sexta-feira, 18 de julho de 2014

Vinícola Roberto Voerzio

Este ano de 2014, fui pela segunda vez ao Piemonte, para visitar vinícolas. Selecionei dois grandes produtores de vinho para visitar.


Um deles foi Roberto Voerzio, cuja propriedade fica em La Morra, região produtora de grandes vinhos.


Com certa dificuldade, encontrei o local da vinícola, pois La Morra, um pequeno vilarejo, fica numa colina com inúmeros produtores agrícolas.


A visita começou com o nosso entusiasmado cicerone explicando que a cantina estava sendo duplicada, o que causava certa dificuldade no acesso a ela.


Começamos a visita pela área de vinificação que fica na parte de baixo da propriedade. Ela foi instalada neste local, com o objetivo de abrandar a influência climática no processo de produção do vinho.


Passamos pelas cubas de aço inox, indo em seguida para a área onde se encontram as barricas de afinamento dos vinhos.


Depois fomos para a parte de cima da propriedade, onde estava a área de engarrafamento e embalagem, terminando a visita na sala de recepção de visitantes e degustação.


Começamos a prova pelo Langhe Nebiolo 2011, que fica 8 meses em cubas de inox e 12 meses em barricas (30%novas) de 25 hl. É um vinho com uma excelente estrutura, cor profunda e complexidade.Tem um corpo amplo, com taninos aveludados e persistentes

Barolo 2009 La Serra,  passa 8 meses em cubas de inox, 24 meses em barricas usadas de 15 hl e mais 8 meses em garrafa. O vinho apresenta uma cor rubi. No nariz nota-se aromas de tabaco, blackberry e especiarias. Na boca ele é potente, parecendo um licor de cerejas, ainda com aromas de cedro, couro e especiarias. Este parece ser o mais rico e concentrado produto da vinícola.


Barolo 2009 Rocche dell’Annunziata Torriglione, passa 8 meses em cubas de inox, 24 meses em barricas usadas de 15 hl e mais 8 meses em garrafa. Este é um Barolo excepcional, com uma cor rubi profundo. Os seus aromas são de cerejas, especiarias, chocolate e tabaco. O seu corpo é médio delicado e sedoso, com taninos finos e cremosos no palato. Na safra 2000 ele ganhou 100 pts WS.

Barolo 2008 Rocche dell’Annunziata Torriglione.

Barolo 2009 Riserva vecchie dei Capulot dell Brunatte (o 2010 custa 170 euros),  passa 8 meses em cubas de inox, 15 meses em barricas (30% novas) de 15 hl e mais 18 meses em garrafa. Sua cor é de um rubi profundo. Os aromas são de violeta, especiarias, geléia de framboesa. Ele é bem estruturado, muito refinado e concentrado, com taninos finíssimos e persistentes. Uma maravilha!


Barbera D’Alba 2010 Pozzoanunziata, passa 5 meses em cubas de inox, 24 meses em barricas usadas de 15 hl e mais 8 meses em garrafa. Apresenta uma cor púrpura profunda, aroma de geléia de framboesa, cassis, café e mofo. Muito intenso e agradável na boca, com taninos sedosos e polidos, com muita persistência.


Barolo 2004 Fossati Case Nere, Riserva 10 anni (custa 170 euros). Este vinho estava no ponto perfeito de ser bebido, rico delicado, profundo e muito agradável. Foi bebido no final da degustação e recebeu nota de ouro.


A vinícola de Roberto Voerzio foi fundada em 1986 em La Morra, cidadezinha no coração do Langue, no Piemonte.


A vinícola começou com plantações de 2 ha, adquirindo posteriormente terras famosas pela produção de Barolo La Serra, como: Brunate, Cerequio Sarmassa, Rocche dell ‘Anucnziata, Fossati, Case Nere. Estas áreas são excelentes também para o cultivo de vinhas para produção de Dolcetto, Barbera, Nebiolo e Merlot.


A vinícola, com o tempo, aumentou o seu número de vinhas por adensamento. O adensamento chegou a valores entre 6.000 e 8.000 pés por hectare. Outra medida para melhorar a qualidade dos vinhos foi a redução da produtividade para 500 / 700 g por pé.


A vinícola sempre trabalha de forma mais simples e tradicional, deixando que o vinho seja a pura expressão do terroir.


A área plantada de todas as propriedades se limita a 20 ha, produzindo um total de 40.000 a 60.000 garrafas por ano.


Em mais de 20 anos, as vinhas tem sido trabalhadas com maior respeito à natureza. Depois de cada colheita, as parreiras são fertilizadas a mão, com húmus, de acordo com a necessidade de cada planta, à partir de análise da cor das folhas e do seu vigor.


Não são usados fertilizantes químicos, herbicidas fungicidas ou outras substâncias que possam interferir no ciclo de vegetação das vinhas ou no processo de amadurecimento da uva.


As vinhas são podadas intensamente no inverno, ficando apenas entre 5 e 8 botões em cada planta. O primeiro desbaste começa no início de julho, quando mais de 50% das uvas são removidas, restando 5 cachos por pé. Uma segunda poda é feita em meados de agosto.


Desta forma, os frutos colhidos são saudáveis, ricos em açúcar, aromas e perfumes, qualidades que são transferidos para o vinho durante o processo de fermentação.


A fermentação alcoólica dos vinhos dura de 10 a 30 dias, de forma espontânea, sem fermento.


Nenhum produto é utilizado para alterar o vinho, como aumento de cor, estrutura ou aroma.

Após a fermentação maloláctica, em tanques de inox, os vinhos (exceto o Dolceto) são transferidos para barris de carvalho, para refino.

Os vinhos não são filtrados e só devem ser abertos após 5 ou 6 anos (exceto o Dolceto), período de afinamento do vinho. Desta forma, os vinhos continuam evoluindo, por um período de 20 à 30 anos, desde que guardados em condições ideais.

No final da degustação, Roberto Voerzio apareceu na sala e, com toda sua simpatia, respondeu nossas dúvidas.


Foi uma visita maravilhosa, que me fez concluir que, pequenas vinícolas como esta, tem mais personalidade e também nelas ocorre um engajamento maior dos operários. Todos os funcionários prestam os serviços necessários, desde a recepção até a colheita, assim como em outras atividades da propriedade.

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