Os vinhos da cepa Sauvignon Blanc são os meus prediletos, entre vinhos brancos.
Ela é uma uva de pele esverdeada,
originária da região de Bordeaux. O seu nome provavelmente veio de sauvage (selvagem) devido à suas origens como uma uva
autóctone do sudoeste da França e blanc (branco).
A origem da uva Sauvignon Blanc, descoberta
na França, no século 18, tem duas versões: Uma delas no Vale do Loire, onde
existem inúmeros castelos; e a outra na região de Bordeaux.
O estilo desta uva é fresco, vivo e
imperioso, frutado, aromático e de boa acidez.
Seus aromas lembram frutas cítricas, goiaba
branca, grama cortada, ervas e minerais.
O vinho Sauvignon Blanc harmoniza com
queijo de cabra, peixe (principalmente de rio), frutos do mar, ceviche,
saladas, comidas orientais e molhos de tomate. Deve-se evitar as hortaliças,
espinafre, brócolis e abobrinha, que tendem a acentuar a sua característica
herbácea.
Esta uva é plantada na maior parte do mundo
vinícola, além de ser usada como componente dos vinhos de sobremesa de
Sauternes e Barsac. É cultivada na França, Chile, Canadá, Austrália, Nova
Zelândia, África do Sul, Brasil, Moldávia, Hungria, Itália e Califórnia.
Em regiões quentes, como na Califórnia e
Austrália, a uva Sauvignon Blanc torna-se rapidamente madura, produzindo vinhos
pouco elegantes. Enfim, estes vinhos carecem do requinte e vivacidade tão
comuns ao Sauvignon Blanc.
Por outro lado extremo, em regiões muita
frias, a excessiva falta de calor produz vinhos com toques fracos, ácidos e
exageradamente herbáceos, sem qualidades características à cepa.
Conforme o terroir, a Sauvignon Blanc
produz vinhos bem diferentes, desde o agressivo herbáceo até o docemente
tropical. Os vinhos do Vale do Loire e da Nova Zelândia tem sido classificados
como crocantes, elegantes e frescos.
A uva Sauvignon blanc se dá melhor em
climas frios, como o Vale do Loire e a Nova Zelândia, onde o vinho atinge o
auge da vivacidade e de sua intensidade aromática clássica.
É possível fazer bons Sauvignons com
barricas novas, mas é preciso muito cuidado. Em geral as barricas funcionam
quando são utilizadas na assemblage com a uva
Semillon, como nos vinhos da região de Graves. Diferente da Chardonnay, a
Sauvignon não é muito trabalhável na vinícola, tem que ser cuidada no campo.
Esta cepa não era considerada clássica até
a descoberta pelos apreciadores de vinhos de Paris, nos anos 60, na região de
Sancerre e Poilly Fumé (ambos do vale do Loire).
Juntamente com os vinhos Riesling, os
Sauvignon Blanc foram os primeiros vinhos a serem engarrafados com screw cap
(tampas com rosca).
Os vinhos desta cepa devem ser consumidos
jovens, uma vez que a maioria não envelhece bem. Formam exceção os vinhos de
Passac-Léognan, e Graves em Bordeaux, e de Bordeaux, com passagem por carvalho.
Para se ter uma ideia dos diferentes
efeitos resultantes da Sauvignon Blanc em várias regiões do mundo, vou citar alguns
exemplos de uma degustação que participei:
Proveniente da França provei:
1)
Loire: Indigène Pouilly-Fumé
2008, com 12,5% de álcool, de Palcal Jolivet, importado pela Mistral, por
US$124,90. Para mim este vinho pegou o 1º lugar, por ser um excelente vinho.
2)
Loire: Baron de L. 2005, com
12,5% de álcool, da Baron de Ladoucette & Comte Lafond, importado por Vinci
por US$199,50. Para mim este vinho pegou o 2º lugar.
3)
Tracy Sur Loire: Mademoiselle
de T – Poilly Fumé 2010, com 13,5% de álcool, importado pela Decanter, por
R$105,55. Me pareceu um vinho complexo, porém com excesso de álcool. Para mim
este vinho pegou o 4º lugar, por perder dos anteriores no equilíbrio.
4)
Bordeaux: Château Reynon, da
Domaines 2009, com 13% de álcool Denis Dubourdieu, importado pela Casa Flora. Para
mim este vinho pegou o 6º lugar, pois apresentou uma qualidade e complexidade
boa, com um leve amargor na boca.
5)
Loire: Unique 2010, com 12% de
álcool, importado por Calix (Decanter) por R$52,00. Para mim este vinho pegou o
8º lugar, por ter baixa mineralidade e acidez. Se não fosse pelo forte aroma
herbal, diria que a cepa era outra. Parecia vinho cozido, mal armazenado. Não
recomendo este vinho
Da Nova Zelândia:
6)
Malborough: Dog Point Section
94 2008, com 14% de álcool, importado por Vinísimo, por R$202,35. Me pareceu um
vinho complexo, porém com excesso de álcool. Para mim este vinho pegou o 3º
lugar, por perder dos anteriores no equilíbrio.
7)
) Neudorf 2010, com 14% de
álcool, Da Neudorf Vineyards, importado pela Premium, por R$100,00. Para mim
este vinho pegou o 5º lugar, pois sua acidez excessiva, na boca apresentou uma
complexidade média, sendo um pouco desequilibrado.
Do Chile:
8)
Valle de Leyda: Amaral 2010,
com 14,5% de álcool, da Agrícola São José de Perralilo. Importado pela Bruck,
por R$54,00. Para mim este vinho pegou o 7º lugar, por apresentar um pouco de
excesso de acidez e de álcool.
Apesar de usarem a mesma cepa, os vinhos
apresentaram grandes diferenças, em função da variedade de terroir.
Nenhum deles revelou defeitos marcantes. Só
o vinho chileno é que destoou dos demais, por ser de um nível inferior.
Esta degustação me deu uma série de lições:
1)
Falar em tipicidade de um país,
como foi o caso da Nova Zelândia, é muito vago, pois as técnicas de vinificação
dão resultados muito diferentes. No caso do vinho Dog Point, em que há uma
passagem por barrica, resulta num produto muito diferente dos outros da mesma
região.
2)
O clima e terroir de cada país
gera resultados muito distintos para a mesma casta.
3)
A região do Valle de Casablanca
no Chile produz vinhos interessantes, devido à corrente de Humboldt (corrente
de ar que traz um clima frio e nublado). Os resultados desta produção cada vez
se aproximam mais dos vinhos da Nova Zelândia, tanto no estilo como na qualidade
e capacidade de harmonizar com comidas.
4)
As regiões, cujos vinhos foram
degustados, ficam numa baixa altitude e amplitude térmica marcante.
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