A costa do Mediterrâneo foi o berço da
viticultura e podemos dizer que os vinhos gregos são tão antigos, que datam de
4 mil anos AC.
Dizem na Grécia que Dionísio era filho de
Zeus e também o deus do vinho, reverenciado sempre em festas.
Os vinhos gregos gozavam de excelente
reputação na antiguidade. No século XIX foram criadas na Grécia, muitas das
empresas produtoras de vinho que vendiam seus produtos em barricas. O
engarrafamento de vinhos na Grécia teve início em 1960. Os vinhos eram bem do
gosto dos gregos, ricos em álcool, pouco ácidos e muitos oxidados.
A revolução no mundo do vinho grego iniciou
em 1960, quando foram adotadas técnicas de controle de temperatura. Os bons
enólogos apareceram nesta época, e eram formados na França, Itália e Alemanha.
O vinho grego era associado sempre ao
Retsina. O Retsina é um vinho grego aromatizado pela essência do pinho. Seu
nome vem do fato de os antigos usarem a resina para lacrar as ânforas dos vinhos. Diga-se
de passagem, que o Retsina é bem ruim, pois seu gosto de pinheiro não é algo
para sentirmos no vinho.
A Grécia tem cerca de 300 cepas nativas,
muitas delas bem localizadas e dotadas de caráter pronunciado. Metade dos
vinhedos destina-se à produção de vinho, e o restante destinado para o feitio da
uva passa.
Assyrtiko, Roditis e Savatiano
Entre as cepas brancas, posso citar;
Assyrtiko Santorini, que é muito
aromática; Roditis (Peloponeso), de casca rosada e a Savatiano, que é a base
para os vinhos resinados.
Entre as cepas de vinho tinto posso citar:
Agiogitiko (Nemea), Limnio (Lemnos), Xynomavro (Naoussa), Mandilaria (Santorini
e Creta) e Mavrodaphne (Patras).
Uvas europeias como: Cabernet, Chardonay e Shiraz,
são utilizadas em poucos casos e dão bons resultados.
A Grécia produz vinhos brancos secos,
tintos, muscats suaves, tintos fortificados e mesmo espumantes. O volume atual da
produção de vinhos é de 3,5 milhões de hectolitros, dos quais 70% são brancos,
incluindo a Retsina.
Existem duas categorias de vinhos; VQPRD
(vinhos de qualidade produzidos numa região determinada) e os de mesa. A DOC é
usada apenas para os vinhos doces: de Muscat e Mavrodaphne. Os DOQS
(denominação de origem de qualidade Superior,) é usada para os vinhos secos.
Quanto aos pratos gregos, vou citar algumas
harmonizações aqui:
Os gregos fazem lula, polvo e outros
moluscos ensopados em vinho tinto, e algumas vezes em brancos. Estes ensopados
tintos de polvo combinam bem com o vinho Nemea grego, assim como com
Tempranillos espanhóis e com vinhos encorpados da Itália.
Lebre ao molho de cebola e tomate (agridoce
stifatho) vai bem com o vinho Naoussa, robusto e aromático, assim como com o
Chiante Clássico e o Crozes-Hermitage.
Frango assado com avgolemono (molhos com
ovo e limão) é um prato forte que combina bem com os vinhos brancos gregos, ou com
um Chardoanay neozelandês, com travo, mas untuoso.
Vou apresentar também uma série de vinhos gregos,
importados pela Mistral, que provei numa degustação:
Adoli Ghis 2005, com 12%de álcool,
produzido na região de Patras pela Antonopoulos Vineyards. Utiliza as castas:
Laghórti (45%), Asproúdes (mescla de uvas 30%) e Rodítis Alepoú (15%). É um
vinho branco seco. Apresenta um bom aroma cítrico, com equilíbrio e frescor na
boca.. Custa US$43,50.
Thalassitis Assyrtiko OPAP 2005, com 13% de
álcool, produzido em Santorini por Gaia Estate. É um vinho aromático e
elegante, extremamente seco e com toque mineral. A safra 2007 teve as notas RP
90. Custa R$111,24.
Gerovassiliou Chardonnay, com 13% de
álcool, produzido em Epanomi, por Domaine Gerovassiliou. É um bom Chardonnay de
aroma intenso e complexo. Na boca tem boa acidez e persistência. Custa
R$116,41.
Cabernet-Nea Dris (carvalho novo em grego) EO
2003, com 14% de álcool, produzido no norte do Peloponeso, por Antonopoulos
Vineyards. As castas usadas são: Cabernet Sauvignon (70%) e Cabernet Franc
(30%). É um vinho concentrado e elegante. Custa R$168,15.
Gerovassiliou Syrah 2003, com 13,5% de
álcool, produzido na região de Epanomi (Macedonia) por Domaine Gerovassiliou. É
um vinho encorpado, que harmoniza com carnes e queijos fortes. Seu preço é:
R$156,21.
Gaia Estate 2003, com 13,5% de álcool,
produzido por Gaia Estate, na região de Neméa, com a cepa Agiorgitiko. Seu
aroma é intenso, de frutas vermelhas e negras, apresentando taninos finos e
equilibrados. Custa R$192,03.
Conforme importante sugestão do meu amigo
grego, Daniel Cohen, vou citar aqui também, significativo produtor grego: Boutari,
que produz vinhos há 130 anos. O seu vinho, Naoussa Boutari, foi o primeiro
vinho engarrafado a adquirir certificado VQPRD, a entrar no mercado grego,
sendo considerado um importante marco dos vinhos da Grécia.
A Naoussa possui plantações em 7 regiões
gregas: Naoussa (macedônia), Goumenissa (Tessaloniki), Kantza de Áttica,
Mantinia, Santorini e Creta.
A gama de vinhos, produzidos na Grécia, é
grande, desde brancos (em geral cepas gregas além da Chardonay), rosès, tintos
(uvas gregas além do (Cabernet, Merlot e Sirah) e vinhos doces (vinsanto e
Iouliatiko).
A importadora Baccos (fone: 3660-8108)
importa alguns vinhos deste produtor Boutari.
Concluindo, acho que Grécia apresenta hoje
uma série de vinhos interessantes, que, inclusive tiveram uma queda em seus
preços, em US$.
Isto significa que comprar vinhos gregos
pode ser uma boa opção, sobretudo para acompanhar ótima culinária.