Uma delas foi uma aula, ministrada por Oliver Bourse, embaixador dos vinhos da Alsácia no Brasil.
Nesta ocasião, além de degustação de vinhos, Oliver fez uma explanação sobre os vinhos da Alsácia, onde disse algumas coisas importantes. São elas:
A videira, não exatamente como conhecemos hoje, já existia antes do aparecimento do homem, na região que mais tarde formaria o Vale Do Reno.
Apesar das uvas serem utilizadas nos primórdios, a cultura da vinha só foi levada a cabo depois da conquista romana.
Os vinhedos da Alsácia, na vertente leste do departamento dos Vosges, desfrutam dos raios solares ao longo de todo o dia. As orientações Sul e Sudeste majoritárias, assim como os excepcionais finais de outono, contribuem para a maturação das cepas.
A barreira natural dos Vosges (cadeia de montanhas) resguarda os vinhedos das influências oceânicas, de forma que as precipitações de chuvas encontram-se dentro das mais exíguas da França (450 a 500 mm por ano). As cálidas temperaturas dos verões dão lugar a outonos ensolarados, que antecedem os rigorosos invernos, características do clima subtropical da região. Este clima privilegiado propicia a maturação lenta e prolongada das uvas, além de favorecer a manifestação de aromas de grande sofisticação.
Os terroirs da Alsácia são divididos em 3 regiões e podem ser classificados em 13 tipos de solos, na beira das montanhas, nas colinas e na planície.
Diferente de outras regiões da França, não é a terra que dá nome aos vinhos, mas as próprias cepas, 10: Sylvaner, Pinot Blanc, Chasselas, Auxerrois, Riesling, Muscat d'Alsace, Pinot Gris, Savagnnin, Gewurztraminer e Pinot Noir.
A região conta com 3 denominações de origem controladas (AOC):
AOC Alsace, estabelecida em 1962, que representa 72% da produção total, da qual 92% são brancos.
AOC Crémant d'Alsace, que é um vinho espumante, elaborado pelo método tradicional, que representa 24% da produção.
AOC Alsace Grands Crus (estabelecido em 1975), que corresponde a 4% da produção e tem o nome complementado por um dos 51 terroirs delimitados e admitidos pela denominação.
As AOC Alsace Grand crus podem ser complementadas por 2 menções de origem: Vendages Tardies e Sélection de Grains Nobles.
A nova legislação, de 2011 estabeleceu regras para o AOC Alsace, composta de vinhos de caráter distintos que respondem a um nível maior de exigência. O nome pode ser complementado assim:
Nome geográfico do vilarejo ou Comune, em número de 11: Blienschwiller, Saint-Hippolyte, Côtes de Barr, Scherwiller, Côte de Rouffach, Vallée Noble, Klevener de Heilingenstein, Val Saint-Grégoire, Ottrout, Wolxheim e Rodern.
Nome da localidade ou Lieu-dit, que trata de identificar as produções qualitativas com característica específica.
Os Crémants d’Alsace, com mais de 500 produtores, geralmente são obtidos das cepas Pinot Blanc, que confere frescura e delicadeza, ao espumante; Chardonnay, que por sua vez destila classe e leveza e a Pinot Noir, que é a única cepa usada para fazer os rosé.
Para se fazer os Grands Crus só podem ser usadas 4 cepas: Riesling, Gewurztraminer, Pinot Gris e Muscat D'Alsace. No rótulo destes crus deve obrigatoriamente constar um dos 51 terroirs, sendo cada um protegido por uma denominação, AOP (semelhante a uma AOC) e a safra. Quando é usada apenas uma cepa, esta deve ser indicada no rótulo.
As Vendages Tardives e Sélection de Grains Nobles devem apresentar uma riqueza elevada de açúcar na colheita e podem ser comercializadas após 18 meses de envelhecimento.
Os vinhos das Vendages Tardives provêm das cepas: Gewurztraminer, Pinot Gris, Riesling ou Muscats que são colhidas várias semanas depois das vindimas oficiais, o que favorece o desenvolvimento da podridão nobre (Botrytis cinérea).
Os vinhos Sélection de Grains Nobles são obtidos por sucessivas classificações de grãos, como resultado da podridão nobre.
Existem restrições para se beneficiar da classificação de Vendages Tardives e Sélection de Grains Nobles: as uvas tem que ser colhidas à mão, pertencer a uma única cepa e é obrigada a ser feita uma identificação da safra, também os vinhos não podem sofrer qualquer enriquecimento, devem ser declarados como Grains Nobles previamente durante a venda (na presença dos serviços do instituto Nacional das Denominações de Origem dos vinhos) e deverão ter sido apresentados, degustados e aprovados após exame analítico e organoléptico sobre a menção particular.
Terminada a aula, passamos para a palestra degustação de 5 vinhos, sendo eles:
Crémant d’Alsace Chardonnay Brut 2007, produzido por Dopff au Moulin, importado pela Mistral, onde custa R$137,00. É um vinho com pouca perlage na taça, mas faz uma explosão na boca. Apresenta um bom frescor, com frutas cítricas no nariz.
Sylvanner 2006, produzido pela Maison Trimbach, que é importado pela Zahil, onde o seu custo é de R$115,00. O vinho estava passado. Oliver disse que esta cepa tem vida mais curta.
Riesling Vielles Vignes 2012, feita pela Cave de Ribeauvillé. É importado pela Chez France por R$69,00. Este é um vinho que oferece excelente relação custo / benefício, revela flor branca e petróleo no nariz. Ele tem boa acidez, lembrando maçã verde e tem também boa persistência.
Pinot Gris, produzido pela Domaine Paul Blank e é importado pela Decanter por R$145,00. Achei este vinho mais adocicado, lembrou champignon, sabor de terra, com aromas de tangerina e laranja.
Gewurztrameiner Turkheim 2011, feito pela Domaine Zind Humbrecht, que é importado pela Delacroix por R$108,00. O vinho é muito aromático, com lichia, flor, abacaxi. Na boca ele é bem doce, com toques de pimenta. Gostei deste vinho. Ele combina com pratos indianos, com especiarias e com queijo munster, feito na região.
A Alsácia está sensível à produção de vinhos mais saudáveis e expressivos, desde o final da década de 1960. Hoje são produzidos ali muitos vinhos orgânicos, de forma a colaborar com a natureza.
A seguir, apresento alguns gráficos que mostram a evolução da produção de vinhos da região:
Finalmente Oliver ressaltou que os vinhos da Alsácia são tão bons como outros franceses e apresentam a vantagem de serem muito mais baratos que os vinhos da Borgonha e de Bordeaux.
A apresentação foi elucidativa e muito acrescentou para o meu conhecimento sobre os vinhos Alsacianos.
A região da Alsácia é muito bonita e florida, um boa região para o turismo.
Cidades como Colmar e outras na rota do vinho, algumas medievais, cercadas por muralhas e com casas de estruturas que misturam alvenaria com madeira, lembram a Alemanha.
Agradeço à Cap Amazon, de Caroline Putnoki, pelo convite a este excelente evento!
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