segunda-feira, 5 de março de 2012

Degustação de vinhos Sauvignon Blanc

Participei de uma interessante degustação de vinhos varietais, da uva “Sauvignon Blanc”, de diferentes países. Estes vários vinhos com e sem passagem por barrica eram bem diferentes.

A origem da uva Sauvignon Blanc, descoberta na França, no século 18, tem duas versões: Uma delas no Vale do Loire, onde existem inúmeros castelos; e a outra na região de Bordeaux.

Esta uva tem sua casca esverdeada e seu nome original vem da palavra “sauvage” (selvagem), que fala de uma uva não cultivada e sim nativa.

Sua acidez é marcante, às vezes excessiva, quando cultivada em climas muito frios ou muito quentes. No entanto, é uma uva típica de climas frios, muito comum no vale do Loire e na Nova Zelândia, onde sua produção resulta em melhores vinhos.

Hoje em dia ela também é  muito cultivada no Chile, África do Sul, Áustria, Austrália, Canadá, Brasil, Califórnia, Itália, Argentina e Moldávia.

O vinho produzido com esta uva é fresco, seco e refrescante. Seu aroma em geral é herbáceo. Também podemos sentir no Sauvignon, aromas de aspargos, maracujás, frutas cítricas e de flores brancas.
Na França, esta uva é produzida tanto no clima marítimo, como o de Bordeaux, como também no clima continental do vale do Loire.

O vinho Pouilly Fumé, feita com a Sauvignon Blanc, vem da região de Pouilly-sur-Loire, localizada no vale do Loire, na comuna de Sancére. Dizem que o seu característico sabor esfumaçado (fumé) vem do tipo de solo da região, mas na realidade ele vem de barricas tostadas, onde é fermentado.
Os vinhos desta uva, produzidos em Bordeaux, são tradicionalmente “arredondados”, com o complemento da uva Semillon. Complementar o vinho com a Semillon é um processo utilizado em vinhos secos e doces, como por exemplo, na produção dos famosos Sauternes.
A alta acidez do Sauvignon Blanc combina bem com pratos ácidos, tais como: Molho de tomate, peixe com limão, queijo de cabra e comida thai. Um cuidado especial tem que ser tomado com as hortaliças como os brócolis, espinafre e abobrinha, que podem acentuar a personalidade herbácea do vinho.

O Sauvignon é um vinho para se consumir jovem, sendo que, em geral, não melhora com o envelhecimento, ao contrário, perde o seu frescor. Há porém, uma exceção, os vinhos que são envelhecidos em barris, que podem durar 15 anos ou mais.
A Nova Zelândia é um importante produtor deste vinho, com características bem particulares e diferentes do velho mundo.

Na degustação participaram 7 vinhos, sendo: 2 Franceses do Vale do Loire e 1 de Bordeaux, 1 Chileno, 2 da Nova Zelândia, 1 da África do Sul:
1)   
      Amaral 2010, produzido no Chile, Valle de Leyda, pela Agrícola São José de Peralillo. Tem aroma de grama cortada, maracujá e um fundo cítrico. Na boca tem uma mineralidade marcante. Tem 14,5 de álcool e custa R$54,00, na importadora Bruck (fone 3329-3400). Para mim este é o vinho mais fraco apresentado, devido ao excesso de álcool.

2)      Neudorf 2010, produzido pela Neudorf Vineyards, na região de Nelson, na Nova Zelândia. O aroma é de maracujá e aspargos, sendo potente na boca, com um fundo mineral. Tem 14% de álcool e custa R$100,00 na importadora Premium (fone 2574-8303). A sua acidez e amargor me incomodaram um pouco, colocando-o na quinta classificação.


3)      Mademoiselle T – Pouilly Fumé 2010, produzido por Château de Tracy, na região do Loire, na França. No nariz apresenta traços cítricos, esfumaçados e de flores brancas. Na boca tem uma boa acidez. Tem 13,5% de álcool e custa R$105,55 na importadora Decanter (fone: 3074-5454). Para mim este é o quarto vinho na classificação, tendo boa relação custo / benefício.


4)       Château Reynon, produzido na região De Bordeaux, “Entre deux mers”, na França. Apresenta aromas de grapefruit e peras. Na boca é bem mineral. Tem 13% de álcool e custa R$75,00, na importadora Casa Flora (fone: 3327-5199). Achei este o segundo pior vinho, devido ao seu amargor e acidez acentuada.


5)      Indigène Pouilly Fumé, produzido por Pascal Jovilet, na região do Loire, na França. É um excelente vinho, com um fundo de aroma de mel e mineralidade boa na boca. Tem 12,5% de álcool e custa US$124,90 na importadora Mistral (fone:3372-3400). Para mim é o terceiro melhor vinho.


6)      Baron de L., da Baron de Ladoucette & Comte Lafond, da região do Loire. Tem 12,5% de álcool e custa US$199,50, na importadora Vinci (fone: 2797-0000). Para mim é o segundo melhor vinho, com personalidade e aroma fumé e cítrico, elegante e potente.. Achei o segundo vinho na classificação.


7)     Dog point Section 94, da Dog Point Vineyards, da região de Marlborough, na Nova Zelândia. Tem 14% de álcool e custa R$202,35 na Viníssimo (fone: 4195-5554). Tem um acentuado aroma de melão.

Na votação, de todos os vinhos, o vinho Dog Point Selection ganhou o primeiro lugar. No entanto, seu alto preço (R$202,35), não justifica a escolha dele. Podemos comprar vinhos mais baratos com uma diferença de qualidade razoável.

Esta degustação me deu uma série de lições:
1)   Falar em tipicidade de um país, como foi o caso da Nova Zelândia, é muito vago, pois as técnicas de vinificação dão resultados muito diferentes. No caso do vinho Dog Point, em que há uma passagem por barrica, resulta num produto muito diferente dos outros da mesma região.
2)   O clima e terroir de cada país gera resultados muito distintos para a mesma casta.
3)   A região do Valle de Casablanca no Chile produz vinhos interessantes, devido à corrente de Humboldt (corrente de ar que traz um clima frio e nublado). Os resultados desta produção cada vez se aproximam mais dos vinhos da Nova Zelândia, tanto no estilo como na qualidade e capacidade de harmonizar com comidas.
4)   As regiões, cujos vinhos foram degustados, ficam numa baixa altitude e amplitude térmica marcante.

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