta quando madura.
A cor do azeite não influencia no seu sabor, tanto que nas degustações oficiais, são usados frascos opacos. Assim, a cor não é levada em conta, na hora de sua classificação.
Alguns cuidados devem ser tomados com o azeite para manter sua qualidade:
-       Manter longe da luz e calor;
-       Quando usar bico dosador para servir o azeite, fechá-lo em seguida e lavar este bico;
-       A data de validade é um importante dado. Os azeites duram em média 2 anos;
-       As latas e vidros escuros protegem o azeite da luz solar;
-       Atualmente o processo de fabricação do extra virgem é feito (sempre) na “primeira prensagem”. Nada significa o termo “Primeira prensagem”  no rótulo do azeite;
-       A acidez não é perceptível no paladar;
-       O amargor do azeite não é um defeito, demonstra apenas a maior presença de polifenóis que são benéficos à saúde e importantes para a longevidade do produto.
Para merecer a denominação Extra Virgem, o azeite deve ser livre de defeitos e corresponder a vários parâmetros físicos e químicos, sendo o principal o seu grau de acidez. Os azeites são assim classificados:
-       Extra virgem: acidez livre máxima de 0,8%, sendo que, podem ser utilizados com saladas e nos molhos;
-       Virgem: acidez livre máxima de 2%. Seu uso é recomendado para saladas e frituras;
-       Lampante: acidez livre maior que 2%. Pode ser usado com frituras de imersão.
-       Do mesmo jeito que o vinho, o azeite tem sua classificação DOP na Itália, o que significa Denominzione di Origine Protetta, que é uma certificação de que o produto foi produzido num local demarcado.
Os azeites podem ser classificados quanto ao sabor como:
- Frutados: combinam com alimentos curados ou com ingredientes de aromas marcantes, como os queijos mais intensos e cogumelos secos, mas ficam bem com salada de folhas mais delicadas, preparações com especiarias, peixes e camarões;
– Azeites mais aromáticos, com toques herbáceos: vão bem com saladas de folhas amargas, preparações marcadas por adição de ervas e alimentos de sabor amargo, como jiló, berinjela e alcachofra;
– Azeites picantes: combinam com peixes defumados, vinagretes e salada de grãos;
– Azeites amargos e com toques amendoados: ficam ótimos com alimentos grelhados, salada de frutas frescas (incluindo tomate) e podem combinar também com alimentos de sabor amargo;
– Azeites mais suaves ou doces: podem ser usados em sobremesas à base de chocolate e queijos frescos.
Após a explanação partimos para a prova de três azeites:
1)   Galo Virgem, de Portugal
2)   DOP Riviera Ligure do Frantoio Anfosso Davide & Figli.


    Azeite português Cardeal, extra virgem, com 0,3% de acidez.

3)   Azeite português extra virgem
A degustação me ajudou a aprender algo sobre azeite, pois preferi o azeite mais simples, o Galo, pela sua suavidade.
O melhor azeite, no entanto, era o da Liguria, por suas qualidades técnicas.
O azeite da Liguria, porém tinha me desagradado, por apresentar o maior amargor.
Bem se vê, que ainda tenho muito que aprender sobre o mundo dos azeites!!!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Siena - Toscana - Itália

Siena é a segunda cidade mais importante da Toscana, depois de Firenze.

Chianti é o nome dado às colinas que se estendem do sul de Florença à Siena.
O Chianti Classico DOCG é o mais tradicional vinho desta área.

Há em Siena uma Associação denominada “Consorzio Vino Chianti Classico”, cujo símbolo é “O Galo Nero”, é ele quem regula a produção deste tipo de vinho.

Nem todo vinho produzido na região do Chianti é Chianti Classico. Para se tornar um Classico, o produtor tem que seguir uma série de regras. Vamos a elas:
1)   Ser produzido na região demarcada
2)   Deve ter um mínimo de 80% de uva Sangiovese em sua composição.
3)   Os 20% restantes devem ser compostos por uvas tintas nativas na região como, por exemplo: Canaiolo e Colorino.  Algumas uvas internacionais podem também serem usadas, como Cabernet Sauvignon e Merlot.
4)   Deve ter o mínimo de 12% de álcool nos vinhos jovens e 12,5% nos reserva.
5)   A produção e engarrafamento tem que ser feita na região
6)   Para os vinhos reservas é necessário um envelhecimento de 24 meses, incluindo 3 meses em garrafa.
7)   O selo deve conter o dizer “Chianti Classico e Denominazione de Origine Controllata e Garantita”, além do ano de produção.

Siena é um importante centro turístico e comercial. A produtora de vinhos Donatella Cinelli Colombini é a responsável pelo turismo na região, já há 10 anos.

Conforme a mitologia romana, Siena foi fundada por Senio, filho de Remo. Pode-se encontrar pela cidade, várias estátuas dos irmãos Romulo e Remo, que foram amamentados pela loba.
A cidade de Siena foi um povoado Etrusco e depois colônia romana.

A sua praça principal, “Piazza del Campo”, é para mim, a mais linda praça da Itália e ocupa o local de um antigo fórum romano, que depois tornou-se o principal mercado da cidade.

Ao redor desta praça ficam os principais prédios da cidade, muitos em função do comércio.
A cidade é famosa por uma prova à cavalo, denominada Palio, que ocorre duas vezes ao ano nestas datas : 2/7 e 16/10.

Neste evento, que dura apenas 90 segundos, a pista de corrida é montada na praça, que é cercada e depois preenchida de terra.

Nesta corrida feita desde o séculoXVII, participam 10 cavalos e cavaleiros montados sem sela, representando 10 dos 17 distritos e paróquias da cidade  denominados “contrade”. Os cavaleiros usam trajes tradicionais chamados monturas e envergam bandeiras da contrade.

A regra mais interessante desta corrida diz que: o primeiro a chegar é o ganhador e o segundo é considerado o último. Os cavaleiros portanto, valem-se de qualquer artimanha para chegar em primeiro lugar.
Desta forma, os jóqueis sofrem às vezes contusões até graves, causadas pelas quedas de suas montarias.
Durante o ano, as “contrade” provocam-se até a disputa na época do pálio, onde suas torcidas são fanáticas, como religião, ou como torcidas de futebol.
Dizem que toda a agressividade do povo é desviada para este evento e deve ser por isso que Siena é considerada a cidade onde o índice de criminalidade é o menor da Itália.

Ali passeamos pela Piazza del Campo, em forma de meia lua, onde provamos um delicioso sorvete de chocolate, além de tomarmos um esplêndido café! Como a Itália não produz café, ela importa os melhores do mundo, inclusive do Brasil.
Na rua, que circunda a Piazza, ficam as finas lojas de artesanato, de alimentos típicos da região, e de roupas.

Visitamos a sua catedral, cuja construção foi iniciada no século XII e foi terminada em 1380. Esta catedral constitui um exemplo da arquitetura gótica italiana.
Voltamos para a parte alta da cidade para apreciar o por do sol, com vista para a basílica de San Domenico.

Siena é uma cidade difícil de circular, pois ela se desenvolve em colinas e o tráfego de veículos é limitado no centro velho. Nos indicaram uma região de restaurantes para jantar, mas não conseguimos encontrá-la e giramos várias vezes em becos sem saída.
De lá, partimos de volta para a cidade de Trequanda, onde estávamos hospedados. Ali jantamos um delicioso Polpetone e uma pasta al funghi porcini!

Para acompanhar o prato tomamos o ”Chiante Classico Ruffino, Riserva Ducale”, que harmonizou com os pratos.

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