terça-feira, 28 de outubro de 2014

Vinhos do Alentejo



Em 2014, estive no evento denominado: “Venha descobrir os grandes vinhos do Alentejo”, onde provei bons vinhos da região. Participei também, nesta ocasião, de uma Master Class denominada: “As uvas tradicionais do Alentejo”. (http://www.youtube.com/watch?v=f2vsDXnnIZs)

A aula foi ministrada por Rui Falcão que mostrou, como sempre, seu conhecimento sobre os vinhos portugueses, sem ser enochato.

Rui iniciou fazendo uma explanação sobre as regiões portuguesas e suas diferenças, focando, sobretudo, no Alentejo. Ressaltou que o sucesso dos vinhos do Alentejo é grande e corresponde a 48% dos vinhos vendidos em Portugal.

Tento aqui transmitir as palavras de Rui:

“Portugal é o país que tem maior número de castas autóctones, por volta de 250, a sua maioria pouco adequada para se fazer individualmente um bom vinho. Desta forma, cada uva dá sua contribuição para a criação de vinhos de corte, com as qualidades próprias de suas uvas.”

O maior problema que o Alentejo sofreu foi no período da ditadura, que durou 41 anos.   Nesta ocasião derrubaram a maior parte das vinhas para plantar trigo, cevada e outros cereais, tentando transformar esta região no celeiro de Portugal.

A região vitivinícola do Alentejo estende-se por cerca de 22.000 hectares de vinhas, no interior sul de Portugal. Constituída, em sua maioria, por planícies e vales. Os vinhedos plantados ali se beneficiam de um terroir  para a produção de vinhos de exceção. As castas mais emblemáticas da região são: as tintas, Trincadeira, Aragonês e Alicante Bouschet e as brancas, Roupeiro e Antão Vaz.

Passada a explicação partimos para a degustação dos vinhos:

Lusitano Branco 2013, das uvas Antão Vaz, Arinto e Roupeiro, produzido pela Ervideira. É um vinho agradável, fácil de beber, com um cítrico (limão siciliano) na boca. A importadora é a Caves Cruz.

EA Branco 2013, das cepas: Antão vaz, Arinto (presente na boca, acidez) e Roupeiro (herbáceo, denso). É um vinho fácil de beber, tem muita fruta e frescor. A importadora é a Adega Alentejana.

Tapada do Fidalgo Branco 2012, com as cepas: Antão Vaz e Arinto. Tem um tom amarelado. O vinho passa por madeira e é bem agradável. A importadora é a Adega Alentejana.

Dom Rafael Tinto 2010, das uvas: Aragones, Alicante Bouschet. A Alicante foi criada no Languedoc, mas os portugueses não admitem isto. Achei o tanino agressivo. A importadora é a Adega Alentejana.

Monte do Castanheiro Tinto 2011, com as cepas: Aragones, Trincadeira, Alicante Bouschet e Tinta Calada. O vinho apresenta fruta, flor, madeira, chocolate e cravo. É um bom vinho. A importadora é a Casa Flora.

Terras de Pias 2011, com as cepas: Aragones, Trincadeira e Alicante Bouschet. Ele apresenta bastante fruta (aragones) e frescor (trincadeira). A importadora é a Irmãos Seguso S.A.

Reguengos garrafeira dos Sócios Tinto 2007, com as cepas: Trincadeira, Aragones e Castelão, produzida pelo grupo Carmin. Bons aromas de banana, figo seco e terra úmida. Este é um vinho em que os sócios da empresa são os primeiros a retirarem suas garrafas. Eles escolhem os seus vinhos e deixam apenas uma parte para ser vendida. A importadora é a Casa Flora.

O interessante da apresentação é que os vinhos, na sua maioria eram bons e custavam no máximo R$100,00.

Uma das idéias da apresentação era a de mostrar, que no Alentejo, as castas portuguesas são muito utilizadas, apesar de existirem vinhos produzidos com castas internacionais.

Depois da Aula, fui para feira, onde a maioria dos vinhos era importada pela Adega Alentejana. Minha atenção voltou-se para os vinhos:

Adega Borba Branco 2013 e o Tinto 2012, que custam R$52,00 na Adega Alentejana.

Esporão Reserva branco 2013, custa R$93,00 na Qualimpor.

Tapada do Fidalgo, da EA, custa R$59,00 na Adega Alentejana.

Paulo Laureano Premium Branco, custa R$68,00 na Adega Alentejana.

Quinta do Zambujeiro Tinto, custa de R$250,00 a R$500,00.

O evento, que tem se repetido todo ano, foi bem organizado pela empresa CH2A Comunicação, de Alessandra Casolato.


Como sempre é bom participar de eventos de vinhos de Portugal, que é o país que mais divulga seus vinhos no Brasil.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Lago Bled, Eslovênia

Depois da visita à vinícola Simcic, já na Eslovênia, fomos em direção ao lago Bled, direção noroeste da Eslovênia, a 55 km da capital Ljubliana. (http://www.youtube.com/watch?v=6TQXFPoCPc4)

O lago Bled tem uma água linda com tonalidades de azul e verde, tons típicos de águas muito límpidas. Uma visão deslumbrante!

Tomamos café bem cedo no dia seguinte ao da nossa chegada e fomos até o lago, a pé, para apreciá-lo pela manhã, bem de pertinho e para ver como chegar à ilha.

Os meios de chegar à ilha podem ser feitos, contratando um remador, ou alugando um barco à remo. Como os remadores tem que esperar formar um grupo, para completar o barco, resolvemos antes, contornar o lago à pé, chegando no canto de terra mais próximo à ilha.

Este caminho é muito bonito, com várias lojas, hotéis e restaurantes. Encontramos um grupo de brasileiras que nos recomendaram ir a um restaurante ali pertinho muito bom! Fomos, vimos o cardápio e fizemos uma reserva para a noite.

Chegando no local mais próximo da ilha, aguardamos completar o barco, tomando um delicioso spirit de frutas, com um teor alcoólico de 50 graus. Uma bomba em termos de intensidade.

O barco que atravessa o lago tem um desenho, um projeto antigo, cujo remo fica na popa, servindo também de leme. Para carregar toda aquela gente, o barqueiro tem que ser muito forte!

A chegada à ilha é impactante! A cor da água ali contrasta com a vegetação local e o céu azul.

Fomos passear na ilha do lago, a única natural da Eslovênia, que foi frequentada no passado por pagãos eslavos.

Com a adoção do catolicismo, foi construída, no fim do século XVII, uma igreja de peregrinação na ilha, dedicada à assunção de Maria. Ela é decorada por rico material barroco. 

A igreja da ilha tem uma torre e uma escada de 99 degraus até atingir seu topo. Pela tradição, o noivo deve carregar a noiva, por estes 99 degraus, no dia anterior ao casamento, antes que o sino toque. Precisa de muito preparo físico para isto!

Subimos os exaustivos degraus, mesmo sem carregar a noiva, e não achei que acrescentava muito, a vista proporcionada.

A igreja tem um sino. Existe uma lenda que diz que aqueles que tocarem o sino terão seus desejos satisfeitos. Em função disto, tivemos que enfrentar uma fila razoável para badalar o sino.

Voltamos depois para o hotel, rodeando mais uma vez o lago e parando numa lojinha onde compramos um chá de frutas delicioso! Pena que não trouxemos mais dele.

Tomamos um sorvete no almoço e, com preguiça de ir ao restaurante do lago de noite, acabamos jantando mesmo no hotel, cujos pratos eram bem razoáveis. A culinária da região não faz muito meu paladar, por ser mais rústica, simples e sem grandes cuidados.

Para acompanhar o prato do jantar, tomei o vinho um vinho da Gaube, da cepa Pinot Gris, agradável e bem frutado.

No dia seguinte, fomos visitar a cidade de Radovljica, onde ficou escondida Edith Stein, durante a ocupação nazista.

Lá comemos um gostoso strudel, na casa Lectar famoso por seus biscoitos de gengibre!

À noite decidimos jantar num restaurante próximo ao hotel, chamado Panorama, perto do lago, com uma bela vista do por do sol.

Comemos um delicioso prato de lulas com verduras e batatas, acompanhado de um gostoso espumante Srebrna Radgonska Penina, extra dry, rosé. do produtor Radgonske Gorice. Esta foi uma nova experiência com vinhos não tradicionais, que tivemos. A perlasse deste espumante, no entanto, não era muito persistente.

No dia seguinte partimos para a capital Ljubliana, ainda tentando aprender a língua local.
Prossim (obrigado) pela atenção!

Eta língua complicada! 


Ficamos hospedados no lago, no Hotel Lovec: Cankarjeva Bled. Rua cesta 2, 4260 (GPS: 14°6'37"E, 46°22'2"N) (http://www.lovechotel.com/en/), cujo valor do período, com café da manhã e taxas foi de U$ 242,00 o apto duplo. O hotel fica próximo ao lago e é razoável, com um minúsculo e complicado estacionamento.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Restaurante Lapin

Fomos conhecer num jantar, o Lapin Café e bistrot, localizado em Perdizes (rua João Ramalho 766), graças a uma reportagem do jornal “A Folha de São Paulo”.

Fizemos uma reserva e encontramos nossa mesa disponível logo que chegamos.

Lapin é um restaurante charmoso, mas bem apertado, pois seu espaço é pequeno e com muitas mesas coladas. A decoração é de bom gosto, com painéis da Provence, com aquele toque típico dos bistrots.

Os pratos no Lapin são de origem provençal e variam conforme os ingredientes disponíveis a cada estação do ano. O serviço é informal e gentil, porém muito bagunçado.

Pedimos um foie gras de entrada, que demorou muito para chegar. Quando cobramos o garçom, ele disse que esqueceram e que iam preparar. Mas como o prato principal estava chegando, dispensamos a entrada.

A chef e proprietária, que toma conta da cozinha: Rúbia Coutinho, que por sinal, estagiou em várias casas e ganhou vários prêmios, resolveram então abrir o próprio restaurante.

Pedimos um Carré D’Agneau (carré de cordeiro com crosta de mostarda em grãos e legumes verdes), que estava bom e com preço razoável R$48,00.

O outro prato foi um Steak tartare (filé mignon cru picado na faca e temperado, acompanhado de batatas fritas e uma saladinha), que estava médio (R$40,00). Ainda acho que o tartar do Le Tartar & Co é imbatível.

Para acompanhar os pratos levei um vinho Anjou-Village 2010, da vinícola Domaine du Closel, que comprei na minha viagem pelo Loire. Ele se mostrou muito delicado e com boa persistência, harmonizando bem com os pratos.

Achei fraca a carta de vinhos do Lapin, porém com preços razoáveis.

A conta ficou em R$146,00, incluindo a rolha que custou R$35,00.

Apesar do espaço diminuto, que não permite privacidade, pretendo retornar ao Lapin, pois os pratos oferecem boa relação custo benefício.


Ao final do jantar ganhamos uma caixinha com macarons como pedido de descuplas pela confusão do foie gras. Isto foi gentil!

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Di Lenardo, vinícola do Friuli Italiano

Eu conheci os vinhos da Di Lenardo numa liquidação da World Wine.


Foi lá que comprei e gostei do seu Merlot: Just Me.
Todos os vinhos da Di Lenardo tem nomes interessantes e estranhos.


É um produtor moderno.


Uma das poucas regiões que não conhecia da Itália era o Friuli.


Como em 2014 pretendia ir ao norte da Itália, resolvi conhecer o Friuli e aproveitar para visitar a Di Lenardo.

Entrei em contato com o Tom, vendedor da World Wine, que conseguiu para mim, uma visita à cantina.

Fiquei hospedado em Udine e de lá, fui para a vinícola.

Fui recebido pelo próprio dono, o simpático Massimo Di Lenardo, na sua cantina, muito organizada, praticamente impecável.


Ele gentilmente nos levou a conhecer algumas de suas plantações, onde as minúsculas uvas já apareciam nos cachos.

Voltamos à cantina, onde perguntei ao Di Lenardo, quem era o seu enólogo e ele me respondeu, com toda propriedade e segurança: Sou eu.


Disse também Di Lenardo: Eu não sou perfeito, mas me assusta o quanto perto estou de ser perfeito.

A vinícola dele produz vinhos de qualidade, proveniente de uvas, que vem de suas próprias parreiras, na região de Ontagnano (UD), situada no meio do Friuli.

Fisicamente as plantações e a adega ficam na área do Friuli DOC Grave e Aquileia, produzindo vinhos muito particulares, diferentes dos outros da região.


A sua família cultiva vinhas na região há muito tempo, porém só em 1987 conseguiu atingir um grande padrão de qualidade.

As uvas são colhidas à mão e depois passam por refinados métodos de produção, baseados em princípios físicos e temperatura controlada durante a fermentação.


Depois de conhecer a adega, onde apenas um vinho passa por barrica, fomos à sala de degustação.

Lá, Di Leonardo nos serviu pessoalmente, os vinhos que tive interesse de conhecer, começando pelo espumante:


O Sarà é um espumante feito pelo método clássico, com as uvas: Pinot Bianco e Chardonnay (10%). Ele sofre um processo de segunda fermentação em garrafa por 24 meses.


Partimos então para a linha Cru dos brancos, sendo o primeiro denominado Gossip, que é feito da cepa Pinot Grigio Ramato. Ele é fermentado com as peles das uvas em cubas de inox.


O seguinte foi o Pinot Grigio, da linha Monovitigno, que é fermentado em cubas de inox, com processo malolático.


Da mesma linha provamos o Sauvignon Blanc, usando uvas oriundas do Friuli e um clone de Sancerre, fermentadas em cubas de inox.


Partimos então para os tintos, começando pelo Refosco, cuja uva é fermentada por 10 dias com sua casca (malolático).


Terminamos os tintos com o Ronco Nolè, que é o único vinho da vinícola que passa por barricas de carvalho americano (12 meses). Ele usa as cepas: Merlot (50%), Refosco (25%) e Cabernet. A fermentação, com a pele das uvas dura 15 dias (malolático).


Concluímos a degustação com o vinho doce Pass the Copkies Bianco Passito. A uva fica secando por 3 meses  e é fermentada em tanques de inox.


Os vinhos provados estavam muito bons, de forma que me convenceram a levar um Passito e um espumante para o Brasil.

Ainda fomos presenteados com camisetas da vinícola e um maravilhoso livro de iguarias do Friuli.


Continuo com a opinião de que, sempre que possível, devemos escolher visitas a vinícolas onde o dono está presente. A visita é muito mais agradável e em geral, percebemos o amor daqueles que cuidam de suas produções!


Agradeço à World Wine que me permitiu a visita e ao Tom, que sempre me atende bem na sua loja da rua Amauri.

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