Há um tempo atrás passei
pela cidade de Taormina, na
Sicilia, e fiquei deslumbrado com
ela!
Em 2016, durante minha última
viagem pela Itália, resolvi rever esta cidade a fim de conhecê-la melhor.
Aproveitei então para visitar uma vinícola nesta região do Etna, a Tenuta
Fessina (https://www.youtube.com/watch?v=Nm8owdEkR7w), que fica próxima à Taormina.
O meu primeiro contato com
a Fessina, que, por sinal não
tem importador no Brasil e que
fica próxima ao vulcão Etna, foi num evento que participei em São Paulo.
Naquela época havia muito
ufanismo e divulgação no exterior do crescimento brasileiro e tais eventos eram
muitos.
A Fessina pertence à Silvia
Maestrelli, produtora de vinhos da Toscana.
A principal uva plantada na
propriedade é a tinta Nerello Mascalese, além das: Nerello Capuccio Carricante
e Nero D’Avola, e as brancas: Carricante, Minnella e Catarrato, todas
autóctones da Sicília.
Saí de Taormina para
conhecer a Fessina e fui passando por cidadelas, durante a viagem, que ficam no
sopé do morro do Etna. Era um dia com nuvens, e pudemos ter uma idéia da
grandeza do vulcão.
Fomos recebidos por Giovanni,
que nos mostrou os vinhedos plantados naquele solo negro, resultante das erupções
do vulcão.
Em seguida, ele nos levou para
conhecer a adega antiga, com suas instalações impressionantes por sua
simplicidade. A adega atual fica embaixo do prédio antigo. A Tenuta Fessina está
construindo apartamentos que, segundo Giovanni, serão luxuosos e abrigarão os
visitantes que desejam conhecer seus vinhos.
Já na adega, partimos para
a degustação dos vinhos:
Musmeci Etna Bianco DOC Superiore, da cepa
Carricante, tem uma acidez marcante.
Um vinho gastronômico que deve acompanhar bem pratos gordurosos, Este é um
perfeito representante da região do Etna. Ganhou 3 bicchieri em 2009.
Puddara Etna Bianco, também
da Carricante, porém mais delicado ,talvez pelo seu afinamento, por 9 meses em
boate de 35 hl. Tem um quê de defumado e ganhou 3 bicchieri em 2011, 2010 e
2009.
Erse Etna Rosato DOC, das
cepas Nerello Mascalese e Nerello Cappuccio, com boa acidez e é muito
agradável.
Erse Etna Rosso DOC, das cepas Nerello Mascalese e Nerello Cappuccio ganhou 2 bicchieri em 2011, 2010. Ele tem muito frescor e fruta bem presente. É um vinho
elegante, com bom corpo e sedoso.
Laeneo IGT 2014, das cepas
Carricante (80%), Nerello
Cappuccio, cepa feito por apenas 4
produtores da Sicilia. Em
2009 e 2012 ganhou 2 bicchieri. A
cepa Nerello Cappuccio revela especiarias e cor intensa além de aromas de fruta.
Ero Sicilia IGT 2013, da
cepa Nero D’Avola, mais leve, em 2009 e 2012 ganhou 2 bicchieri. Ele tem fruta e frescor muito destacado além de um belo corpo, muito
sedoso.
Musmeci Etna Rosso DOC Riserva 2011, da cepa Nerello Mascalese, em 2007 ganhou 3 bicchieri e em 2008 e 2009 e recebeu 2 bicchieriem 2008 e 2009. A
cepa é mais clara que a Cappuccio, o que o torna um vinho mais representativo da região do Etna. É um vinho longevo, elegante, com certo frescor
e caráter austero.
Esta visita a Tenuta
Fessina foi muito interessante para mim, pois tive contato direto com cepas
regionais, usadas em vinhos excepcionais.
Quanto ao vulcão Etna, ainda ativo (https://www.youtube.com/watch?v=HMJ7-dNDiUw), é o mais elevado da Europa (3.350m), e faz
parte do patrimônio mundial da Unesco. Ele é verdadeiramente especial e pode
ser visto desde Taormina. É
uma montanha que muda diariamente. Todos os dias, um pouco de cinzas, um pouco
de poeira, algumas nuvens de fumaça
são despejadas na região. A
paisagem ao seu redor muda diante dos nossos olhos. A fumaça
traz novo solo para a montanha, que cresce e se renova. O vulcão tem um cone principal e centenas de cones subsidiários e pode, às vezes, irromper e
enviar fluxos de lava até as áreas povoadas. Em 1669, um fluxo de lava atingiu a cidade
de Catania e submergiu uma série de edifícios e, em 1928,
enterrou toda a cidade de Mascali.
O resultado deste
derramamento de lavas, que às vezes assusta os moradores e faz estragos na
região, é de uma terra rica de nutrientes para a agricultura.
A Tenuta Fessina é um projeto de Silvia Maestrelli,
que comprou uma velha vinha
de uvas Nerello Mascalese que remonta ao século passado. No meio da vinha havia uma verdadeira jóia, uma pedra de lava
do século XVIII com o lagar, ainda intacta. Em 2007, iniciaram os trabalhos na tenuta, com a ajuda do enólogo Federico Curtaz, que trabalhou como
agrônomo de Gaja por vinte anos.
As vinhas, que se
estendem por cerca de sete hectares, são cercadas por dois fluxos de lava
semicirculares, seculares, que protegem as vinhas e criam um microambiente único, assim como as paredes que cercam o "clos" francês. Bosques de avelã, oliveiras e vinhas alternam, criando um patchwork de
terra cultivada, entremeada com paredes de pedra de lava
escura. Fessina é também o lar de algumas videiras muito antigas, plantadas com o
sistema tradicional, gobelet antigo, com alta densidade de plantio por hectare
e baixo rendimento.
As vinhas ali estão
enraizadas em solos rasos e negros, compostos de areia, pedras e argila e ricos
em oligoelementos: ferro, potássio, cálcio, fósforo, magnésio e manganês.
Os vinhos da região
apresentam riqueza e complexidade de aromas, além de uma estrutura interessante e elegante.
Vale a pena
conhecê-los , assim como conhecer tal região com solos tão peculiares!
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