quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O vinho Sauvignon Blanc


Os vinhos da cepa Sauvignon Blanc são os meus prediletos, entre vinhos brancos.
Ela é uma uva de pele esverdeada, originária da região de Bordeaux. O seu nome provavelmente veio de sauvage  (selvagem) devido à suas origens como uma uva autóctone do sudoeste da França e blanc (branco).


A origem da uva Sauvignon Blanc, descoberta na França, no século 18, tem duas versões: Uma delas no Vale do Loire, onde existem inúmeros castelos; e a outra na região de Bordeaux.

O estilo desta uva é fresco, vivo e imperioso, frutado, aromático e de boa acidez.

Seus aromas lembram frutas cítricas, goiaba branca, grama cortada, ervas e minerais.

O vinho Sauvignon Blanc harmoniza com queijo de cabra, peixe (principalmente de rio), frutos do mar, ceviche, saladas, comidas orientais e molhos de tomate. Deve-se evitar as hortaliças, espinafre, brócolis e abobrinha, que tendem a acentuar a sua característica herbácea.

Esta uva é plantada na maior parte do mundo vinícola, além de ser usada como componente dos vinhos de sobremesa de Sauternes e Barsac. É cultivada na França, Chile, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Brasil, Moldávia, Hungria, Itália e Califórnia.

Em regiões quentes, como na Califórnia e Austrália, a uva Sauvignon Blanc torna-se rapidamente madura, produzindo vinhos pouco elegantes. Enfim, estes vinhos carecem do requinte e vivacidade tão comuns ao Sauvignon Blanc.

Por outro lado extremo, em regiões muita frias, a excessiva falta de calor produz vinhos com toques fracos, ácidos e exageradamente herbáceos, sem qualidades características à cepa.

Conforme o terroir, a Sauvignon Blanc produz vinhos bem diferentes, desde o agressivo herbáceo até o docemente tropical. Os vinhos do Vale do Loire e da Nova Zelândia tem sido classificados como crocantes, elegantes e frescos.

A uva Sauvignon blanc se dá melhor em climas frios, como o Vale do Loire e a Nova Zelândia, onde o vinho atinge o auge da vivacidade e de sua intensidade aromática clássica.

É possível fazer bons Sauvignons com barricas novas, mas é preciso muito cuidado. Em geral as barricas funcionam quando são utilizadas na assemblage com a uva  Semillon, como nos vinhos da região de Graves. Diferente da Chardonnay, a Sauvignon não é muito trabalhável na vinícola, tem que ser cuidada no campo.

Esta cepa não era considerada clássica até a descoberta pelos apreciadores de vinhos de Paris, nos anos 60, na região de Sancerre e Poilly Fumé (ambos do vale do Loire).

Juntamente com os vinhos Riesling, os Sauvignon Blanc foram os primeiros vinhos a serem engarrafados com screw cap (tampas com rosca).

Os vinhos desta cepa devem ser consumidos jovens, uma vez que a maioria não envelhece bem. Formam exceção os vinhos de Passac-Léognan, e Graves em Bordeaux, e de Bordeaux, com passagem por carvalho.

Para se ter uma ideia dos diferentes efeitos resultantes da Sauvignon Blanc em várias regiões do mundo, vou citar alguns exemplos de uma degustação que participei:

Proveniente da França provei:

1)   Loire: Indigène Pouilly-Fumé 2008, com 12,5% de álcool, de Palcal Jolivet, importado pela Mistral, por US$124,90. Para mim este vinho pegou o 1º lugar, por ser um excelente vinho.

2)   Loire: Baron de L. 2005, com 12,5% de álcool, da Baron de Ladoucette & Comte Lafond, importado por Vinci por US$199,50. Para mim este vinho pegou o 2º lugar.

3)   Tracy Sur Loire: Mademoiselle de T – Poilly Fumé 2010, com 13,5% de álcool, importado pela Decanter, por R$105,55. Me pareceu um vinho complexo, porém com excesso de álcool. Para mim este vinho pegou o 4º lugar, por perder dos anteriores no equilíbrio.

4)   Bordeaux: Château Reynon, da Domaines 2009, com 13% de álcool Denis Dubourdieu, importado pela Casa Flora. Para mim este vinho pegou o 6º lugar, pois apresentou uma qualidade e complexidade boa, com um leve amargor na boca.

5)   Loire: Unique 2010, com 12% de álcool, importado por Calix (Decanter) por R$52,00. Para mim este vinho pegou o 8º lugar, por ter baixa mineralidade e acidez. Se não fosse pelo forte aroma herbal, diria que a cepa era outra. Parecia vinho cozido, mal armazenado. Não recomendo este vinho

Da Nova Zelândia:

6)   Malborough: Dog Point Section 94 2008, com 14% de álcool, importado por Vinísimo, por R$202,35. Me pareceu um vinho complexo, porém com excesso de álcool. Para mim este vinho pegou o 3º lugar, por perder dos anteriores no equilíbrio.

7)   ) Neudorf 2010, com 14% de álcool, Da Neudorf Vineyards, importado pela Premium, por R$100,00. Para mim este vinho pegou o 5º lugar, pois sua acidez excessiva, na boca apresentou uma complexidade média, sendo um pouco desequilibrado.

Do Chile:

8)   Valle de Leyda: Amaral 2010, com 14,5% de álcool, da Agrícola São José de Perralilo. Importado pela Bruck, por R$54,00. Para mim este vinho pegou o 7º lugar, por apresentar um pouco de excesso de acidez e de álcool.

Apesar de usarem a mesma cepa, os vinhos apresentaram grandes diferenças, em função da variedade de terroir.

Nenhum deles revelou defeitos marcantes. Só o vinho chileno é que destoou dos demais, por ser de um nível inferior.


Esta degustação me deu uma série de lições:

1)   Falar em tipicidade de um país, como foi o caso da Nova Zelândia, é muito vago, pois as técnicas de vinificação dão resultados muito diferentes. No caso do vinho Dog Point, em que há uma passagem por barrica, resulta num produto muito diferente dos outros da mesma região.
2)   O clima e terroir de cada país gera resultados muito distintos para a mesma casta.
3)   A região do Valle de Casablanca no Chile produz vinhos interessantes, devido à corrente de Humboldt (corrente de ar que traz um clima frio e nublado). Os resultados desta produção cada vez se aproximam mais dos vinhos da Nova Zelândia, tanto no estilo como na qualidade e capacidade de harmonizar com comidas.
4)   As regiões, cujos vinhos foram degustados, ficam numa baixa altitude e amplitude térmica marcante.

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